sábado, 15 de novembro de 2008

"DO TEJO GRANDIOSO AO ZAIRE PODEROSO" Poema épico

foto: © Blog da Rua Nove

CANTO I - "DO TEJO GRANDIOSO AO ZAIRE PODEROSO" -(65 estâncias)-

1)-
Não pretendo cantar lutas gloriosas
Desses antigos reis e outros senhores,
Já gabadas em versos e altas prosas
Por alguns de mais rápidos louvores,
Mas sim aquelas duras,perigosas,
As mais negras, sem fim e sem favores,
Desses aventureiros de espantar
Que venceram as terras e o alto mar !

2)-
Olhos ténues do céu azul e distante
Que sois luzes de estranhos universos,
Eis,bem erguida, minha lira sonante
Pra relatar por estes pobres versos
Quanto labotou o luso navegante
Nestes ocidentais rincões imersos,
Bem longe, nas lonjuras tão profanas
Das seculares costas africanas !

3)-
Apenas pra os de triunfos merecidos
E que, de pó,seus feitos silenciosos
Estavam já cobertos ou sumidos
P'la pata de inimigos temerosos,
A eles, de tantas lutas esquecidos,
Louvo a Calíope, para que animosos
Vibrem os seus, em som alto e mais forte
Contrariando os caprichos d'outra sorte!
..............................................

28)-
"Não pudera ser maior essa alegria
Para quem sem maldade oferecia tanto :
- Manicongo,com certa fidalguia
Tomava da sua terra,doce encanto,
Pelos peitos de RUI assim a escorria,
Fazendo-o aos seus,sem qualquer manto,
Graça de que só eram merecedores
Os que se mostravam veros senhores.

29)-
Largos dias de alegria reinou na corte
Do alto senhor do Congo agradecido,
Sendo recompensado em rara sorte
Pelas mercês que ao rei tinha pedido.
E,antes que lhe pudesse dar a morte
Ou receoso mas lutas ser vencido,
Quis logo tomar a hóstea consagrada
Que de tal era a força já mostrada !

30)-
E ainda não estando pronta a lusa igreja
Nos reais paços a gente se reunia;
Com grada devoção e mais singeleza
O braço da amizade se estendia.
Cada um teve seu título e nobreza,
Coisa que até ali nunca se fazia,
E,usando um modo fácil,certo ardil,
Viriato antigo obtinha o metal vil.

31)-
Todavia os laços santos pior corriam
Porque os sobados nunca aceitavam
Dispensar as mulheres que possuiam
E que em certos aspectos ajudavam;
Os da nova Ordem tal cousa puniam
Pelo que muitos logo os criticavam,
Em gestos demonstrando o pensamento
Que menos seguro era o fingimento.

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63)-
Mas ainda abaixo tinha ele chegado
Passando por um golfo, rumou à terra,
Onde o último padrão foi colocado,
Que já bastante pelos seus fizera !
P'ra frente nem podia ter continuado
Arriscando naquela Parda Serra,
Ponto extremo,onde ficou constrangido
Por não ir mais além quanto havia querido.

64)-
Vindo de volta, por seu grande feito,
Cansado estava o duro lusitano;
Em Yelala parou mais satisfeito
Visto que para a armada não havia dano;
E numas altas pedras,junto ao leito
Uns nomes lavrara em mais do que um plano :
- Dos mortos, com respeito os escrevia,
Em memórias que nunca se esquecia!

65)-
Estavam alcançados os objectivos
Que um Infante por Sagres estudara
Num alto,sobre o mar,lendo os motivos
E o que o horizonte distante ocultava :
- Outros Mundos e Povos primitivos
Que mais por diante tanto procurara,
Estando longe o sonho principal
De aumentar tanta glória a Portugal !

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-- ANOTAÇÕES: - Estância nº 1) - Referência ás inúmeras obras de historiadores e poetas,em especial "Os Lusíadas", de Luis Vaz de Camões(1524/1580)--
- 2) - Invocação a Calíope,musa da poesia épica e da eloquência. --

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CANTO II - NO REINO DO CONGO - (171 estências) -

1) -
Os negros barulhentos, todos ledos
Na festa com que os lusos recebiam,
Por vencerem as lendas e alguns medos
Das tantas terras que, vendo, possuíam,
Entre si, com recato e alguns segredos,
Mais dobrados cuidados lhes faziam,
Sem esconderem seus tratos e modos
Dum apreço e respeito dados a todos.

2) -
Em tão gratas mercês deles ficavam
Que deixar sair ninguém desejaria,
Pretendendo aprender quanto ensinavam
Do seu muito saber, fé e valentia.
Por diversos locais tambores soavam
Convidando ao batuque a negraria,
Cada qual em seus trajos mui variados
E aos outros parecendo desusados.

3) -
Corpos cobertos só das baixas partes
Com troncos nús e braços musculosos,
Outros fêmeos, gentis, de finas artes
Dançavam e saltavam mui graciosos,
Fazendo certas coisas sem desastres
Com pulos, gestos, gritos estrondosos;
O visitante espantado ficava
E,de certo modo, isso não admirava!
........................................

56)-
Com uns mestres de letras embarcavam
Muitos outros artífices variados,
Que da usança de cunhos ensinavam
Cos símbolos antigos respeitados.
Uns dos profissionais que lhes ofertavam
Para erguer uma igreja eram mandados,
Guardando-se os tesouros escolares,
Conforme seu desejo, em bons lugares.

57)-
Afonso melhor casa recebia
Para gozar saúde e seu sossego,
Folgando dos trabalhos que fazia
Entr'uns malvados sem qualquer apego;
E pelo bem das normas olharia
Sem os deixar sair do natural rego,
Não havendo mais dinheiros emprestados
A quem pedia pra não serem cobrados.

58)-
Voltavam os navios logo refeitos
Compensando despesas antes gastas :
- Ia o alvo marfim e tantos negros peitos
Com outras coisas,quais as mais nefastas !
Muitos estudos foram assim feitos
Em todas terras já por si mais bastas
Como outras sempre tanto apetecidas,
Supostas dum metal bem fornecidas.

59)-
Por Simão,el-rei mandara esclarecer
Dom Afonso bastante agradecido,
Que devia uma embaixada promover
Para em Roma ser mui bem acolhido.
Seu filho as bençãos iria receber
Que ao Sumo aconselhado tinha sido,
Porque lhe merecia tal distinção
Quem nas obras punha bom coração.

..............................................

120)-
Mas destas coisas tanto havia sofrido
Que sua vida ir mais longe se negara
E com ele o povo andava perdido
Com o quase nada que se aproveitara;
Leis do Reino e da Fé havia cumprido
Co ardor e sofrimento que aceitara,
Sem justa recompensa receber
P'lo respeito que havia de merecer.

