domingo, 30 de agosto de 2009

A recolonização programada da África

Falar em "continente esquecido" é voltar a falar no "fardo do homem branco". Discurso sobre a artificialidade dos Estados africanos é desculpa para justificar sua destruição. Imperialismo jamais esqueceu um continente riquíssimo em recursos naturais — principalmente petróleo, minérios e diamantes. Potências intensificam o saque e promovem nova partilha.
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Nos últimos anos, a imprensa européia transmitiu ao mundo a imagem de uma África à deriva. Veículos como a Radio Nederland e a Deutsche Welle cansaram-se de referir-se ao "continente esquecido", intocado pelas bondades da chamada globalização.

Em discurso proferido na Universidade de Wits, em Johanesburgo (África do Sul) em dezembro último, o primeiro-ministro francês Dominique de Villepin também usou esta expressão e ofereceu os préstimos de seu país para que a África abandonasse esse status. No mesmo discurso, Villepin procurou justificar a intervenção militar na Costa do Marfim, onde Paris mantém mais de quatro mil homens no âmbito da chamada Operação Licorne, iniciada em 2002. Oito meses antes, em entrevista à revista L’Express, a ministra da Cooperação, Desenvolvimento e Francofonia (o ministério francês para as ex-colônias), Brigitte Girardin, explicou os motivos da intervenção: "a França não tem o menor interesse nos setores-chaves da economia marfinense, como o cacau, o café ou o petróleo. Nós temos uma ligação histórica e afetiva com a Costa do Marfim".

É em virtude desta "ligação histórica e afetiva", provavelmente, que o governo francês mantém na África um dispositivo militar de mais de 10 mil homens estrategicamente posicionados em bases militares localizadas no Senegal, Costa do Marfim, Gabão, República Centro-Africana, Djibuti, Reunião e Mayotte — essa última, uma ilha pertencente a Comores por cuja ocupação ilegal a França foi condenada reiteradas vezes na Assembléia Geral da ONU.

E deve ser por não ter também "o menor interesse em petróleo" que o governo do USA anunciou, no início de fevereiro, a criação de um comando militar especialmente dedicado à África, o Africom. Desde 2002, o USA mantém 1800 homens numa base militar no Djibuti, próxima ao Canal de Suez e na entrada do Mar Vermelho, zona de mais intenso tráfego petrolífero no mundo.
Colonialismo humanitário

Não é a primeira vez que propósitos caridosos são esgrimidos para justificar o saque aos recursos do continente. O colonialismo do século XIX foi impulsonado pelo discurso de que cabia aos europeus cumprir uma missão civilizadora na África, missão que seria, na expressão do poeta Rudyard Kipling — partidário fervoroso do imperialismo vitoriano —, o "fardo do homem branco". Foram estes ideais filantrópicos que levaram Cecil Rhodes a iniciar o saque dos diamantes da Namíbia e da África do Sul, ainda hoje a principal fonte de sustento do monopólio fundado por ele, a De Beers, e da Anglo American. Um século depois, não são poucos os que se dispõem a seguir a trilha aberta por ele.

As companhias de petróleo estão entre os primeiros da fila. A crescente resistência antiimperialista no Oriente Médio faz com que a cobiça das corporações do setor e dos Estados aos quais elas estão ligadas volte-se para a África. Em sua Estratégia de Segurança Nacional apresentada em 2002, o governo ianque fala na necessidade de incrementar a exploração do petróleo africano. Hoje, aproximadamente 15% do petróleo produzido no mundo vem do Golfo da Guiné (que estende-se da Costa do Marfim até Angola). Prevê-se que esta proporção chegará a 25% em 2015.

O interesse do imperialismo não se limita às matérias-primas. Monopólios do setor de telecomunicações disputam os mercados africanos. Nos dois primeiros meses deste ano, várias transações importantes ocorreram. A Sonatel, sediada no Senegal e pertencente à France Telecom, venceu a Global Voice, do USA, na disputa pela exploração da telefonia celular na Guiné Bissau. A Maroc Telecom (que pertence ao truste francês Vivendi e negocia suas ações nas bolsas de Paris e Casablanca), engoliu a até então estatal Gabon Telecom. Pouco antes, a mesma Maroc Telecom havia açambarcado a Onatel, ex-estatal de Burkina Faso, vencendo uma disputa com a France Telecom e a alemã Detecon. A empresa controla também, desde 2001, a ex-estatal Mauritel, da Mauritânia.
Mitos desfeitos

Estes dados contradizem a imagem de um continente incapaz de atrair investimentos estrangeiros — aspecto apontado pela imprensa monopolista como causa da miséria africana. Outro mito diz respeito ao alegado fator de inibição desses investimentos: as guerras civis étnicas, que causariam instabilidade e prejuízos à infra-estrutura, afugentando os monopólios.

