De Benguella ás terras de Iácca: por H. Capello e R. Ivens. Expedição organisada nos annos de 1877-1880


De Benguella ás terras de Iácca, descripção de uma viagem na Africa central e occidental. Comprehendendo narrações, aventuras, e estudos importantes sobre as cabeceiras do rios Cu-nene, Cu-bango, Lu-ando, Cu-anza e Cu-ango, e de grande parte do curso do dois ultimos; alem da descoberta dos rios Hamba, Cauali, Sussa e Cu-gho, e larga noticia sobre as terras de Quiteca, Nʼbungo, Sosso, Futa, e Iácca, por H. Capello e R. Ivens. Expedição organisada nos annos de 1877-1880
Ed. illus.

Published 1881 by Imprensa nacional in Lisboa .
Written in Portuguese

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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Pescas em Portugal: Ultramar - um apontamento histórico Fisheries in Portugal: Overseas - an historical note António Martins Mendes

Pescas em Portugal: Ultramar

Revista Portuguesa de Veterinária - Nota Histórica

Resumo: A extensa fronteira oceânica e a localização geográfica de Portugal fizeram dos Portugueses grandes consumidores de pescado, mesmo não sendo a costa muito rica em pescado. Em 1939 os reis de Portugal e Inglaterra assinaram um tratado para que os pescadores portugueses pescassem nas costas de Inglaterra, pagando os mesmos direitos que os habitantes locais. Desde a expansão e descobertas que seguiam pescadores no rasto das caravelas os quais se estabeleciam em baías desertas desde que a pesca aí se tornasse rentável.

A colonização das costas de Angola ao sul de Benguela iniciaram–se apenas em meados do Século XIX, em Moçâmedes, Porto Alexandre, Baía dos Tigres, etc.
A vida era difícil uma vez que não existia água doce disponível a sul de Moçâmedes, mas era compensada pela abundância de peixe que era capturado, salgado e seco.
Apesar da má qualidade do produto final os pescadores conseguiam exportar este pescado seco e salgado para algumas colónias africanas mas muitas toneladas de produto foram destruídas em Angola.

Apenas com técnicas primitivas os pescadores conseguiam também preparar óleo e farinha de peixe. A indústria pesqueira foi-se desenvolvendo e transformou-se numa indústria próspera. Os Serviços Veterinários intervinham para garantir a qualidade e a higiene do pescado e produtos derivados. Foram instaladas fábricas de enlatados em Benguela, Luanda e outros portos. Mercados do interior abasteciam–se de peixe refrigerado e congelado que lhes chegava por caminho-de-ferro. Para reforçar a sua actividade, os Serviços Veterinários criaram laboratórios nos portos pesqueiros e um serviço especial de bacteriologia para o controlo de Salmonella nas farinhas de peixe.

Como consequência do aumento das actividades pesqueiras e da importância económica da sua indústria foi criado em 1970 o “Instituto das Indústrias da Pesca de Angola”. Em 1973 a soma envolvida nas pescas e indústria pesqueira chegou aos 1.550.804.000$00.

Em Moçambique, apesar da longa costa marítima de 2.975 km, a situação era completamente diferente. As actividades piscatórias limitavam–se à pesca tradicional praticada na maior parte das vezes junto a estuários, com especial incidência na Baía de Lourenço Marques (actualmente Maputo).

Alguns cientistas Sul-africanos trabalharam em águas Moçambicanas na identificação de espécies de pescado locais e o camarão transformou–se no ex-libris local.
Em 1966 um instituto especializado em estudos científicos de pescado foi instalado em Angola e em Moçambique, mas estes aspectos serão referidos em outra nota histórica sobre as actividades dos médicos veterinários portugueses.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Visita às possessões portuguesas na costa ocidental de África 1841-1842. George Tames

Parte da Introdução ao ensaio. Clicar sobre para aumentar

"Entre caravanas de marfim, o comércio da urzela e o tráfico de escravos: George Tams, José Ribeiro dos Santos e os negócios da África centro-ocidental na década de 1840"



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domingo, 4 de setembro de 2011

A «grande dívida histórica»


Texto extraído do extinto portal Imigport


Estúpido, masoquista e paranóico! Só com estes três epítetos consigo definir a tua personalidade! É preciso ser de uma menoridade mongolóide para escrever o que tu escreves e esquecer-te do passado do teu país! Nós que colonizámos, roubamos, torturamos, violamos e escravizámos estes povos africanos! Não sentes sequer vestígios de culpa nessa tua consciência microscópica? Como podes agora considerá-los como uma espécie de peso morto, a eles que durante séculos nos carregaram a nós? Nós temos uma dívida histórica! Temos o dever de os receber, de os educar e de tratar bem deles.
Eu não aceito a existência desta dívida. E você também não o deve fazer.


