No primeiro trimestre de 1963 a revista "Présence Africaine", editada em Paris, na sua edição 45, a páginas de 127 a 135, descreveu, muito detalhadamente, o que realmente era a FUA, sua organização e objetivos, confirmando, assim, a informação de um ex-agente da CIA (Philip Agee in "Dentro da"Companhia" - DIÁRIO DA CIA, 1975, Circulo do Livro, São Paulo, Brasil, tradução de Sylvia Jambeiro, 652 páginas) segundo a qual mais de 88% das notícias com interesse operacional para fins de elaboração de informações "intelligence" significativas e verossímeis provém de notícias, reportagens ou entrevistas em jornais de diferentes origens, as quais constituem o manancial mais útil da "companhia" e não propriamente as obtidas de agentes especiais ou informantes. Constatamos isso várias vezes em nossa atividade como quadro de serviços de "inteligência" (que nada tinham a ver com a polícia política). Quadros do MPLA, da UNITA, da FNLA e da FUA, quase sempre egocentristas e narcisistas, não resistiam à tentação de se exibirem como tais nos países aonde tinham de se deslocar para cumprirem determinadas missões ou procurarem contatos, quando um indiscreto jornalista os abordava...ou quando sentiam necessidade de fazer propaganda na mídia.Tecendo o historial da FUA, a "Présence Africaine" remontava ao ano de 1940 referindo que nessa altura fizera sua aparição em Angola um vasto surto de idéias emancipalistas, cuja recordação perdurou por muito tempo; idéias, essas, que suscitaram um profundo anseio de libertação que se apossou de uma ampla facção da juventude angolana; em particular, dos mestiços e dos "brancos", como transparecia, como já dissemos, dos sentimentos latentes e algumas vezes exteriorizados em Lisboa por alguns sócios da recém-nascida Casa dos Estudantes de Angola (de que nos ocuparemos noutro trabalho porque - e disso nos orgulhamos - fomos um dos seus fundadores e cavouqueiros, acompanhando as iniciativas dos angolanos brancos e mestiços Alberto Marques Mano Lemos de Mesquita, Fernando Santos e Castro, Acrísio Sampaio Nunes, Filipe Pitta Gros Cascais, Seabra de Azevedo, Artur Lemos Pereira, Ângelo Vidigal Dias, Emílio Leite Velho, João de Sousa Machado, Hugo Azancout de Meneses, Abílio Augusto Ferreira de Lemos e outros). Segundo essa revista, nasceu então uma corrente nacionalista, de certo modo inspirada nas idéias defendidas pelo general Charles de Gaulle, líder supremo da França Livre e mentor da Resistência Francesa, de que resultaria a Conferência de Brazzaville e, subseqüentemente, a Associação de Estados Coloniais que assumiria a denominação de Union Française. Esse ideário contribuiu para revitalizar, no Sul de Angola, o movimento que adotaria a denominação de Frente para a (ou de) Unidade Angolana...
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