A África é, de fato, um lugar devastado. Mas essa devastação não é senão um mecanismo de que o capital estrangeiro lança mão para poder iniciar ou manter em curso seus empreendimentos.

Um exemplo de país arrasado é o Congo (ex-Zaire). Seu território é rico em ouro, urânio e petróleo e guarda as maiores reservas de coltan (colômbio-tântalo) do mundo. O coltan é vital para fabricação de aparelhos eletrônicos, principalmente telefones celulares.

No final dos anos 90, a pretexto de proteger a população tutsi do Congo, o exército ruandês invadiu o país. Em 99, um acordo celebrado em Lusaka, na Zâmbia, dividiu-o em duas zonas, uma controlada pelo governo de Kinshasa, outra nas mãos de grupos ligados à Ruanda.

O exército ruandês transporta o coltan até seu país e, de lá, o envia para a Europa. Através dos aeroportos de Entebbe (Uganda) e Kigali (Ruanda), companhias aéreas como a belga Sabena levam o mineral e trazem armas. Mas a gerência ruandesa não é senão o intermediário a soldo de capitais europeus.

Nas zonas sob seu controle, foram canceladas as licenças para exploração de coltan anteriormente concedidas a companhias ianques e instituído o monopólio da Sociedade Mineradora dos Grandes Lagos (Somigl), controlada pela belga Cogecom através de uma subsidiária. É a Somigl quem paga 10 dólares por quilo de coltán e o revende a 250 ou 300 dólares em Londres. Um de seus melhores clientes é a alemã Starck (subsidiária do monopólio químico-farmacêutico Bayer), que produz 50% do tântalo em pó no mundo. As operações financeiras relacionadas ao negócio são realizadas, em sua etapa africana, através do BCDI, correspondente bancário do Citibank (do USA) sediado em Kigali.

Em fevereiro, esteve em evidência o conflito de Darfur, no oeste do Sudão. Os ianques divulgam as cifras de 400 mil mortos e 2,5 milhões de desabrigados — impossíveis, se levarmos em conta que Darfur não tem 6 milhões de habitantes. O USA propaga a mentira de um conflito entre árabes e negros, chegando a falar em "limpeza étnica" — isto quando, segundo explica o professor Mahmood Mamdani, do departamento de Estudos Africanos da Universidade de Columbia (USA), em artigo publicado na revista Black Commentator, "todas as partes envolvidas no conflito de Darfur — fale-se em ‘árabes’ ou ‘africanos’— são igualmente autóctones e negras; todos são muçulmanos e todos são dali; os chamados "árabes de Darfur" são africanos que falam árabe".

Para compreender o interesse do USA pelo Sudão é necessário ter em conta que o país é riquíssimo em petróleo. O discurso sobre a "artificialidade" dos Estados africanos visa legitimar sua destruição no quadro de uma nova partilha colonial do continente. O fato é que o USA estimula o separatismo no Sudão e transmite a imagem de um país submerso em conflitos regionais de fundo étnico para tomar conta de parte do petróleo — hoje em mãos da francesa Total e da chinesa CNPC. França e China, obviamente, apóiam o regime de Cartum.
A dupla face da infâmia

A mentira gêmea desta sobre a ausência de conexão entre os conflitos armados e os interesses do capital monopolista é aquela que apresenta tais conflitos como "prova" de que os países africanos estão fadados à instabilidade ou à guerra por fatores internos.

De fato, minorias nacionais diversas convivem em vários países africanos e têm suas rivalidades — a exemplo do que acontece na França, Espanha e Bélgica. E realmente, as fronteiras de muitos Estados da África foram traçadas numa mesa de negociações — assim como as de praticamente todas as nações européias o têm sido desde a conferência de Westfalia.

Quem controla diretamente a política monetária de 15 países africanos é a França

As raízes da tragédia africana estão antes na prevalência do colonialismo do que em seu suposto fim. Mesmo porque não se pode falar seriamente em independência em países onde não se verificam requisitos elementares de soberania. Um deles: moeda nacional.

Quem controla diretamente a política monetária de 15 países africanos é a França. A moeda corrente nas ex-colônias francesas de Benin, Burkina, Camarões, Chade, Costa do Marfim, Gabão, Mali, Níger, República Centro-Africana, República do Congo, Senegal e Togo é o franco CFA (sigla de Comunidade Financeira Africana). Recentemente, a Guiné Bissau e a Guiné Equatorial, respectivamente ex-colônias portuguesa e espanhola, caíram na zona do franco, renunciando a suas moedas. Em Comores — país cujas matérias-primas sustentam a indústria francesa de cosméticos e onde a França já promoveu mais de vinte golpes de Estado nos últimos trinta anos —, circula o franco comorense, subordinado às mesmas regras: câmbio fixo, conversibilidade plena (primeiro ao franco francês, agora ao euro sob garantia do Tesouro da França) e cotação definida pela França, que também controla as emissões. Os bancos centrais africanos são meros conselhos da moeda (currency boards) à moda colonial, sem nenhuma autonomia para a formulação de políticas.

