sexta-feira, 8 de abril de 2011

Poema "O fardo do Homem Branco" (1899) de Rudyard Kipling

KIPLING EDULCOROU O IMPERIALISMO

Alcançado pela polêmica que, atravessando o Atlântico, o pegou em Londres, Rudyard Kipling, que vivera alguns anos em Vermon, nos Estados Unidos, resolveu compor um poema especialmente para a ocasião. Intitulou-o The white man´s burden, o fardo do homem branco - imediatamente reproduzido no McClure´s Magazine dos Estados Unidos em fevereiro de 1899 - onde, em sete estrofes, exortou os norte-americanos, tal como os ingleses, de quem eles descendiam, a assumirem o seu papel histórico de povo imperialista. "Enviem para lá", para as colônias, conclamou ele, "os melhores de vocês. Dêem seus filhos para o exílio para que eles sirvam às necessidades dos cativos, mantendo-os, tal povo confuso e selvagem, nos arreios". Que eles tivessem paciência em suportar e travar "as selvagens guerras pela paz", pois este é o fardo do homem branco. E, como agradecimento por esses anos todos de sacrifício, frios, disse ele, apenas contem com a opinião judiciosa dos seus pares. Kipling, dessa forma, transformava as conquistas coloniais na grande missão da raça caucasiana, tarefa nobre da qual ela bem pouco poderia esperar algo em troca - visto que era um fardo que a Providência determinara que os brancos assumissem. Simbolicamente, ele metamorfoseava uma política de agressões e rapinas praticadas pelos europeus colonialistas, numa incumbência tão meritória como a de Atlas, o titã grego punido por Zeus para sustentar o mundo às costas."

O fardo do Homem Branco (1899)

Rudyard Kipling


Tomai o fardo do Homem Branco -
    Envia teus melhores filhos
Vão, condenem seus filhos ao exílio
    Para servirem aos seus cativos;
Para esperar, com arreios
    Com agitadores e selváticos
Seus cativos, servos obstinados,
    Metade demônio, metade criança.

Tomai o fardo do Homem Branco -
    Continua pacientemente
Encubra-se o terror ameaçador
    E veja o espetáculo do orgulho;
Pela fala suave e simples
    Explicando centenas de vezes
Procura outro lucro
    E outro ganho do trabalho.

Tomai o fardo do Homem Branco -
    As guerras selvagens pela paz -
Encha a boca dos Famintos,
    E proclama, das doenças, o cessar;
E quando seu objetivo estiver perto
    (O fim que todos procuram)
Olha a indolência e loucura pagã
    Levando sua esperança ao chão.

Tomai o fardo do Homem Branco -
    Sem a mão-de-ferro dos reis,
Mas, sim, servir e limpar -
    A história dos comuns.
As portas que não deves entrar
    As estradas que não deves passar
Vá, construa-as com a sua vida
    E marque-as com a sua morte.

Tomai o fardo do homem branco -
    E colha sua antiga recompensa -
A culpa de que farias melhor
    O ódio daqueles que você guarda
O grito dos reféns que você ouve
    (Ah, devagar!) em direção à luz:
"Porque nos trouxeste da servidão
     Nossa amada noite no Egito?"

Tomai o fardo do homem branco -
    Vós, não tenteis impedir -
Não clamem alto pela Liberdade
    Para esconderem sua fadiga
Porque tudo que desejem ou sussurrem,
    Porque serão levados ou farão,
Os povos silenciosos e calados
    Seu Deus e tu, medirão.

Tomai o fardo do Homem Branco!
    Acabaram-se seus dias de criança
O louro suave e ofertado
    O louvor fácil e glorioso
Venha agora, procura sua virilidade
    Através de todos os anos ingratos,
Frios, afiados com a sabedoria amada
    O julgamento de sua nobreza.


ver também: http://historiacontemporaneaufs.blogspot.com/2010/10/o-fardo-do-homem-branco-1899.html
e outras interpretações em comentários....

http://www.anovademocracia.com.br/no-35/287-a-recolonizacao-programada-da-africa

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