A actual tecnologia não permite a transmissão de mensagens para o passado. Deste modo como posso eu tentar convencer os meus antepassados a não fazerem o que fizeram? É evidente que nem nós nem qualquer outro povo da terra pode ser responsabilizado pelo que os seus antepassados fizeram.
Se assim fosse teríamos todos de estar a pagar a dívida de quando a nossa espécie levou o “homo erectus” à extinção, que por sua vez levou o “homo habilis” à extinção e assim sucessivamente. Tem de haver um limite à transmissibilidade hereditária das dívidas históricas porque senão a culpa acumulada era tão grande que a humanidade já tinha morrido de insónia.

De qualquer maneira a esmagadora maioria da população portuguesa actual nunca viveu nas ex-colónias, nunca tratou mal nenhum africano. Nunca explorou ninguém, aliás o contrário é que sucedia. Porque têm eles de andar a pagar dívidas morais?

É claro que houve portugueses que exploraram e “bem” as ex-colónias e os seus povos. Indivíduos com interesses na exploração agrícola, comunicação social, construção e obras públicas, etc. Curiosamente muitos mantêm agora no nosso país as mesmas actividades. Algumas dessas pessoas são agora altas figuras da nossa classe política. Estes sim, devem ter muitos motivos para sentir um peso na consciência. Mas são eles sozinhos que têm de lidar com ela. Se acharem que o suicídio é a única solução, pois façam-no sozinhos. Não arrastem Portugal.

Se realmente temos essa dívida, será que a única forma de a pagar é receber no nosso país o excesso de mão-de-obra dos PALOP? Será que não conseguiam negociar outra forma de pagar a dívida? Pagar em dinheiro ou em géneros por exemplo? Aumentar a cooperação? Porque é que essa dívida tem de ser paga pela manutenção das portas escancaradas?

Mas se insistem que essa dívida existe, então comecemos por verificar se as nossas supostas vítimas são realmente assim tão inocentes e têm o “cadastro” realmente limpo.

O senhor Basil Davidson, grande inimigo dos portugueses e grande demagogo ao serviço dos movimentos de “libertação”, no seu livro «À descoberta do passado de África» refere que a África era originalmente habitada por um grande número de povos diferentes entre os quais os negros propriamente ditos, os árabes, os berberes, os pigmeus, os bosquímanos, etc. Ele também disse que os negros acabaram por se tornar no grupo racial mais numeroso de África. Mas não é muito claro ao explicar a forma como isso aconteceu.

Pois bem, eu vou passar a explicar:

Ao contrário do que aconteceu com os exércitos romanos que transportavam os seus historiadores, nunca ninguém em África se lembrou de escrever a história deste continente e dos seus povos. Reconstruí-la é um trabalho de detective. Mas existem duas pistas valiosas. As línguas e os vestígios arqueológicos.

Quando os exploradores europeus acabaram o reconhecimento de África, observaram que, com excepção do extremo norte, o continente era quase totalmente ocupado pelos negros. As únicas excepções eram pequenas bolsas de pigmeus e do que restava dos povos khoisan.

Os pigmeus são um grupo racial que partilha com os negros a cor da pele mas a semelhança acaba aí. São de estatura mais pequena, têm o cabelo mais encaracolado e um crânio de formas distintas. Hoje existem apenas 200.000 pigmeus para 200 milhões de negros. Todos os indícios apontam para que os caçadores pigmeus tenham ocupado outrora todas as florestas tropicais até serem expulsos e condenados a viver isolados em pequenas “ilhas” pelo avanço dos agricultores negros. Dos antigos pigmeus já se descobriram artefactos em zonas actualmente ocupadas por agricultores negros embora ainda não se tenham descoberto esqueletos.

