------------- "DESCOLONIZAÇÃO" -------------
..."Um dos Três D da revolução. A descolonização já era um ponto essencial do programa oposicionista antes do 25 de Abril, embora alguns republicanos históricos insistissem em manter o Ultramar, posição esta adoptada pelo próprio Humberto Delgado até 1964. Foi por influência da Maçonaria que muitos dos velhos republicanos deixaram de se opor ao abandono do Ultramar. No III Congresso da Oposição Democrática, em 4.1973, a descolonização foi amplamente discutida, salientando-se a tese de José Medeiros Ferreira, mais assente na realidade do que outras,que se resumiam ao abandono puro e simples, sem garantias para o futuro. Apesar do Programa do Movimento das Forças Armadas (Secção B - Medidas a curto prazo, parágrafo 8) não se referir expressamente à descolonização, e pressupor mesmo a continuação da existência do Ultramar português, o facto é que, desde o início, se sabia que as Províncias Ultramarinas iriam ser abandonadas."
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..." Uma certa "figura castrense", que mais tarde viria a ser conotada com a "esquerda revolucionária", confessou : "Nós pensávamos lá em descolonização!... O que nós queriamos era acabar com a guerra" (Diário de Notícias,24.4.1984,p. 104). De facto foi esta a linha inicialmente adoptada pelo novo regime".
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..." D. Eurico Nogueira confessou que "A revolução não pode orgulhar-se da descolonização" (Diário de Notícias, 25.4.1994,p. 25), o que é surpreendente, vindo de quem veio; e alargou-se sobre o mesmo tema, dizendo que "o nervoso processo da descolonização (...) começou por ser apresentado, pelos que assumiram tão grave tarefa, como exemplar,passou a razoável, está na fase do posível, mas não tardará em ser classificada como vergonhosa e catastrófica, pois de facto assim foi. Não houve grandeza, coragem e determinação. Em contrapartida, abundou irresponsabilidade e entreguismo (O Dia, 21.4.1944. pg.15)".
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..."E Manuel Alegre, que tanto contribuiu para que a descolonização acontecesse, veio a comentar na sua velhice, referindo-se ao abandono de Macau : "Não tenho vergonha de dizer : estava com os meus filhos e, ao ver a nossa bandeira descer, as lágrimas caíram-me. Nada de nostalgia colonialista. É outro sentimento difícil de exprimir. Portugal foi um país que se fez mar fora" (Diário de Notícias, 23.1.2000,p.41). Não muito tempo antes, pensava de outra maneira : o 25 de Abril "criou as condições para que fosse possível resolver este problema legado pela História", problema que era conservar Macau ligado à Metrópole (Diário de Notícias, 23.4.199,pg.41). Quanto ao efeito da descolonização sobre os povos descolonizados, haveria muito a dizer, mas limitamo-nos a citar o desabafo de A.Santos Martins sobre Moçambique : "Claro que não era de exigir que os dirigentes do Maputo tivessem a honestidade e a coragem de dizer que não falharam ao provocar o êxodo dos portugueses, e quem sem nós não conseguirão recuperar em tempo útil(para o seu regime) aquele país outrora florescente e que quatro anos de péssima administração quase arruinaram" (O Comércio do Porto,29.7.1979,p.10).
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..."Norton de Matos, Alto Comissário da República para Angola, grande republicano e dignatário da Maçonaria,sublinhou, sem se dar conta disso, a diferença entre os oposicionistas históricos e os Capitães de Abril, dirigindo-se à juventude nas páginas do seu livro A Nação una (1953) :"Conservar intactos na posse da Nação os territórios de Aquém e Além Mar é o vosso principal dever. Não ceder, não vender ou trocar, ou por qualquer outra via alienar a menor parcela de território, tem de ser sempre o vosso mandamento fundamental (...) Se alguém passar ao vosso lado e vos segredar palavras de desânimo, procurando convencer-vos de que não podemos manter tão grande Império, expulsai-o do convívio da Nação". Palavras que as luminárias de Abril não querem recordar."
--- (de : JOHN ANDRADE , em : "DICIONÁRIO DO 25 DE ABRIL" - Setº 2002 - pgs. 114 - 115 - 116 - 117 ---
------------------------------------------------------FONTE: http://angola-brasil.blogspot.com/2007/08/poema-pico-vol-i-e-vol-ii.html
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