
A TRAJETÓRIA DO LUSOTROPICALISMO NAS PRÁTICAS INSTITUCIONAIS DOS IDEÓLOGOS DO COLONIALISMO PORTUGUÊS
NAS DÉCADAS  DE 1940 - 1960
João Alberto  da Costa Pinto (Universidade Federal de Goiás/Doutorando em História  na UFF)
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Estado português procura uma nova definição estatutária para a caracterização de suas colônias espalhadas pela África e pela Ásia. Salazar sabia que se não tomasse providências urgentes naquele momento de redefinição do desenho geopolítico internacional, os espaços coloniais portugueses poder-se-iam encontrar em situação dramática diante das novas concepções liberalizantes (1) dos autonomismos nacionalistas, que formuladas na década de 1940 se consumariam pela década de 1950, estendendo-se até fins da década de 1960.
      Salazar,  no poder desde 1926, instituíra práticas de Estado para um novo Império.  O velho Império das “glórias” camonianas dos séculos 16 e 17,  era revivido anacronicamente em pleno século 20 pela gestão salazarista  do novo Império. O novo Império procurou também a sua essência nas  práticas “civilizadoras” da velha conquista colonial. Não buscou  novas colônias, mas sim colonizar efetivamente aquelas que já lhe  pertenciam há séculos. A marca emblemática de tais práticas aparece  em 1930 como apêndice da Carta Constitucional, trata-se do Acto  Colonial. Nesse documento sumariavam-se os conceitos e os gestos  institucionais do Estado português com as suas colônias. O Império  e suas Colônias. Assim Salazar institucionalizava, na década de 1920  e ao longo das décadas seguintes, a grandeza “sofística” do Império  Português. Através de práticas de concessão (no jogo diplomático,  sujeitando-se a interesses geopolíticos da Inglaterra e dos EUA), Salazar  conseguirá manter ao longo da Segunda Grande Guerra, incólumes, as  fronteiras do Império. E, diante dos novos tempos, que o pós-guerra  estava a impôr ao mundo, Salazar, via-se na contingência de mudar.  Mudar para que tudo ficasse como estava. CONTINUA...
 