Os khoisan pelo seu lado dividiam-se em dois grupos. Os de estatura elevada, mais tarde designados desdenhosamente por Hotentotes que eram pastores e os San, também chamados pejorativamente de bosquímanos, de estatura pequena que eram caçadores recolectores. Estes povos formam também um grupo racial distinto e têm um tom de pele de um castanho muito mais claro que os negros, que há quem designe por “amarelado”. Foi um grupo deste povo que foi a estrela principal do filme “Os deuses devem estar loucos”. Foram também estes povos que se tornaram aliados naturais das tropas portuguesas no sul de Angola, durante a guerra colonial, quando eram designados por “setas” e muito apreciados pelas suas qualidades. As línguas khoisan só existem actualmente na África do Sul com excepção da língua Hadza e Sandawe que são faladas na Tanzânia a uma distância de mais de 1.500 milhas dos seus parentes linguísticos mais próximos. Adicionalmente as famosas consoantes “clicádas” da linguagem khoisan e algumas das suas palavras aparecem em linguagens faladas por negros do Quénia. Tudo isto sugere que as línguas e o povo khoisan outrora se estendiam bastante para norte até serem obliterados pelos negros deixando para trás apenas algumas palavras como testemunho da sua antiga presença. Arqueólogos na Zâmbia descobriram crânios e ferramentas de pedra típicas do povo khoisan.

E afinal de onde vieram os negros propriamente ditos?

As 1400 línguas africanas provêem de apenas 4 grupos originais como provaram os trabalhos do linguista Joseph Greenberd de Stanford. Os povos bantos formam hoje o grupo populacional mais numeroso do sul de África. As linguagens banto representam quase metade das 1032 línguas do grupo Níger-Congo. Só os povos que falam línguas da família Banto representam perto de 100 milhões de pessoas. Todas as 464 línguas Banto são tão aparentadas que têm sido consideradas 464 dialectos da mesma língua.

Utilizando várias técnicas e tendo em conta a actual distribuição geográfica desses dialectos e o grau de afastamento linguístico entre si foi possível reconstruir o puzzle da origem desta língua e presumivelmente do seu povo. Eles tiveram origem na zona dos Camarões e Nigéria. É esta a terra que podem genuinamente reivindicar como sendo a terra dos seus antepassados. Todos os outros territórios foram conquistados e os seus habitantes originais expulsos ou condenados à extinção.
A expansão banto começou cerca de 3000 A.C. Em 1000 A.C. já tinham chegado à zona dos grandes lagos. A costa este de África foi atingida nos primeiros anos da nossa era. Pouco depois adquiriram a tecnologia do ferro que já tinha começado a ser trabalhado na zona do Sael e finalmente num dos avanços colonizadores mais rápidos da pré-história recente deslocaram o que restava dos povos khoisan das suas terras e ocuparam-nas em poucos séculos.

O registo fóssil não gravou o que passou, mas sabemos qual foi o resultado; no fim, dos khoisan não restavam mais do que poucas centenas de famílias a viver uma vida precária no deserto escaldante do Kalahari, entre o norte da Namíbia e o sul de Angola.

Como se deu essa substituição?

De modo pacífico, simplesmente pelo acumular das inúmeras pequenas vantagens competitivas que uma cultura superior proporciona, ou violentamente? O registo fóssil é silencioso sobre isto. Mas tendo em conta o comportamento actual desses povos será que alguém é capaz de apostar o braço direito em como essa substituição não se deu também por via violenta? Algum povo na história cedeu o terreno que ocupava sem dar luta? A ausência de prova não é prova da ausência.

Uma coisa é certa: um povo não só se apoderou do território antes ocupado por outro, como o substituiu quase completamente, atirando o povo nativo para a beira de extinção! Agora existe um nome para isso.
Chama-se genocídio!

As potências coloniais europeias nunca chegaram a este extremo!
Quando é que os povos banto chegaram às nossas ex-colónias? Não se sabe com precisão. Mas sabemos que quando os Holandeses chegaram à zona do cabo ainda lá viviam grupos de khoisan e os negros Xhosa ainda lá não tinham chegado. É muito possível que quando os nossos navegadores chegaram a Angola, o povo que lá encontraram tenha colonizado e ocupado esses territórios há poucas centenas de anos atrás, quanto muito. Eles não eram nenhuns anjinhos que lá viviam pacatamente desde a noite dos tempos!