O Estado imperialista francês tem, assim, a chave do controle das economias desses países. Em 1994, a França, em conluio com o FMI, desvalorizou, unilateral e repentinamente, o franco CFA em 50% relativamente à sua moeda — o que significou quebrar, de uma canetada, as economias dos países atingidos, todos eles fortemente dependentes de importações.
Sangria desatada

Na África, como em todo o mundo, a ação do capital estrangeiro gera sangria de divisas, e não enriquecimento. Inclusive quando a exploração imperialista traveste-se de "investimento produtivo": Angola, segundo maior exportador africano de petróleo, enfrenta desequilíbrios em sua balança de pagamentos porque as transnacionais do setor importam os bens de produção que utilizam.

A "solução" encontrada pelo imperialismo e pelas classes dirigentes compradoras é a mais cruel possível: incremento da exploração do campesinato. A produção agropecuária é cada vez mais direcionada à exportação visando cobrir déficts. E aqui se desfaz outra idéia falsa sobre a África: o continente da fome exporta alimentos. A paupérrima Burkina Faso fornece açúcar à França, a faminta Etiópia produz carne para o mercado inglês. É verdade que os países africanos também importam comida — ou recebem-na do USA e da Europa em programas de "ajuda humanitária" que não passam de dumping contra os produtores locais. Mas só importam porque exportam: como toda sua produção é voltada ao mercado externo, faltam alimentos para seus habitantes. É exatamente por isso que um dos itens da pauta de reivindicações da greve geral que parou a Guiné em janeiro era a suspensão das exportações de gêneros de primeira necessidade.

Mais uma vez, o imperialismo lucra com falsas soluções para problemas que ele mesmo criou: recentemente, as fundações Gates e Rockefeller anunciaram um programa de modernização da agricultura africana à base de pacotes tecnológicos da chamada "revolução verde": pesticidas, sementes trasngênicas, etc.

De acordo com Eric Holt-Gimenez, Miguel Altieri y Peter Rosset, pesquisadores da Universidade de Berkeley (USA) e militantes do movimento Food First, o programa funcionaria como um instrumento de expropriação dos camponeses: obrigados a endividar-se para fazer frente aos custos desses pacotes, grande parte deles terminaria por perder a terra.
Mas os povos lutam

À medida que se aprofunda a exploração, avoluma-se também a resistência.

Em novembro último, a população de Abdijã, capital da Costa do Marfim, protestou em massa contra a intromissão da França nos assuntos do país. O Exército francês disparou contra os manifestantes, matando 64 civis.

Na Nigéria, maior exportador de petróleo do continente e responsável por 10% do fornecimento ao USA, o monopólio anglo-holandês Shell viu-se forçado, no último mês, a evacuar suas instalações e suspender a prospecção depois que algumas de suas áreas foram tomadas por camponeses armados.

No Senegal, os ferroviários estão na linha de frente da luta contra a desnacionalização da economia e deflagraram uma greve contra a privatização da linha Dacar-Níger. Mas onde o movimento sindical se mostra mais forte é na Guiné: a greve geral de janeiro arrancou da gerência do Estado a redução do preço do arroz e dos combustíveis e a suspensão das exportações de gêneros de primeira necessidade.
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* A África e a africanização
* Orgulhoso e livre, o Congo se levantará da terra negra
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* Outra África é possível com o socialismo
* O triunfo do pós-colonialismo na África
* Máquina neocolonial tritura pobres no Quênia
* Imperialismo e a tragédia no Zimbábue
* Bloco da farsa eleitoral desfilou também em Angola
* Quem são os piratas?
* O império requisita a África
* Só meia liberdade pode ser negociada
* África: os 50 anos da 'descolonização'

In  NOVA DEMOCRACIA

sábado, 15 de agosto de 2009

Historia de Angola


Escravos "cangados" (foto Net)

HISTÓRIA DE ANGOLA

Valêncio Manoel

INTRODUÇÃO

A vida e a história de qualquer país começam com o conhecimento da história cultural do seu povo. Assim é para quem investiga os problemas complexos da jovem nação angolana, que está, na atualidade, perante o seu maior desafio como país independente. São muitas as questões enfrentadas, entre elas a de estabilizar a economia, pacificar os espíritos marcados por mais de trinta anos de guerra civil, encontrar os rumos da democracia norteada pelas reformas sociais para diminuir o estado de pobreza absoluta que tem assolado todo o país, melhorar suas péssimas condições sanitárias e ambientais.

Entre todas as dificuldades a maior delas está em instituir um ponto final na situação político-militar do país. Sem capacidade para resolução destas variáveis estruturais, o povo angolano segue a sua trajetória histórica marcada por longos retrocessos e pouquíssimos avanços na sua afirmação como nação soberana.