121)-
Não foi mais feliz o outro sucessor
Pois tudo cada vez mais se agravava,
Perante a sua fraqueza e o seu temor
Contra ele uma revolta rebentava.
Soaram gritos da luta com ardor
Que aos iberos e aliados ppreocupava;
Cruzaram-se as zagaias co'a gritaria
Que das turbas ferozes se fazia.

122)-
Em fugida, ganhando na escalada,
Vencedores em cima de vencidos,
Nada poupavam nessa debandada
Em que se safavam alguns atordoídos.
Nem rei,nem sua família foi poupada
Bem como os que lhes eram mais queridos,
Degolados p'las gentes esquecidas
De quantos lhes sanaram as feridas !

123)-
Seguiu-se outro incapaz nessa chefia
Desleixado dos costumes sagrados
Pra que com tanto custo e garantia
Alguns lusos cristãos foram mandados.
Na política e fé não houve valia
Surgindo lutas de todos lados;
Com prejuízos para a população
Ficavam os problemas sem solução.

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169)-
Em breve chegam a um entendimento
Cada qual protegendo suas fronteiras,
Não deixando que um qualquer elemento
Lhes mostrasse escondidas maroteiras,
Ou tivessem negócio em pensamento
Levando as fêmeas pr'as suas esteiras;
E pra em melhor descanso sua alma estar
Uns santos capuchinhos deixava entrar.

170)-
Ginga chega porém a novo pacto
Com o luso governo agradecido,
Ficando Dom Garcia assim estupefacto
E sem saber em que andava metido.
Seu sucessor causara forte impacto
Não tendo a dita trégua compreendido;
Bem contrariado e rápido avançando
A desafiar Sequeira e seu comando.

171)-
Em Ambuíla, a memória não esqueça,
Tentara cada qual bom resultado,
Mas o Congo perde sua cabeça
Logo andando cada um para seu lado!
Antes que nela o real sangue arrefeça
Com honra esse troféu era sepultado.
Uns lusos de ambas partes ali havia
Mas o Reino depressa sucumbia !
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CANTO III - NO REINO DE ANGOLA - (108 estâncias) -

1) -
Do Congo ao Cabo o Reino estava
Em cada dia alargando a sua fronteira,
Engolindo outros sobados, andava
Juntando tributos d'outra maneira.
Desse,que antes de Ndoango se chamava,
A Angola dava a palavra primeira,
Assim sendo para sempre conhecido
E por aquele senhor protegido.

2)-
Uns antigos os quimbundos combateram
E em seu lugar ficaram instalados,
Depois, ainda os anzicos submeteram
E tomaram as rédeas desses lados.
Um, N'gola Inene, que antes conheceram,
Seria dos angolanos iniciados
O que mais terras depois conquistara
Formando um Reino que em grande tornara;

3)-
Um que de ferrador tinha alguns jeitos
E aos seus queria com muito coração
Teve cuidado com valiosos peitos
Livrando-os da mais rude privação.
Por todas essas coisas satisfeitos
O buscaram para a nova Nação,
Designando-o po N'GOLA, rei primeiro,
E mais Mussuri, nome verdadeiro,
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64)-
Convindo novos postos alcançar
Pois que já andavam fora do comando,
Uma guarnição teve de avançar
Utilizando o férreo e bruto mando.
Logo um fortim tiveram de elevar,
Nada valendo andar sempre bufando;
Mas,achados nas praias em distração,
Massacrados ficaram sem perdão.

65)-
Nascia Calumbo,nova povoação,
Assentando mais bases para a luta,
Fazendo com disfarce a infiltração
Às terras da prata ainda escura e bruta.
Outro Branco tomava a direcção
Adonde o Negro Cabo se disfruta;
Ali maior decepção havia de sofrer
Por nada encontrar para se colher.

66)-
Era tudo de areias,dunas sem fim,
Terras do Namibe, árido deserto,
Que só raro animal,cacto ou capim
Ali podia viver a descoberto.
As verduras que viam, num ínterim,
Deles logo fugiam, ao chegar perto !
- Era a sede e o calor que davam vidas
Aos sonhos e miragens repetidas !

67)-
Uma traição, das muitas conhecidas,
Quebrou as boas relações dos soberanos :
- Punindo o capitão normas proibidas
Ordenara prender uns desumanos,
Os quais,com razões falsas,escondidas,
Não ficaram à espera d'outros anos,
Antes seguindo, pérfidos,fugidos,
Ao Ngola ofertando uns planos sabidos.
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81)-
Obtida foi p'los lusos a vitória
Chamada de Candeias pelo dia que era,
Ficando muitos anos na memória
Pois a fugida gente não a esquecera.
Cortaram os narizes pela glória
Em triunfo que ninguém assim prevera,
Restando pelos campos,estirados,
Muitos corpos em tal forma truncados !

82)-
A luta fora trágica,danada,
Que nunca mais viria a ser esquecida,
Folgando depois em terra tomada
(Por Massangano seria conhecida).
Com a ajuda por vários ali dada,
Levando os inimigos de vencida,
Instalaza-se a paz nessas regiões
Obtida com a força e sem sermões !

83)-
O capitão instalado sem mais dano
Pedia socorro ao novo monarca,
Mandando Velez e outro todo ufano
Que prestes,temeroso,logo embarca.
Queria auxílio,mas como a guerra do ano
Contra os danados mouros deixou marca,
Teria de renovar noutra ocasião
Que nessa não lhe podiam dar a mão.
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.........................................
105)-
Numa penosa marcha,em retirada
Pra Massangano, forte salvador,
Logo se apressou a tropa ali sobrada,
Rosto em sangue, gemendo tanta dor !
Antes pedem pra Loanda melhor guarda
De que Luiz Serrão nem lhe vira a cor,
Findando a donatária recebida
E surgindo uma outra medida.

106)-
Ainda assim o entendera um licenciado
Que do Brasil irmão ali tinha vindo,
E de fortes medidas do seu agrado
(As brandas nem estavam mais surtindo):
- Seria de escravos e ouros bem saldado
Para co real erário, quase caíndo,
Compensando os metidos em panelas
Que nas guerras tomavam parte delas.

108)-
Outras havia,porém,suaves,humanas,
Terminando atitudes gananciosas,
Trocando uns padres causas mais tiranas
Por lei justa e medidas proveitosas,
Porque era sua missão todas semanas
Alimentar as almas duvidosas
E ainda seus corpos fracos,muito doentes,
Forçados p'los senhores insolentes.
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CANTO IV - O GOVERNO GERAL - (113 estâncias) -

1) -
No ano noventa e dois, sendo Janeiro,
Foi nomeado pra Angola outro gestor;
Vinha c'o ilusões e homens,bem lampeiro,
Sendo um ilustre e mui rico senhor.
Teve boa recepção, sendo o primeiro,
Nem se sabendo qual o seu valor
Porque às gentes surgia como um estranho,
Vindo que era das terras doutro amanho.

