quinta-feira, 4 de junho de 2009

GILBERTO FREYRE E OS “CÃES DE GUARDA” DE SALAZAR:


A TRAJETÓRIA DO LUSOTROPICALISMO NAS PRÁTICAS INSTITUCIONAIS DOS IDEÓLOGOS DO COLONIALISMO PORTUGUÊS

NAS DÉCADAS DE 1940 - 1960

João Alberto da Costa Pinto (Universidade Federal de Goiás/Doutorando em História na UFF)

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Estado português procura uma nova definição estatutária para a caracterização de suas colônias espalhadas pela África e pela Ásia. Salazar sabia que se não tomasse providências urgentes naquele momento de redefinição do desenho geopolítico internacional, os espaços coloniais portugueses poder-se-iam encontrar em situação dramática diante das novas concepções liberalizantes (1) dos autonomismos nacionalistas, que formuladas na década de 1940 se consumariam pela década de 1950, estendendo-se até fins da década de 1960.

Salazar, no poder desde 1926, instituíra práticas de Estado para um novo Império. O velho Império das “glórias” camonianas dos séculos 16 e 17, era revivido anacronicamente em pleno século 20 pela gestão salazarista do novo Império. O novo Império procurou também a sua essência nas práticas “civilizadoras” da velha conquista colonial. Não buscou novas colônias, mas sim colonizar efetivamente aquelas que já lhe pertenciam há séculos. A marca emblemática de tais práticas aparece em 1930 como apêndice da Carta Constitucional, trata-se do Acto Colonial. Nesse documento sumariavam-se os conceitos e os gestos institucionais do Estado português com as suas colônias. O Império e suas Colônias. Assim Salazar institucionalizava, na década de 1920 e ao longo das décadas seguintes, a grandeza “sofística” do Império Português. Através de práticas de concessão (no jogo diplomático, sujeitando-se a interesses geopolíticos da Inglaterra e dos EUA), Salazar conseguirá manter ao longo da Segunda Grande Guerra, incólumes, as fronteiras do Império. E, diante dos novos tempos, que o pós-guerra estava a impôr ao mundo, Salazar, via-se na contingência de mudar. Mudar para que tudo ficasse como estava. CONTINUA...