A presente dissertação teve origem no trabalho que realizamos naquele país, como voluntário das Nações Unidas, durante os anos 1995 a 1997. Angola encontra-se atualmente com péssimos índices sanitários, conseqüência dos longos conflitos bélicos ocorridos no país. Para melhorar esses índices foi desenhado o Projeto de Reabilitação Urbana e Ambiental de Lobito e Benguela, com o objetivo de dar estrutura sanitária e ambiental às duas cidades que, em função do Porto de Lobito, desempenham papel importante de corredor de exportação para os países vizinhos e toda a porção central de Angola.

Financiado por: Banco Mundial, Agência Sueca de Desenvolvimento, Agência Norueguesa de Desenvolvimento e Governo Angolano, o Projeto saiu do papel trabalhando com comunidades e beneficiando os mais carentes da Província de Benguela.

Nosso objetivo nesta dissertação foi descrever e analisar o projeto, uma vez que ele apresenta aspectos inovadores: financia diretamente as ações do poder local e da comunidade sem interferência do Governo Central; privilegia tecnologias e ações de baixo custo; forma recursos humanos nas comunidades locais.

Uma avaliação de seus resultados pareceu-nos importante para identificar seu potencial de reprodução em outras regiões africanas.

Para melhor entendimento do projeto, consideramos necessário descrever primeiramente o contexto histórico, geográfico e sócio econômico em que ele se desenvolve. Desse modo, no Capítulo 1 dissertamos sobre a história de Angola. (...)

CAPÍTULO 1 - CONTEXTO HISTÓRICO

A FORMAÇÃO TERRITORIAL E A DIVERSIDADE ÉTNICA NA CONQUISTA COLONIAL


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AS RAZÕES DE VICENTE FERREIRA



Nova Lisboa — Capital de Angola
por:
Leonel Cosme
Quem viveu muitos anos nas ex-colónias portuguesas não estranha que o contacto com as terras e os povos tenha produzido, mesmo em altos fun-cionários do Estado que cumpriam efémeras comissões de serviço (normal-mente de dois anos), uma consciência da realidade que, em muitos casos, conflituava com os estereótipos formados pela visão das colónias como feitorias, não exigindo grandes empenhamentos nem dispêndios: até houve quem propusesse a sua venda ao estrangeiro...
O exemplo mais construtivo das “correcções” à política colonial foi seguramente o de Norton de Matos, que conseguiu, no seu segundo mandato, em 1921-1923, já com o título de Alto Comissário, ampliar os poderes que eram atribuídos aos governadores-gerais, a cujas “ousadias” o Governo Cen-tral fazia orelhas moucas. É o caso das “pretensões” sobre o desenvolvi-mento do ensino público formuladas por “africanistas” como Custódio Borja, Alves Roçadas, Jaime de Morais, João de Almeida ou Massano de Amorim, na linha aliás preconizada anteriormente pelo ministro do Ultramar Rebelo da Silva. Neste contexto, o mais “rebelde”, Filomeno da Câmara, ousou mesmo criar, em 1919, à revelia do Poder Central, o Liceu de Luanda e duas Escolas Primárias Superiores, em Sá da Bandeira e Moçâmedes, que seriam regulamentadas, três anos depois, por Norton de Matos.
A última “ousadia” foi a do governador Venâncio Deslandes, ao criar, em 1962, os Estudos Gerais Universitários, que Salazar se viu “compelido” a ra-tificar no ano seguinte (já sopravam os “ventos da mudança”), mas em con-sequência do que foram demitidos o Governador-Geral de Angola e o Minis-tro do Ultramar, Adriano Moreira...
No seu primeiro mandato (1912-1915), depois de ter passado pela Índia, Norton “aprendeu” que Angola não podia continuar a ser encarada como “feitoria” ou “colónia penal” para onde a Metrópole escoava condenados e aventureiros, mas um espaço onde teriam lugar os portugueses ambiciosos e empreendedores que, não “cabendo” já no Brasil independente, seriam os agentes do projecto “avançado” (mercantilista) que ele tinha para o Ultramar. De imediato, reconhecendo que era imperioso dilatar as vistas da Angola histórica, litorânea, para o interior inexplorado, começou por fundar, logo em 1912, o burgo do Huambo, que a partir de 1928, no governo do Alto Co-missário Vicente Ferreira, se chamou Nova Lisboa.
