“Prespectiva da Cidade de S. Paulo de Loanda no Reino de Angola”, 1825
AHU, Iconografia Impressa
Conferência: D. Anna Joaquina dos Santos e Silva e o tráfico ilícito de escravos de Angola no século XIX
Conferencista: Lynne Duke (Escritora)
Resumo: Anna Joaquina dos Santos era uma grande comerciante, em Luanda, na primeira metade do século XIX. Ela representa uma classe de mulheres mestiças (e também negras) que ganhou riqueza e poder por via das relações estratégicas e românticas com negociantes homens estabelecidos, de Portugal ou do Brasil. Elas eram chamadas as "donas de Luanda," e Anna Joaquina era a mais famosa e, estima-se, também, a mais rica. Era conhecida pela ostentação e gastos generosos, incluindo durante a sua residência no Rio de Janeiro, onde adquiriu muitos imóveis. Durante sua vida (1788-1859) Anna Joaquina possuiu, pelo menos, 11 navios, incluindo muitos para a navegação atlântica. Na pesquisa realizada nos arquivos e bibliotecas de Lisboa, Luanda, Rio de Janeiro e Londres, e também na base de dados "Slavevoyages.com," documentaram-se nove viagens de comércio negreiro, nos seus navios, entre 1827 e 1846. Anna Joaquina estabeleceu, igualmente, feitorias em São Tomé, Cabinda, Ambriz, Cuanza, Novo Redondo, Quicombo, Benguela e Mossamedes. Enquanto os navios britânicos cruzavam o Atlântico para reprimir os negreiros, os navios de Anna Joaquina estavam entre as centenas que se furtavam a essa perseguição, e continuavam aquele "trafego odioso."
Curriculum viate: Lynne Duke é uma autora e jornalista, com uma carreira de vinte anos ao serviço do Washington Post, antes da sua aposentação, em 2008. Entre 1995 e 1999, dirigiu o escritório daquele jornal em Joanesburgo, na África do Sul, acompanhando o fim do "apartheid" e a transição para a democracia sob a direcção do Presidente Nelson Mandela. Tratou, igualmente, a queda de Mobutu Sese Seko, no Zaire, as guerras no Congo (Zaire), e no Rwanda, e o fim da guerra civil em Angola. Antes do Washington Post, trabalhou no Miami Herald, onde desenvolveu trabalho de investigação sobre o tráfico de drogas ilegais em Miami. O trabalho dela, em ambos os órgãos de comunicação social, foi várias vezes nomeado para o Pulitzer Prize, a mais alta distinção do jornalismo nos EUA. Lynne Duke é autora de Mandela, Mobutu and Me: A Newswoman's African Journey, Doubleday/Random House, 2003. Actualmente, está a preparar um livro intitulado The Baroness: A Woman Slaver and the Battle to End the Transatlantic Slave Trade, W.W. Norton, com data de publicação prevista para 2012. É formada em ciência política pela Universidade de Columbia, e mestre em jornalismo na Graduate School of Journalism da mesma universidade.
2011-04-28
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