2) -
Mas o modo de sua governação
Causou protestos dalguns contrafeitos,
Feridos no interesse e na feição
E pelos quais houvera bons proveitos.
Surgia deles um padre, com acção
Alegando os haveres e direitos
Ganhos em anos de muitas canseiras
E para outros o fim das suas asneiras!

3) -
Duvidando por onde a razão andava
E sendo tantos falsos, intriguistas,
Deixou tudo ficar como ali estava
Aguardando a sentença dos legistas.
Cada soba uma nova causa dava
Sendo apoiado com largas, santas vistas,
Por certos padres que ali comandaram
E quase por si também governaram.
.............................................

72)-
"Havia chegado a boa nova do Oriente
Sobre Xavier, que a Santo era elevado,
Pelas causas obradas,sempre crente
E sem nenhuma sombra de pecado.
Surgia,como por mola,muita gente
Reunida pelos lados do Bispado,
Ali largando fogo bem vistoso
Que nisso fora o povo generoso.
..........................................

73)-
Os clarões majestosos pelos ares
E formados de vários,belos tons,
Iluminaram rápidos os olhares
Enchendo os arredores de fortes sons.
Haviam construido os mais ricos altares
Cheios de metais caros,alguns bons,
Onde,com certos ares de vaidade,
Se instalavam os grandes da cidade.
..........................................

74)-
Nas fortalezas,rudes,os engenhos,
Apoiavam o governo autorizado,
Troando com calorosos sons rufenhos
E abafando o outro fogo em tom variado.
Ao largo, conhecidos,velhos lenhos
Que à manifestação se haviam juntado,
Lançavam uns petardos coloridos
Que os povos botavam estarrecidos !
..........................................

75)-
Outros festejos mais iam preparando
Por ser ainda nas vésperas do dia,
Mas prestes tudo estava caminhando
Com as faltas que nesse tempo havia.
Da Figura do Santo ali cuidando
Com expressão que real mais parecia
E com discurso bem esclarecido
O ateu ficaria logo comovido.
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80)-
"Desfilavam na frente feios gigantes
Em suas arrogantes estaturas,
Deixando alguns indígenas errantes
Mais temerosos com as tais figuras.
Outros, de dimensões pouco importantes,
Eram os filhos,plenos de farturas,
Todos alçados,bempostos,vestidos
Com diversos e válidos tecidos.
...........................................

81)-
Depois, as santomistas bem ligeiras,
Ganhando admiração e fortes aplausos,
Passavam orgulhosas,altaneiras,
Inchadas de valor ou de outros casos !
Diante o cortejo, as danças verdadeiras
Com tecidos brilhantes,sem atrasos,
Iam fazendo com graça voltas,rodas,
Exibindo cada uma co suas modas.
.............................................

82)-
A grande nau que o Santo transportara
Noutros tempos às partes orientais,
-(Por estranhos milagres o salvara
De se finar nas águas cos demais) -,
Uns estrondosos tiros dispersara
Assustando os medrosos naturais,
Que por misteriosa e fera a fazia
Não sabendo das causas que a movia !
.............................................

83)-
Na cauda vinha a dança das espadas
Seguida pelos rápidos pastores,
Manobrando mudanças combinadas
Com o agrado dos amos e senhores.
E seguiam outras bem mais preparadas
Representando válidos valores,
Fazendo-se por serem tão vistosas
Para ganharem moedas mui valiosas."

............................................

87)-
"À frente, a Europa, tão formosa e bela,
De pérolas coberta a cabeleira,
Trazia por de sobre elas u'a capela
Toda em flores de dourada maneira;
E dos ombros marmóreos,fina estrela,
Desnudos um pedaço na dianteira,
Viam-se seus seios,forma bem perfeita,
Numa sedução mais insatisfeita !
...............................................

88)-
Adiante,os mantos divinais pendentes,
E com graça senhoril segurados,
Caindo p'los braços belos,mais atraentes,
Roçavam finos pés bem afagados.
E na esbelta cintura,indiferentes,
Lindos colares,ricos e apertados,
Salientavam seus dotes bem perfeitos
Só pela Natura sábia mais eleitos.

89)-
As outras damas bem ornamentadas
Entoando loas e músicas sabidas,
Vinham em cores ricas e variadas
Por elas a seu gosto preferidas;
E as virtudes ao Santo consagradas
Iam no mesmo carro ali reunidas,
Com simples vestes bem menos ligeiras
Mas a seu livre gosto e boas maneiras;
.......................................

90)-
Puxando o dito as belas e gostosas.
(Digna guarda,honrada e protegida),
Vinham pelas Nações,as mais valiosas
Esforçando-se pela doce vida,
Além das naires,lindas e formosas,
Todas contentes por terem guarida,
Tratando dolorosos ferimentos
Em cautelas e certos fingimentos.

91)-
Com as tranças de pérolas brilhando
Por dentro da mantilha em escalate,
Seguia Malaca em passos,desfilando
Com estilo estudado e sabida arte;
Os cabelos p'las costas adejando,
Ou tapando na frente bela parte,
Eram cobertos de esmeraldas finas
E rematados entre serpentinas !
...............................................

108)-
Nos subidos altares enfeitados
A Figura ficou em contemplação
Pelos crentes nos baixos ajoelhados
Em respeitosa e santa posição.
Vários arcos metálicos,armados
Com frutos de natural formação,
Circundavam os quadros dos eleitos
Só visíveis em tão grandes respeitos.

109)-
Um enorme castelo a meio situado
Já repleto de bombas,buscapés,
Deitava lindas luzes com mui agrado
Pelas bordas que estavam de revés.
Tinham os estudiosos ajudado
Largando muito fogo e dando aos pés;
E pela oitava ao Santo concedida
Deitaram todo o resto de fugida !

110)-
Não bastando porém as ígneas feras
Que alegria e medo punham ao sujeito,
Outras coisas mais calmas e sinceras
Suavisavam com doce e melhor jeito.
Belas canções e glosas mais austeras
Entoavam para alcançar melhor preito,
Desejando ficar co'as primazias
E receber de Mendes honrarias;

111)-
Que decerto o melhor fizera
Em trabalhos que aos outros agradara;
Pelo seu bolso u'a parte compusera
E de ver representar mui gostara.
Mas em outras oitavas mais houvera,
Correndo touros, que muito espantara,
Com músicas e danças divertidas
Em largos gestos d'arte dirigidas.

112)-
E Mendes filho atrás não lhes ficara
Com uma peça muito bem ensaiada,
A quando Xavier aos lusos salvara
Numa fera luta em Archens travada.
Aplausos no Colégio conquistara
De gente numerosa e regalada,
E de bom modo a festa se acabou
Com a ordem e paz com que começou.

