"Jornal "A Província de Angola", de 3 de Maio de 1974, página 5: Parte final do Artigo de opinião de Manuel João Tenreiro.
O movimento triunfante das Forças Armadas, aplaudido pela esmagadora maioria do povo, veio pôr termo à mistificação política Ultramarina do extinto regime e acobertarmo-nos de um fim inglório, que se avizinhava à medida em que vinham aumentando as pressões internacionais, mesmo dos nossos aliados, que já estavam dando mostras de uma impaciência, a pressagiar piores acontecimentos.
Temos agora a grande oportunidade de formar uma verdadeira e sólida comunidade multirracial, através de instituições democráticas, que servirão de garantia à participação activa, consciente e livre de cada um de nós no Governo e Administração de Angola.
As primeiras declarações da Junta de Salvação Nacional, e, antes delas, das afirmações postas pelo general António Spínola no seu livro "Portugal e o Futuro" deixam-nos tranquilos a este respeito e cumulam-nos de motivos de regozijo ao condenarem frontalmente, tanto a orientação perfilhada pelo Governo anterior como a tese racista dos que advogam a entrega do Ultramar português, pura e simplesmente, às massas nativas, com a expulsão do homem branco.
Angola vai gozar, em breve, de autêntica autonomia política, administrativa e financeira, reservando a Metrópole segundo o pensamento do general Spínola e a linha de acção que preconiza, a nossa representação no estrangeiro, a defesa de todos os territórios e a coordenação da política monetária do espaço português.
Vamos ser chamados, deste modo, assumir responsabilidades de Governo e cumprir tarefas de salvação que, apesar da sua magnitude e transcendência, não deixarão de se realizar com inteligência, dedicação e redobrado amor por Angola.
A seu tempo nos serão confiadas estas tarefas e responsabilidades, mas mesmo antes que tal aconteça devemos permanecer firmes e unidos nos ideais que farão a nossa grandeza e salvaguardarão a dignidade nacional, lutando para assegurarmos a paz, o respeito fraternal entre as diversas etnias, a indiscriminação racial, o usufruto das riquezas da terra, sem reservas ou criminosas exclusões, o direito ao trabalho, justamente remunerado e o livre acesso aos diversos cargos e funções a que sejamos chamados a exercer pelo nosso próprio mérito e capacidade.
Não nos faltarão também cuidados, preocupações e momentos de desalento, mas isso não bastará para arrefecer os ânimos ou desviarmo-nos da linha de conduta aconselhada e que se impõe à nossa consciência de homem cristão e civilizados como o único meio de ajudar a formar a Nova Angola com que sonhamos".
retirado DAQUI
Muito interessante !
ResponderEliminarBom seria que a História tivesse seguido o rumo certo.