terça-feira, 19 de outubro de 2010

Pescas em Portugal Ultramar - um apontamento histórico ( António Martins Mendes - Faculdade de Medicina Veterinária - Lisboa)

Resumo: A extensa fronteira oceânica e a localização geográfica de Portugal fizeram dos Portugueses grandes consumidores de pescado, mesmo não sendo a costa muito rica em pescado. Em 1939 os reis de Portugal e Inglaterra assinaram um tratado para que os pescadores portugueses pescassem nas costas de Inglaterra, pagando os mesmos direitos que os habitantes locais. Desde a expansão e descobertas que seguiam pescadores no rasto das caravelas os quais se estabeleciam em baías desertas desde que a pesca aí se tornasse rentável.
A colonização das costas de Angola ao sul de Benguela iniciaram–se apenas em meados do Século XIX, em Moçâmedes, Porto Alexandre, Baía dos Tigres, etc.
A vida era difícil uma vez que não existia água doce disponível a sul de Moçâmedes, mas era compensada pela abundância de peixe que era capturado, salgado e seco.
Apesar da má qualidade do produto final os pescadores conseguiam exportar este pescado seco e salgado para algumas colónias africanas mas muitas toneladas de produto foram destruídas em Angola.
Apenas com técnicas primitivas os pescadores conseguiam também preparar óleo e farinha de peixe. A indústria pesqueira foi-se desenvolvendo e transformou-se numa indústria próspera. Os Serviços Veterinários intervinham para garantir a qualidade e a higiene do pescado e produtos derivados. Foram instaladas fábricas de enlatados em Benguela, Luanda e outros portos. Mercados do interior abasteciam–se de peixe refrigerado e congelado que lhes chegava por caminho-de-ferro. Para reforçar a sua actividade, os Serviços Veterinários criaram laboratórios nos portos pesqueiros e um serviço especial de bacteriologia para o controlo de Salmonella nas farinhas de peixe.
Como consequência do aumento das actividades pesqueiras e da importância económica da sua indústria foi criado em 1970 o “Instituto das Indústrias da Pesca de Angola”. Em 1973 a soma envolvida nas pescas e indústria pesqueira chegou aos 1.550.804.000$00.
Em Moçambique, apesar da longa costa marítima de 2.975 km, a situação era completamente diferente. As actividades piscatórias limitavam–se à pesca tradicional praticada na maior parte das vezes junto a estuários, com especial incidência na Baía de Lourenço Marques (actualmente Maputo).
Alguns cientistas Sul-africanos trabalharam em águas Moçambicanas na identificação de espécies de pescado locais e o camarão transformou–se no ex-libris local.
Em 1966 um instituto especializado em estudos científicos de pescado foi instalado em Angola e em Moçambique, mas estes aspectos serão referidos em outra nota histórica sobre as actividades dos médicos veterinários portugueses.

Continua...
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