113)-
Tudo o Santo lhes pagaria por certo
Em bençãos que antes já eram pretendidas,
Sendo incauto premiar o mais esperto
Deixando para os outros só as feridas.
Pelos antigos reinos, em céu aberto,
Todas suas pregações foram ouvidas,
Razão dos muitos gastos que operaram
Em despesas que não se limitaram !
......................................

----- CANTO V - A GRANDE GINGA - (63 estâncias) -----

1)-
Vasconcelos, pra Angola fora eleito
E logo toma posse de sua herdade,
Só seguindo mais tarde ao duro leito
Quer fosse p'lo receio ou pouca vontade.
Evitando um perigo ou algum mau jeito
Com holandeses sem qualquer piedade,
Tivera de fazer um melhor plano
Dispondo armas e homens com menor dano.

2)-
Os tributos ao reino destinados
P'los diversos caminhos se sumíam,
Por uns padres e chefes controlados
E que entre si essas coisas discutiam;
Despertados de sonhos, enganados,
Que com promessas vãs os iludiam,
Passaram a explorar as novas fontes
(Que andavam as cabeças ali as montes!)

3)-
Entre eles as discórdias aumentavam
Repondo em lutas pérfidos rivais,
Pois que dos mesmos meios todos usavam
Esquecendo de pronto tudo o mais.
A paz com alguns sobas negociavam
Para alcançar daqueles naturais
Auxílios necessários nas suas guerras
Com as quais se ganhavam as boas terras.

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11) -
Com grandes recepções, bem preparadas,
Reposto mais cuidado em certo trato,
Foram com um agrado encaminhadas
A quem não lhe faltava certo tacto.
E de um vistoso séquito amparadas
Em finos trajes, com rude recato,
Causavam no meio muita admiração
Não sendo vulgar tal ponderação.

...........................................

12) -
Altiva,Ginga logo que notara
A falta do seu assento reservado,
Uma jovem escrava ali prostara,
Joelhos no solo,dorso bem dobrado,
E sobre a dita então logo sentara
Ficando todo o tempo ali passado
E deixando-a estar quando levantou
Que ao memsmo banco nunca regressou !

...........................................

13) -
E já depois de ser obtida a paz
Por entre todas partes aí reunidas,
A conversão ali se tornou capaz
Entre preces solenes e subidas.
E pela benção santa mais vivaz
Titulares funções foram cedidas,
Porque enganar é fácil a vaidade
Quando se cuida não haver falsidade.

14) -
Para o distante Ngola agradecido
Levam elas diversos,bons presentes :
- Sistema velho, mas sempre sabido,
De subornar as mais escuras gentes !
E, de quanto ficou ali esclarecido,
Mandaram parte aos seus dois dirigentes,
Sendo que um em Castela residia
Vendo de longe quanto se fazia.

..........................................

24) -
E logo a esperta rainha podia uns padres
A Vaz que, pelo rei fora mandado,
Indo fiados e cientes das verdades
O pobre do Pacónio e outro,Vogado.
Porém,em vendo as tristes realidades,
Pretenderam logo outro combinado,
Devendo antes escravos entregar
Com o que a dita não havia de aprovar.

25) -
Então, fingindo enviá-los a uma feira
Que algum sobeta aliado promovia,
Outra coisa escondia dessa maneira
Que só escravos guerreiros ali havia.
Defronte a soberana mais matreira
Novo grupo em socorro aparecia,
Assim caindo Leitão e outros na cilada
Com esperteza e astúcia preparada.

26) -
Ganhando Ginga a luta ali travada
Ocupou umas ilhotas do rio Quanza,
Sendo p'la enorme corte real rodeada
Cada vez reforçando mais sua banza.
Desejava porém ser desculpada
Pelas razões daquela feia vingança,
Mas,como se informara Landroal,
Preparava de novo certo mal.

27) -
Fernão aplicava rápidas medidas
Escutando o Conselho em conferência;
Seguiam as lusas tropas aguerridas
Enfrentanto algum poovo com urgência.
Juntaram muitas gentes escolhidas
Das qu'andavam p'lo interior em falência,
Sendo melhor haver boa precaução
Que,enorme,devia ser a multidão !

.........................................

61) -
Em muitas represálias e vinganças
Esse glorioso Reino se extinguia
Depois de tantas e alvas esperanças
Que vidas inocentes consumia.
Assim resultou nessas vãs heranças
Em fracas mãos de quem não competia,
Desejoso das fáceis pretensões
Que não bastam para cuidar das nações !

62) -
Mas Amona tentara envenenar
Cavazzi, dedicado dessa rainha;
As damas da corte dava pra trocar
Por vinhos e alimentos que não tinha.
Surgira Diogo para governar
Mas sua cabeça nem ali sustinha
Perante o cutiloso e cruel jaga
Que nem o tempo um ódio tal apaga.

63) -
Nem D.Luis consegue sobreviver
Tal o poder do válido guerreiro
Apossado de novo do poder
Que em Matamba tivera, desordeiro!
Foi Gutteres depressa a combater
Cercando-o numa igreja, prisioneiro;
Dali saindo p'lo escuro,assustado,
Sem nada lucrar, sendo degolado !
..............................................

- CANTO VI - O DRAMA DA ESCRAVATURA - (75 estâncias) -

1) -
Muitos escravos foram retomados
Que eram vendidos em boa quantidade,
Sendo para novas terras embarcados
Que deles havia lá necessidade.
Mas os poderes régios contrariados
Logo os mandavam de volta à sua herdade,
Sendo caso de má e desleal conduta,
Não fosse obra feia, de filhos de puta!

2) -
Não era por Dom Henrique ou sua alegria
Que em escuros negócios se metessem,
Sendo antes para Cristo e a Santa Pia
Todos quantos a Nova ali quizessem;
Amolecendo as mentes pretendia
Evitar que outros piores ali viessem
Colher frutos em tão enorme fartura,
Que uma vida fácil nem sempre dura!

3) -
Em tendo aquele campo bem semeado
Seria farta e válida a colheita
E,próximo do tal reino ali buscado,
Uma outra melhor já havia de estar feita.
Pra tanto era o caminho procurado
Em naus que o Índico rápido rejeita,
Se outra solução não fora a escolhida
Que era a vela,mais fácil,sumetida.
....................................................

44) -
As guerras,pela Europa ensanguetada,
(Povos contra si todos revoltados),
Afastavam do mar a força ,irada
Na defesa dos montes ocupados.
E mais lucrava a malta interessada
Em escuros negócios,desejados,
Mandando negros pra onde eram escassos,
Havendo nesses Reinos tantos braços !

45) -
Por isso o Desejado,mui prudente,
Regulara com lei sua,bem medida,
O modo legal pra cativar gente
Que nas guerras ficasse aqui apreendida.
Antes, a outro ordenara na sua frente
O que fazer na terra concedida,
Deixando aos santos mestres boa vantagem
E impondo a muitos sobas vassalagem.