A Metrópole ouviu Norton de Matos, pelo menos durante o ano em que, saído de Angola, foi Ministro das Colónias, donde transitou para o Minis-tério da Guerra. Quando António Vicente Ferreira, em 1923, sucedeu a Nor-ton no Ministério das Colónias e em 1926-1928 no governo de Angola, já a semente deixada por Norton estava em plena germinação: ainda em 1928, Vicente Ferreira defende que a capital de Angola deveria ser transferida para Nova Lisboa, ideia que, no distante Terreiro do Paço, teria soado como uma fantasia de africanista enfeitiçado pela magia dos trópicos... Mas em 1933, já na vigência do Governo de Salazar, ainda reitera:
(...) Todas as considerações de ordem climatérica, sanitária, adminis-trativa, política e económica, que tornam imprópria a cidade de Luanda, para servir de capital da moderna Angola, colónia agrícola e de povoa-mento, recomendam a Nova Lisboa para esse efeito. E porque, em maté-ria de colonização moderna — talvez mais do que em outras obras huma-nas, as oportunidades mal surgem para logo desaparecerem, supomos que acertadamente andariam os homens de governo, se, aproveitando a razão favorável, lançassem com energia os fundamentos da grande obra de colonização de Angola: o povoamento —, com o seu corolário neces-sário: — a transferência da capital. E deste asserto diremos os porquês.
E primeiro porque é asado o momento.
Temos nós, como todo o mundo, actualmente, a nossa legião dos sem-trabalho, todos os dias acrescida pelo contingente dos que são repelidos, pela crise do Brasil e doutros países de imigração. Muitos cuidados e despesa custa a assistência que só a pequeno número se presta, na Me-trópole, com trabalhos públicos e municipais adrêde inventados, e por isso nem sempre dos mais justificados pela utilidade pública. Suportam assalariados e patrões o peso do impôsto a esse fim destinado, e sendo este encargo já modesto para a maioria dos que o pagam, ele teria de ser muito maior, se a todos os sem-trabalho, como de justiça, se acudisse; e porque nem é possível agravar este impôsto, nem fácil multiplicar inde-finidamente o número de obras públicas e municipais, forçoso é lançar mão daqueles recursos extraordinários, que a necessidade sugere, a ra-zão aconselha, e a previdência dos homens de Estado sabe reconhecer e aplicar.
(...) É Angola o natural destino daquele excedente de população, que as difíceis condições do mundo, na época presente, acumulou no terri-tório da Metrópole, onde não encontra trabalho adequado nem meios de subsistência. E porque as características do mal, com as suas reper-cussões sociais, que se antevêem perigosas, e a perspectiva do seu agra-vamento futuro, exigem que o remédio não tarde; e porque outras cir-cunstâncias de ordem externa, parecem aconselhar diligências no que toca a Angola, diremos que o momento é asado. (...)
Como é sabido, Salazar não afinava pelo mesmo diapasão: aos portu-gueses que quisessem emigrar para as colónias de África era exigida uma “carta de chamada”; e para o estrangeiro, só a salto... E quanto a pensar que transferindo a sede do poder político-administrativo de Luanda para o Pla-nalto Central se criaria ali um grande pólo de desenvolvimento do interior, ninguém, que saibamos, se deixou impressionar pela “ousadia” de Juscelino Kubitschek de Oliveira, ao transferir, em 1960, a capital federal do Rio de Janeiro para o Planalto Central do Brasil...
Leonel Cosme