46) -
Paulo Dias, com poderes concedidos,
Acordava contratos mui rendosos,
Em "assientos" por si estabelecidos
Com os Filipes,também cobiçosos.
E muitos outros já nisso iam metidos
Esquecendo os terrenos trabalhosos,
Preferindo repousado viver
Que lhes desse mais válido prazer.

47) -
Primeiro desprezavam uns metais
Que só valor limitado antes possuíam,
Mas, os escuros povos e os demais,
Para não serem vistos,os encobriam;
A tais pontos os câmbios ainda mais
Do que o falado máximo subiam
C'o espanto de causar perturbação,
Colhendo o inquiridor nova lição.
.....................................

73) -
Com os zimbos e búzios escolhidos
Por gentios em negócios satisfeitos,
Ignorando os escândalos,perdidos,
Que depressa dariam maiores proveitos,
Voltavam os danados convencidos,
Cheios de lucros ganhos sem direitos,
Obtidos com feios modos,comerciantes,
Mais deixando alguns negros bem radiantes!

74) -
Outros, Campo e um Martel, bem preparados,
Com enormes riquezas se abotoavam,
Pelos muitos escravos transportados
Das costas Índias, em que os esperavam
De volta c'o ouro e prata carregados,
Que os mais antigos mestres facultavam
Sendo tratados de modo especial
Porque o sonante abafa todo o mal !

75) -
E sentado num Cabo pedregoso
Estava o negro ancião se recordando,
Cos olhos no horizonte,bem receoso :
- Quantos filhos seus foram transportando
Certos negreiros pra um fim duvidoso,
Sob controle de pérfido comando,
Sem esperanças de os voltar a ver
Em seu mais triste e trágico viver ?!...

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CANTO VII - DOS ATAQUES HOLANDESES À RECONQUISTA - (103 estâncias)-

1) -
Os mares muito turvo se tornavam
Por algumas escuras, feias razões,
Doutros que o rico Reino desejavam
Cheios de cobiça e ódio de ladrões;
Para o interior as tropas não marchavam
Poupando as fracas forças e os canhões,
E,deslocando-os antes para as costas
Protegiam-se das naus ao largo expostas.

2) -
Da outra banda dos mares oceânicos
Chegava triste nova de espantar,
Que plebes calmas já punha em pânicos
Das coisas que por certo se iam passar:
- Velas grandes, tamanhos titânicos,
Preparavam-se para os atacar !
Sendo fraca a defesa residente,
Temerosa se punha toda a gente,

3) -
Mas, suspendendo um pouco essa eminência
Os reservados, cautos holandeses,
Sabidos da possível resistência
Comum em muitas lutas e revezes,
Prosseguiam com mais pérfida violência
Sobre alguns desses pobres camponeses,
Sondando talvez aos poucos os caminhos
Pra ver que haveria entre esses ninhos.
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28) -
O peso estranho já os incomodava
Pressentindo-se certas realidades,
Que toda gente séria murmurava
Noutras maiores e vãs dificuldades.
Do reino principal então chegava
Socorro e tropas de boas qualidades,
Mas,contrariando alguém tal atitude,
Talvez por ver nos outros mais virtude !

29) -
E de Benguela, rápido um enviado
Para saber das novas escolhia,
Que foi p'la hoste porém logo apanhado
Seguindo o rumo que ela levaria.
Nesse Quicombo,já em versos cantado,
Ao desembarque então procederia,
Indo para o presídio protector
Onde resistiam com muito valor.

30) -
Contudo a sorte foi.lhes contrariada
Nas lutas frente aos jagas conhecidos
E de força guerreira bem formada
Sendo disso desde há tempos sabidos.
O destino da vida atormentada
Desviara um natural desses fugidos :
- Nem se sabendo ao certo as suas razões
Seguira a dar parte aos novos patrões.

31) -
Concluidas essas guerras se instalavam
Superando as obrigações impostas,
E as raízes de uma nova classe armavam
Vergando com o peso velhas costas;
As povoações melhor assim ficavam
Ocupando com paz ricas encostas;
Procedendo ao contrário,se dizia,
Que o gentio ledo a todos mataria !
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100)-
Como Correia de Sá não concordasse
Procuram os ditos um outro amanho
Mas sem cuidar que o luso com disfarce
Mostrava um poderio de mais tamanho :
Bem antes que o inimigo se adiantasse
Finge o general seu valor de antanho,
Descendo a terra todos seus soldados
Tendo a bordo espantalhos espetados !

101)-
Logo alcança o fronteiriço e alto Penedo
Levando quanto surgia p'la frente,
Os forte toma e ocupa de arremedo
Que a coragem fazia aumentar a gente!
Em fuga alguns se botam bem mais cedo
Cuidando noutra forma diferente,
Com os fogos danados incendiando
Tudo o que por ali iam abandonando.

102)-
Restava por refúgio a fortaleza
Que o encorajado luso ali arremete,
Defendendo-se então a cercada presa
Mas que sem forças já pouco acomete.
De novo Salvador com mais firmeza
Se prepara para honrar seu galhardete,
Quando nota no alto mastro a bandeira
Agora branca, em vez da desordeira !

103)-
"Abre-se a porta" dessa "cidadela"
Saindo os vencidos bem envergonhados,
Em número maior e em vária farpela
Entre alas dos vencedores formados.
Metidos depois numa caravela
Dali são pra sua terra despachados,
Enquanto por toda a costa angolana
Ardia de novo a flama lusitana !

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VOLUME II -- "DO ZAIRE PODEROSO AO CUNENE MISTERIOSO" --

- CANTO VIII - "A RESTAURAÇÃO DOS REINOS" ...... 71 Estâncias -
- CANTO IX - "A INFLUÊNCIA BRASILEIRA"........ 72 Estâncias -
- CANTO X - "A INEVITÁVEL EVOLUÇÃO".......... 72 Estâncias -
- CANTO XI - "NOS REINOS DO SERTÃO" .......... 59 Estâncias -
- CANTO XII - "A COBIÇA INTERNACIONAL"......... 94 Estâncias -
- CANTO XIII - "OS CAMINHOS DA LIBERTAÇÃO" ..... 72 Estâncias -
- CANTO XIV - "OS MISTÉRIOS DO CUNENE..." ..... 128 Estâncias -
- CANTO XV - "...ATÉ À DESCOBERTA DA SUA FOZ". 102 Estâncias -
TOTAL ..... 670 Estâncias -

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CANTO VIII - A RESTAURAÇÃO DOS REINOS - (71 estâncias) -

1) - Para esse mesmo Reino de Benguela
... Foi então nomeado Gomes de Gouveia
... Enquanto outros de sua douta tutela
... Fugiram da terrível alcateia.
... Muita gente, com boa e melhor farpela
... Seguia a santa, de flores toda cheia,
... Sendo o colégio antigo recompensado
... Porque junto ao palácio era situado.

2) - Assim caminham para a fortaleza
... Com uns santos e santas resguardados,
... Sendo sua fé mostrada com firmeza
... Entre tantos fiéis e alguns soldados.
... Não causara nenhuma outra estranheza
... O que logo surgira noutros lados
... Já festejando com muita alegria
... O fim do sofrimento e vilania.

3) - Outros, enviados à Vila Vitória,
... Informavam da nova situação,
... Retirando da lusa e boa memória
... Tanta desgraça e total desolação.
... Mandara recolher, sem mais história,
... Todos que se mantinham p'lo sertão
... Sendo bem mais segura a capital
... Antes que lhes surgisse novo mal.
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69)- O Congo estava a cair com desagrados
... Desafiando os poderes constituídos
... Que reunira diversos potentados
... Reformando os exércitos unidos.
... Voltam a Massangano reforçados
... Onde os congueses bem arrependidos
... Prometem boa política fazer
... E aos noviços impor o seu mister.

70) - No reino da Matamba a rainha aceita
... Negociar ampla paz com portugueses,
... Não lucrando continuar mais sujeita
... Aos seus problemas e aos dos congoleses,
... Ficando com sua fé mais satisfeita
... Como fora também diversas vezes.
... Outro Novais em sua capitania
... Renovara a que a Paulo pertendia.

71) - Afonso sexto nada governava
... Passando o seu poder para a regência,
... Assumida com fé sempre agradava
... Usando demonstrada e real sapiência.
... Diversas penitentes destinava,
... Para em Angola darem assistência,
... Mesmo, com uns colonos se casando
... E que estavam até necessitando.
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- CANTO IX - A INFLUÊNCIA BRASILEIRA - (72 estâncias) -

1) (72)-
... Para Vieira chegara a ocasião
... De assumir o comando desejado
... Tendo tido outra boa governação
... Em terras do Brasil com muito agrado.
... Aos jesuítas não alegra a nomeação
... Pelo que logo fora excomungado;
... Julgando-se em Angola superiores
... Manobravam sem ter opositores.

2) (73)-
... Massangano recebeu benefícios
... Passando a vila por merecimento,
... Depois de tanto azar e sacrifícios
... Da população em fácil crescimento.
... Os ingleses cometem artifícios
... Numa grave traição sem fundamento,
... Quando Chichorro,calmo,regressava
... E em Paraíba porém preso ficava!

3)(74)-
... Doente e com fome finha falecido
... Nem lhe valendo o farto e bom marisco
... Pois,pelo mesmo,foi depois comido
... Sendo assim muito pior que um outro risco!
... Ao sobrado esqueleto,ali esquecido,
... De nada servia já o poder ou o fisco
... E,nem mesmo o salvando,o Salvador,
... Só restando entregar a alma ao Criador!
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70(141)-
... Távora,recebera sua patente
... Prometendo en Angola governar
... Quando não tivesse algum na sua frente;
... Mas Furtado tomava outro lugar
... No Reino de Benguela,diferente,
... E sem ter tido tempo p'ra aguardar.
... O Senado da Câmara mudava
... E um novo chefe já ali governava.

71(142) -
... Na Matamba Gutteres sucedera
... A Amona,por Carrasco conhecido,
... E que,depois do que lhe acontecera,
... P'ra salvadora mata havia fugido.
... O outro capitão-mor permanecera
... Com uns oficiais, tendo preferido
... Manterem a ordem entre os comerciantes
... E os que ali redidiam todos muito antes !

72(143) -
... Mas,no Congo,o Colégio foi assaltado
... Sendo depois daí logo transferido
... Deixado p'lo jesuíta abandonado,
... Terminando o seu tempo ali perdido.
... Com tanto assunto assim mal orientado
... Fugira todo o povo espavorido.
... Rafael chegara ao trono em abandono
... De que o do Sonho queria ser o dono!

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- CANTO X - A INEVITÁVEL EVOLUÇÃO - (72 estâncias) -

1) (144)-
... Távora chega a Luanda com atraso,
... Em plena juventude da sua vida,
... Entre grande alegria,sem qualquer prazo,
... Com espanto da gente embevecida.
... Não perdendo mais tempo e, sem dar azo
... A avanços de adversários nessa lida,
... Mandara reforçar fortes, fortins,
... E outras bases de mais seguros fins.

2) (145)-
... Chegam à capital embaixadores
... Do novo rei conguês com cumprimentos
... Ao governador jovem e uns senhores
... Que davam apoio aos doutos elementos.
... Solicitam vencer usurpadores
... Estranhos, sem humanos sentimentos,
... Que mantinham negócios dos escravos
... Recordando outros tempos dos eslavos.

3)(146)-
... Dom Rafael concedera outro condado
... Que junto ao Pinda estava protegido,
... Muitos seguiam o destino desgraçado,
... Não cumprindo o tratado antes havido.
... Os jesuítas também haviam falhado
... Com o escuro negócio, repelido,
... Sendo expulsos p'ra tais bandas,distantes,
... Em companhia de certos traficantes!

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70(213) -
... O capitão-mor Sousa complicava
... As vidas dalguns povos da região
... Onde o jaga Cassanji manobrava
... Derrotando Quiguanga na questão
... Que seu padrinho,"Pai do Sol",apoiava
... P'ra não complicar essa ligação;
... No funeral de Dom Pascoal matavam
... Alguns jovens também, que ali enterravam!

71(214)-
... Afonso Terceiro, um seu sucessor,
... Encontrara diversas confusões
... Com as fugas dum Reino de pavor
... Sem conseguir segurar os cordões.
... Daniel nem se pudera recompor
... Porque Pedro Segundo,com bastiões,
... Tornara todas rédeas em fraqueza
... Suprida por Manuel com subtileza,

72(215) -
... Que,como falsa noiva, disfarçado,
... Elimina seu irmão com u'a pistola
... Mas não ganhando num outro atentado
... Que o atingira certeiro na sua tola,
... Porque Garcia Terceiro,mais cuidado,
... Lucra dos capuchinhos essa esmola !
... Sem deixar arrefecer tal vantagem
... Solicitara a régia vassalagem.

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- CANTO XI - NOS REINOS DO SERTÃO - (59 estâncias) -

1) (216)-
... Silva e Sousa chegado finalmente
... P'ra comandar o Reino principal
... Não tempo de aguçar o dente
... Contra Dala e o Cassanje, seu rival,
... Que nem aproveitou a ajuda presente
... E o livrou de sofrer um grande mal;
... Perdera assim aquele seu comando
... Ficando tudo a saque d'outro mando.

2) (217)-
... Não consegue,porém,ali aguentar
... Preferindo regressar à origem,
... Sendo logo preenchido seu lugar
... Com apoio renovado e vassalagem.
... Em Catole, Sequeira iria acampar
... Com um certo descuido,mas coragem;
... Acabava com trágica surpresa
... Perdendo terrenoe alguma firmeza.