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Declarações de Salazar a Franco Nogueira


«Isto é só para safados.»
Salazar a Franco Nogueira, 1966




In Franco Nogueira, «Um político confessa-se (Diário 1960-1968)»


Lisboa, 29 de Agosto de 1963.

«Não há dúvida: os americanos evoluíram alguma coisa, mesmo muito», principia Salazar. «Há ano e meio, há dois anos, julgaram que uma pressão, uma ameaça, um ultimato nos fariam cair, ou pelo menos modificar a nossa política. Bem: já viram que não dava resultado, desistiram. E eles próprios vêem os seus interesses afectados, têm muitos problemas, não sabem como resolvê-los, e estão perplexos. E por isso nos mandam um emissário especial de alta categoria, sem que o tivéssemos solicitado. Muito bem. Mas que nos vem propor? Na conversa consigo e na que teve comigo, reparei que Ball usou repetidamente estas palavras: assegurar a presença, a influência e os interesses de Portugal em África. Ora que significa isto? Que está por detrás disto? Que conteúdo têm estas palavras?
A verdade é que se Angola ou Moçambique são Portugal, este não está nem deixa de estar presente: é, está. Presença, para os americanos, quer dizer outra coisa: a língua, a cultura, alguns costumes que ficassem durante algum tempo até sermos completamente escorraçados. Isto e nada, é o mesmo. E o mesmo se quer dizer com a influência e os interesses. Com isto pretendem os americanos dizer que seriam garantidos os interesses económicos da metrópole, isto é, de algumas empresas ou grandes companhias. Mas tudo isto não vale nada. Que a economia comande a política é particularmente verdadeiro quanto a África. Bem vê: quem tem o dinheiro é que empresta, quem produz é que exporta; e quem tem dinheiro e empresta, e depois não lhe pagam, é levado a emprestar mais e mais; e para garantir esses novos empréstimos é depois levado a intervir, a controlar, a dominar as posições chave. E quem produz é que exporta; mas quando lhe não pagam as exportações, reembolsa-se com a exploração do trabalho e das matérias-primas locais. E ao fazer tudo isto é evidente que expulsa a influência e os interesses económicos de outros mais fracos, que nem podem emprestar tanto, nem exportar tanto. É o neo-colonialismo. Ora, meu caro senhor, nós não poderemos comparar a força económica e financeira da metrópole com a dos Estados Unidos. E o senhor está a ver, não está? Os americanos a oferecerem empréstimos baratos e a longo prazo; os americanos a oferecerem bolsas de estudo para formar médicos, engenheiros, técnicos nos Estados Unidos; os americanos a percorrer os territórios com a propaganda dos seus produtos. Em menos de um ano, de português não havia nada. Não, meu caro senhor, uma vez quebrados os laços políticos, ficam quebrados todos os outros. Mas então, sendo Angola parte de Portugal, não podem os americanos investir e exportar? Podem, decerto, mas têm de negociar com uma soberania responsável e com um governo que sabe exigir, ao passo que se o fizerem com um governo africano, inexperiente e fraco, sai-lhes mais barato. De resto, tudo isto está demonstrado: veja a Argélia, veja o Congo. Mas, para nós, o Ultramar não é economia, e mercado, e matérias-primas, e isso os americanos não o podem entender. Bem: este é um aspecto. Mas que quer dizer Ball com os prazos? É evidente que se os americanos estivessem dispostos a aceitar que Angola seja Portugal, não falavam de prazos. Poderiam querer discutir ou negociar connosco uma qualquer construção política ou jurídica que coubesse nos seus princípios teóricos, e depois apoiar-nos-iam sem reservas. Mas não: querem um prazo. Um prazo, para quê? E que se passa findo esse prazo? E enquanto decorre esse prazo, não acontece nada? Deixamos de existir no mundo, não se fala mais de nós? E os terroristas cessam os seus ataques? Ah!, mas se os americanos podem garantir que os terroristas depõem as armas, então é porque têm autoridade sobre os terroristas, orientam-nos, estão em contacto com eles. E os terroristas depõem as armas sem mais nada? Não exigem condições, não apresentam preço, e os americanos não assumem compromissos? Quais, como, para quando? E que promessas fazem ou fariam à Organização da Unidade Africana? E como justificaria esta o seu silêncio sobre nós e a ausência de ataques contra Portugal? Não, meu caro senhor, os americanos continuam a pensar que com jeito, docemente, conseguem anestesiar-nos e impelir-nos para um plano inclinado. (…) Está claro que se aceitássemos o caminho dos americanos, em troca do Ultramar choveriam aqui os dólares, receberíamos umas tantas centenas de milhões. Ficaríamos para aí todos inundados de dólares e de graça. E sabe? Os que vierem depois de nós ainda haveriam de dizer: afinal era tudo tão fácil, não se percebe mesmo por que é que aqueles tipos não fizeram isto. Mas os dólares iam-se num instante, deixavam umas fábricas e umas pontes, e depois começava a miséria. Duraria o ouro dois ou três anos. Depois era a miséria, a miséria, a dependência do estrangeiro. E em qualquer caso é-nos defeso vender o país.»
http://www.causanacional.net/index.php?itemid=373

OS ESQUELETOS NOS ARMÁRIOS

1ª parte: os ossos do colonialismo

«Ah, se eu tivesses menos vinte anos! Que faria ? Havia de pôr os brancos contra os brancos em África, e os pretos contra os pretos, e brancos e pretos uns contra os outros e nós haveríamos de sair incólumes no meio de tudo». Frase proferida por Salazar em 1966 de acordo com o que vem exarado no livro de Franco Nogueira “Salazar O ultimo combate 1964-1970” 4ªedição ( 2000) da Companhia Editora do Minho S.A.

Nos Estados Unidos e na Inglaterra é comum usar-se a frase “ fulano tem esqueletos nos armários”. O que significa? É uma metáfora: quando uma pessoa fez no passado acções pouco dignificantes ou tem na família membros que envergonham, de tal maneira que não quer que se saiba, diz-se que “fulano tem esqueletos nos armários”.
Uma explicação para esta frase assenta em uma anedota. A netinha pergunta: avozinha, o que é um amante? Amante, resmunga a avó, lívida, pondo a mão na testa, como que a recordar-se, e disparando em direcção ao sótão com a presteza que os anos lhe permitem. Depois de se arrastar pelas escadas, entra no sótão, vai directa a um grande armário, abre uma das portas e fica petrificada: de dentro, muito hirto, como é óbvio, cai um esqueleto nu.
Em África só houve quatro países onde se registaram colonizações europeias: Argélia,Angola, Moçambique e Zimbabué (ex-Rodésia do Sul). Nestes países podemos afirmar que houve colonialismo e colonização. Nos restantes países africanos apenas houve colonialismo. Este verifica-se quando os metropolitanos não se fixam, apenas desempenham cargos de funcionalismo, sempre com o fito de um regresso. Há colonização quando os metropolitanos se fixam com carácter permanente, onde lhes nascem os filhos e onde procuram o “ultimo refúgio na velhice”. Edificam uma casa com jardim à frente e horta e pomar no quintal. Há que distinguir entre colonialismo e colonização; em Angola é fácil distingui-los.
Angola teria beneficiado imenso se em vez de descolonização tivesse havido um descolonialismo! Este,sim, acabava com o colonialismo, principal causador do atraso cultural, económico e, principalmente, social.
O sótão da história colonial portuguesa tem dois grandes armários: o do colonialismo e o da descolonização. Armários grandes com trinta esqueletos. No primeiro, o do colonialismo, jazem quinze esqueletos, todos começados por C que é a primeira letra de colónia: cidadania, contrato, centralismo, cultura, comunicações, conhecimento científico da colónia, centrifugação do capital, crédito, consumo, castigos corporais, censura, colonatos, cartas de chamada, carências de energia, e compadrios (concessões, comissões, condicionamentos e cunhas).
Erros cabeludos que persistiram até ao início do” Tempo Extra”(1961), e alguns até ao “arriar do glorioso pendão das quinas”. Erros que deixaram os quinze esqueletos que atestam as causas de todas as tragédias que viriam a seguir e que, infelizmente, perdurarão durante umas boas (ou más, se persistir o egoísmo actual dos dirigentes) dezenas de anos.
O “Tempo Extra” refere-se aos 13 anos finais do colonialismo (1961 a 1974) em que o governo metropolitano finalmente acabou com um cipoal obsoleto de leis e proibições e tentou desenvolver a colónia. Muito se fez, mas não foi o suficiente, as partes social e política falharam, estrondosamente.
Façamos, resumidamente, porque eles serão dissecados exaustivamente ao longo destas mucandas, a exumação destes esqueletos. Esta exumação é mais do que legítima, não é que se pretende exumar o esqueleto do D.Afonso Henriques primeiro rei de Portugal (século12)!

CONTINUA....
http://psitasideo.blogspot.com/2009/02/os-esqueletos-nos-armarios.html


Luiz Chinguar

Entrevista com Adriano Moreira : "Tive um poder enorme como ministro do Ultramar"

Actualmente, Adriano Moreira é presidente da Academia das Ciências de Lisboa

Actualmente, Adriano Moreira é presidente da Academia das Ciências de Lisboa Foi o todo-poderoso ministro do Ultramar. Delfim de Salazar, entrou em litígio com Marcello Caetano e conseguiu o milagre único de transitar para a democracia. (Contém versão integral da entrevista que foi publicada na edição do Expresso em banca)

Ana Soromenho e José Pedro Castanheira


Transmontano, de 86 anos, Adriano Moreira foi o único ministro de Salazar que fez uma transição tranquila para a democracia. Foi presidente do CDS, deputado e vice-presidente da Assembleia da República. No plano académico nunca deixou de exercer a tutela científica no "seu" Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP).

Recebeu-nos na Academia das Ciências de Lisboa, a que preside, e que tem marcado com um notável dinamismo. Nessa manhã, Adriano Moreira acordara às quatro da madrugada para ir ao aeroporto receber pessoalmente, cavalheiro como sempre, Graça Machel, que veio a Lisboa representar o marido, na homenagem prestada pela Academia a Nelson Mandela.

Para breve, está anunciado o lançamento do aguardado livro de memórias, A Espuma do Tempo. Memórias do Tempo de Vésperas, editado pela sua velha editora, Almedina. Esta conversa, marcada semanas antes, tinha o propósito de um balanço de vida. Mas, logo de início, Adriano Moreira avisou que a entrevista teria que se cingir às matérias do livro. De fora ficaram os dias da revolução, a ressaca que constituiu o saneamento do ISCSPU, os dois anos de exílio no Brasil, o regresso à academia e à vida política activa, a sua transformação, em suma, em grande senador. Ao longo das três horas de conversa que, por vontade dele, incidiu exclusivamente sobre o Estado Novo, o professor nunca pronunciou a palavra "ditadura".

Comecemos então pelo livro. Está prometido há mais de dez anos

Não tenho recordação de ter prometido este livro a ninguém, só tenho recordação de me terem solicitado que escrevesse um livro de memórias. Tenho sempre uma prevenção em relação a este tipo de livros. A memória é muito condescendente connosco. Tem a piedade de aligeirar as coisas. Por isso, este título: Espuma do Tempo. A essas memórias procurei ser fiel. Tive alguma dificuldade material em realizá-lo, porque não tenho documentação. A que tinha, guardava-a no Centro de Estudos do ISCSPU e durante a revolução desapareceu. Não faço ideia do que lhe aconteceu.