3) (218)-
... Explodiam as barracas num instante
... Repletas de armas, muitas munições,
... Mais parecendo festa delirante
... Apavorando suas populações.
... E Sequeira, o "invencível" e triufante,
... Foi abatido com setas nos pulmões
... Sem desânimo dos seus companheiros,
... Conseguindo vencer, foram primeiros.

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56(271) -
... Beatriz Kimpa,chamada Dona Santa
... Por reencarnar António celestial,
... Esquiva,a todos pintava sua manta
... Com visitas ao Senhor Principal,
... Sendo sua convidada, o que encanta,
... Por ser de São Salvador natural !
... Uma ressurreição teria imitado
... E aquela Terra Santa havia salvado.

57(272) -
...De muito longe os fiéis ali acudiam
...Para ajudarem nessa Salvação;
...Pedro Quarto e outros não se convenciam
...Pondo um fim nessa tal encenação,
...Terminada nuns troncos que sumiam
...Com os corpos, ardendo sem cremação !
...Mas perdeu a mais antiga e sua linhagem
...Sem outro descendente ou vassalagem.

58(273) -
... Do Brasil mais escravos pretendiam
... P'ra salvar os "engenhos" desfalcados
... Mas pelo interior lutas ressurgiam
... Em terras de Caconda e seus sobados.
... Dom Pedro Quarto e os seus se recolhiam
... P'ra Lelunda, enviando o outro com aliados;
... Constantino, porém,mais desejava
... E ficar nesse trono se esforçava.

59(274) -
... Esse Pedro não aceita tal mudança
... Mandando-o prender pelo seu pescoço
... E,cortado a cutelo, com pujança,
... Perante alegria e num grande alvoroço
... Acabara de vez com tanta andança
... E pretensões de mais algum rei moço!
... Os "Quibango" reassumem a realeza
... Dando aos "Quipanzo" os restos da sua mesa.

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- CANTO XII - A COBIÇA INTERNACIONAL - (94 estâncias) -

1) (275)-
... Ribafria sucedera ao nobre Almada
... Que foi governar para outro reinado
... E para onde não houvera mais jornada,
... Que o governo acabara co'"el-dourado";
... Mesmo p'ra degredado era vedada
... Sendo Angola o destino sobejado,
... Como acontecera antes a diversos
... Embora fossem santos não perversos.

2) (276)-
... A revoltada gente da Quiçama
... Fora vencida por sobas reunidos.
... Ribafria nunca teve santa cama
... Actuando com processos mal sabidos:
... Pouco valera alguma justa fama
... Nem resolveu problemas conhecidos.
... No seu regresso teve de aquecer
... Quando seu barco estsva a fenecer.

3) (277)-
... Entretanto, chegara Dom Noronha,
... Havendo situações bem complicadas,
... Com casos muito doentes,qual peçonha,
... Para o que devia ter as mãos pesadas.
... Mesmo o Senado, com bastante ronha,
... Desviava nomeações menos cotadas
... E, por não serem da alta sociedade,
... Apenas dos musseques da cidade!

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92(366) -
... Nalgumas Feiras foi determinado
... Manter certo negócio mais habitual
... Com escravos de diverso sobado
... Ali vendidos, por bem ou por mal,
... Com estranhas influências dalgum lado
... Onde estava o danado capital,
... Não podendo os capitães intervir
... Nas vendas que pudessem ressurgir.

93(367) -
... A macuta fazia sua aparição
... Em Angola, com válidos valores.
... No Reino de Benguela houve a criação
... Duma Irmandade com alguns andores
... E,num Reino do Congo, u'a vocação
... Sucedera a Dom Pedro com clamores;
... Mas este, regressando, os sossegara
... Com protecção do bispo que o coroara.

94(368) -
... Degredados tentaram atacar
... O governador e os seus oficiais
... Praticando assassínios sem parar,
... Com assalto a Conventos e demais,
... Querendo algumas pratas arrebanhar,
... Porque os jesuítas tinham-nas a mais.
... Uns deles foram logo silenciados
... Ficando Álvares com ossos quebrados !

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- CANTO XIII - OS CAMINHOS DA LIBERTAÇÃO - (72 estâncias) -

1)(369)-
... Tomara posse Dom Sousa Coutinho
... Reunindo os comerciantes da cidade,
... Devendo cessar logo de caminho
... Com os que nunca obtinham liberdade,
... Nem havendo um imposto mais daninho
... Prejudicando toda lusa herdade,
... Mesmo tendo suas dívidas somadas
... Com as diversas, tão mal disfarçadas.

2)(370)-
... Sendo o Terreiro Público ali criado
... Para a recolha dos bons alimentos,
... Assim ficando tudo armazenado
....Para distribuir com mais fundamentos,
....Sem que algum fosse mais beneficiado
....Ficando outros com menos suprimentos;
....Assim evitam feios, fracos negócios
....Ou trocas de trabalhos pelos ócios.

3) (371)-
... A Geometria, porém, e a Construção,
... Em "aulas",antes já sendo existentes,
... Tiveram uma nova pretensão
... Havendo muitas obras dependentes,
... Porque nem encontravam solução
... Para resolver casos das suas gentes
... Em casas mais antigas,mal situadas,
... Sem posses para serem reparadas.

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70(438) -
...Aguns mestres no ensino e,certa ciência,
...Tinham ali acabado de chegar
...Pra fornecer aos jovens a sapiência
...Suficiente no saber governar.
...Nas igrejas mudara Sua Eminência
...Por uma outra que estava a começar
...Para remediar má, triste conduta,
...Que não aceitava mudança absoluta.

71(439) -
... Albergaria deseja mais colonos,
... Uns bons milhares para o povoamento,
... Antes que ali surgissem outros donos
... Prontos a colher frutos sem tormento.
... Foram gastos uns válidos abonos
... Para o "Naturalista", com talento,
... Estudar no rio Cuanza suas vantagens
... Com apoio de Donatti nas pastagens.

72(440) -
... Visita o Bispo o Sonho e o seu condado
... Que nunca recebera essa excepção;
... Com muito casamento e baptizado
... Ficava mais católica a Nação.
... Do forte militar ali iniciado
... Decidem completar a construção
... E que fora atacado p'los franceses
... Metidos em negócios tantas vezes !

..........................................................

- CANTO XIV - OS MISTÉRIOS DO CUNENE - (128 estâncias) -

1)(441)-
... Decide a Junta fixar em Benguela
... Os dirigentes das expedições,
... Como se fosse uma imensa janela
... Aberta p'ra desvendar os sertões;
... Com Furtado e Valente em curta trela
... Tinha em Silva e Lacerda uns bons peões,
... Buscando o estranho final do Cunene :
... Rio estreito,largo,rápido ou perene !?

2) (442)-
... Uns chegam a Angra do Negro p'lo mar
... Encontrando emissários dum sobeta,
... Curiosos de conhecer,"conversar",
... Como sendo "homens" dum outro planeta!
... Mais não pretendiam do que desvendar
... A ligação do rio com a sua meta,
... Julgada estar situada num maior
... Que os levasse ao longíquo interior.

3) (443)-
... Caminhara Gregório para o sul,
... Indo pelo Quilengues e mais terras
... Para alcançar em Angra o mar azul,
... Depois de atravessar deserto e serras;
... Com uma caravana passa um paul,
... Chegando a Banda(Angra) sem mais guerras
... E conseguira algumas vassalagens
... Desde Quinzamba ao Negro,fim das viagens.
......................................................

126(566) -
... As tentativas contra a escravatura
... Foram renegociadas com ingleses,
... Evitando mais saídas nessa altura
... Prejudicadas já, por tantas vezes.
... Muitos interessados, gente dura,
... Nada gostando doutros portugueses,
... Discordavam de tantas transações
... Feitas com traficantes ou ladrões !

127(567) -
... Carta Orgânica fora publicada
... Criando em Angola um governo-geral;
... Nos dois Reinos ficava completada
... Com distritos, presídios sem igual.
... A gestão militar fora trocada
... Pela forma civil, menos formal.
... Suas leis teriam um próprio difusor
... Para nem haver nenhum difamador.

128(568) -
... A ansiada Abolição foi resolvida
... Duma forma geral,definitiva,
... Para que no mar não acabasse a vida,
... Nem havendo mais pena punitiva.
... Terminava o negócio e a fé ferida
... Em que tantos, na triste comitiva,
... Sempre perderam, não só a Liberdade,
... Como, talvez, sua própria Dignidade !
.................................................


CANTO XV - ATÉ À DESCOBERTA DA SUA FOZ - (102 estâncias) -

1)(569)-
... Vidal fora o primeiro governante
... Segundo a nova Carta Nacional,
... Que orientaria os destinos doravante
... Co'a justiça p'ra todos sendo igual.
... Em Benguela ninguém seria ignorante
... Da lei aplicada por ali em geral,
... P'ra matarem mosquitos com metralha
... Ou,queimando umas ervas sem ter falha!

2) (570)-
... Ngola Quiassama,soba numa serra,
... Não concordando com a instalação
... Dum Presídio dos lusos em sua terra,
... Avança contra Ambaca,no sertão,
... Mas,a tropa depressa mais o encerra,
... Algemando-lhe com vontade a mão.
... Garcia,regente na Oylla,nem sabia
... Como dominar outra rebeldia.

3) (571)-
... O distrito "Bragança" surgiria
... Na zona em que Quiassama dominava;
... Andrade,coronel,melhor fazia
... E a ordem ali de novo se instalava.
... Benguela no local se manteria
... E,Catumbela,na memsma ficava,
... Enquanto Luanda obtinha provimentos
... Com as diversas obras e uns eventos.

......................................................
100(668) -
... Os ingleses tentaram conquistar
... O Reino de Cabinda, sem prudência,
... Sabendo que não estava p'ra alugar,
... Mas ao cargo da lusa previdência.
... Subornavam o N'hongo sem cessar,
... Fazendo quase perder a paciência
... A quem tinha a total obrigação
... De manter em boa paz sua povoação.

101(669) -
... Costa Leal percorrendo pelo sul,
... Passa a Baía dos Peixes, continuando
... Em busca do mistério, sob céu azul :
... - Se o Cunene, absorvido e sem comando
... Há tantos anos, longe do Giraul,
... Entrava nessa areia que o ia ocultando ?!
... Findava esse segredo centenário
... Um caso,talvez, bem extraordinário !

102(670) -
... Leal, manda estudar sua navegação,
... Pretendida por outros governantes,
... Pensando na possível ligação
... Ao Cubango, desejo dos meliantes,
....Para terem mais rápida função
....Com os barcos de tantos traficantes,
....Na busca dos escravos e marfim
....Sem cuidar que esses podia ser seu Fim.

----------------- FIM -----------------
...... (COIMBRA, 28/02/2003) ......

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-- NOTA I)-- ESTE POEMA ÉPICO TEM DOIS VOLUMES COM UM TOTAL DE 1.368 ESTÂNCIAS : Vol.I = 698 e Vol.II = 670, A QUE CORRESPONDEM 10.944 VERSOS, TALVEZ O MAIOR EM LÍNGUA PORTUGUESA) --

-- NOTA II ) -- ALÉM DAS ESTÂNCIAS ACIMA TRANSCRITAS JÁ SE ENCONTRAM PUBLICADAS (VIRTUALMENTE)MAIS AS SEGUINTES :

A) - NO "SÍTIO" - http://angola.do.sapo.pt :
== VOLUME I - "DO TEJO GRANDIOSO AO ZAIRE PODEROSO" :
- CANTOS I a VII : nºs. 1-2-3 --

== VOLUME II - "DO ZAIRE PODEROSO AO CUNENE MISTERIOSO":
- CANTO VIII - nºs. 1 a 71 -- CANTO IX - nºs. 1 a 72 --
CANTO XI - nºs. 1 a 59 --

B) - NO "SÍTIO" - http://angola-brasil-portugal.blogspot.com :

== VOLUME I -
- CANTO VI - nºs 1-7-15-20-36-49-53-58-59-64-75 e 75 --

C) - NO "SÍTIO" - http://angola-brasil-portugal.blogspot.com :

== VOLUME I -

- CANTO I (1-2-3... 28-29-30-31-...63-64-65) -
- CANTO II (1-2-3-...-56-57-58-59-...120-121-122-123-...169-170-171)- - CANTO III (1-2-3-... 64-65-66-67-...81-82-83-...105-106-108) -- - - CANTO IV (1-2-3-... 72-73-74-75-... 80-81-82-83-87-88-89-90-91-108- 91...108-109-110-111-112-113)--
- CANTO V (1-2-3... 11-12-13-14-...24-25-26-27-...61-62-63) --
- CANTO VI (1-2-3... 7-8-9-10-11-12-13-14...15-20-21-22-23-..36- ...44-45-46-47-...49-53-58-59-64...73-74-75) --
- CANTO VII (1-2-3... 28-29-30-31-...100-101-102-103) --

== VOLUME II :

- CANTO VIII (1-2-3...69-70-71) --
- CANTO IX (1-2-3...70-71-72 ) --
- CANTO X (1-2-3...70-71-72 ) --
- CANTO XI (1-2-3...56-57-58-59) --
- CANTO XII (1-2-3...92-93-94) --
- CANTO XIII (1-2-3...70-71-72) --
- CANTO XIV (1-2-3..126-127-128) --
- CANTO XV (1-2-3..100-101-102) --
================================

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