Foi destruída?

Estou a dizer que não sei o que lhe aconteceu. Desapareceu.

Nunca escreveu diários?

Não. Recorri a alguns apontamentos.

E aos arquivos?

Também não. Os historiadores tratarão de encontrar referências, não estou preocupado com isso. Quis escrever sobre o meu sentimento, recordação e valoração do que o meu espírito conserva.

Falou com pessoas?

Falei comigo. É da minha exclusiva responsabilidade e do meu diálogo íntimo.

Fê-lo por uma necessidade de deixar o testemunho para a história, ou por uma vontade de ser o professor a escrever a sua história?

Não foi isso. O livro começa com uma carta, que data de Abril de 1974. Nunca mais escrevi durante anos. A carta era uma mensagem para os meus filhos e foi com esta decisão íntima que resolvi continuá-la.

Escreveu à mão?

Sempre. Escrevia à máquina, mas verifiquei que muda o estilo. Já não me reconhecia quando me traziam o texto. Voltei à minha caneta. Mostra o bolso interior do casaco.

Azul ou preta?

Não faço muita questão, cores vivas é que nunca. Não tenho essa necessidade de identificação. Tira a Montblanc de aparo.

São as mesmas com que assinava os seus despachos como ministro do Ultramar?

As canetas também se perdem. Estas são as que estão agora de serviço.

Quanto tempo demorou a escrever o livro?

Fi-lo em duas etapas. Com uma interrupção de quase dez anos, não tinha pressa nem grande apego à publicação. Houve um momento em que acelerei porque vieram pedir para me fazer uma biografia.

Tenta manter o tom e a distância do observador.

É capaz de ser defeito de professor. É complicadíssimo separar participação e meditação.

Retoma o subtítulo "Tempo de Vésperas", o mesmo das crónicas que escreveu em 1971.

CONT....

http://aeiou.expresso.pt/tive-um-poder-enorme-como-ministro-do-ultramar=f459552

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

"Jornal "A Província de Angola", de 3 de Maio de 1974, página 5: Parte final do Artigo de opinião de Manuel João Tenreiro

"Jornal "A Província de Angola", de 3 de Maio de 1974, página 5: Parte final do Artigo de opinião de Manuel João Tenreiro.

O movimento triunfante das Forças Armadas, aplaudido pela esmagadora maioria do povo, veio pôr termo à mistificação política Ultramarina do extinto regime e acobertarmo-nos de um fim inglório, que se avizinhava à medida em que vinham aumentando as pressões internacionais, mesmo dos nossos aliados, que já estavam dando mostras de uma impaciência, a pressagiar piores acontecimentos.

Temos agora a grande oportunidade de formar uma verdadeira e sólida comunidade multirracial, através de instituições democráticas, que servirão de garantia à participação activa, consciente e livre de cada um de nós no Governo e Administração de Angola.

As primeiras declarações da Junta de Salvação Nacional, e, antes delas, das afirmações postas pelo general António Spínola no seu livro "Portugal e o Futuro" deixam-nos tranquilos a este respeito e cumulam-nos de motivos de regozijo ao condenarem frontalmente, tanto a orientação perfilhada pelo Governo anterior como a tese racista dos que advogam a entrega do Ultramar português, pura e simplesmente, às massas nativas, com a expulsão do homem branco.

Angola vai gozar, em breve, de autêntica autonomia política, administrativa e financeira, reservando a Metrópole segundo o pensamento do general Spínola e a linha de acção que preconiza, a nossa representação no estrangeiro, a defesa de todos os territórios e a coordenação da política monetária do espaço português.

Vamos ser chamados, deste modo, assumir responsabilidades de Governo e cumprir tarefas de salvação que, apesar da sua magnitude e transcendência, não deixarão de se realizar com inteligência, dedicação e redobrado amor por Angola.

A seu tempo nos serão confiadas estas tarefas e responsabilidades, mas mesmo antes que tal aconteça devemos permanecer firmes e unidos nos ideais que farão a nossa grandeza e salvaguardarão a dignidade nacional, lutando para assegurarmos a paz, o respeito fraternal entre as diversas etnias, a indiscriminação racial, o usufruto das riquezas da terra, sem reservas ou criminosas exclusões, o direito ao trabalho, justamente remunerado e o livre acesso aos diversos cargos e funções a que sejamos chamados a exercer pelo nosso próprio mérito e capacidade.

Não nos faltarão também cuidados, preocupações e momentos de desalento, mas isso não bastará para arrefecer os ânimos ou desviarmo-nos da linha de conduta aconselhada e que se impõe à nossa consciência de homem cristão e civilizados como o único meio de ajudar a formar a Nova Angola com que sonhamos".

retirado DAQUI