Espero que o leitor se esteja a aperceber de todas as consequências disto. É que as nossas supostas vítimas TAMBÉM são descendentes de COLONIZADORES! Precisamente da ÚLTIMA vaga de colonização a atingir o sul de África antes da chegada dos europeus. E eles foram bem mais longe! O que é pior? A escravatura ou o genocídio?

Deixemo-nos de complexos! Os negros jogaram o jogo da história como todos os outros povos. Umas vezes jogaram bem, outras jogaram mal. Umas vezes ganharam, outras perderam. Tal como todos os outros povos. Eles não são nenhuns coitadinhos fadados para o papel de vítimas!

Se nós temos uma dívida moral a pagar pelo que fizeram os nossos antepassados, então os negros não têm também uma dívida moral a pagar pelo que os seus antepassados fizeram aos khoisan e aos pigmeus? Já a começaram a pagar? Porque é que só se fala na nossa dívida e não na deles?
Nós já entregamos os territórios que ocupamos, através desse processo que ficou conhecido como a “descolonização exemplar”. E eles? De que esperam para devolver os territórios ocupados aos khoisan e aos pigmeus?

Mas existe mais um pormenor que eu considero simplesmente delicioso: Um grupo de cientistas tentou determinar o grau de parentesco genético entre grupos negros seus vizinhos e os khoisan e chegou a uma interessante conclusão: Eles estão bastante separados! Tudo indica que houve muito pouca mistura de sangue! Como explicar isto? Como explicar que duas raças vivam nas proximidades uma da outra durante provavelmente centenas de anos sem que tenha havido mistura de sangue? Será que os negros não achavam os khoisan suficientemente atraentes? Ou será que os negros consideravam os bosquímanos uma raça INFERIOR? Parece que Hitler não foi original nas suas teses de higiene racial!

Os SOéSes tinham um cartaz de propaganda que mostrava uma mulher negra e dizia mais ou menos isto: “Eu já fui escrava. Você é racista. Eu pelo menos evoluí”!
Se esses meninos se tivessem dado ao trabalho de estudar a história de África poderiam ter escrito uma frase mais completa: “Eu já fui escrava. Também fui colonizadora e até genocida. Você é racista mas eu ainda sou mais. Será que evoluí alguma coisa?”
Talvez...

É evidente que isto não foi sempre a regra. Houve também miscigenação. Por exemplo o povo xhosa de Nelson Mandela não pode esconder os seus genes khoisan. Mas os zulus já não aparentam possuí-los.
E a escravatura? Nós não começámos a escravatura em África. Foram os árabes os primeiros, dos tempos modernos, a traficar com os escravos africanos. E eles eram apenas intermediários. Quem caçava os negros, eram OUTROS negros. Houve tribos que se especializaram nisso. Houve reinos africanos que viveram épocas de grande prosperidade à pala do negócio da escravatura. Só mais tarde os nossos antepassados começaram a cobrir todas as fases do “negócio”.

Eu não estou a tentar legitimar a escravatura. Ela foi algo de horrível. Só peço é que as coisas sejam vistas na devida perspectiva. Não é justo que os nossos antepassados sejam retratados como os piores monstros, responsáveis por tudo o que de mau aconteceu aos negros, sobretudo quando os próprios negros têm o palmarés que já descrevi.

Portugal, que na altura se chamava Lusitânia, também foi durante três séculos uma colónia do Império Romano. É quase certo que muitos dos nossos antepassados também foram escravizados. Alguma vez nos lembramos de ir cobrar dívidas morais à Itália?

O nosso país também foi ocupado por árabes durante cinco séculos. Perdemos a soberania para Espanha durante 75 anos, sofremos as invasões francesas. Durante o século XIX as coisas corriam-nos tão mal que Portugal quase se transformou numa colónia de Inglaterra; eles eram os donos das nossas maiores empresas, controlavam uma significativa porção do nosso comércio externo, etc.

De cada vez que nos livramos dessas situações de subjugação passamos as décadas seguintes a culpar o “inimigo” por todos os nossos males? Não tenho conhecimento de que tenha sido essa a nossa actuação. Aliás todos os países europeus passaram por situações difíceis. E todos eles reagiram da mesma maneira: Lamberam as feridas e seguiram em frente!

Só os africanos negros parecem estar determinados a passar o resto da eternidade a usar o colonialismo europeu como bode expiatório para todos os males que afligem os seus países.
E durante mais quanto tempo vão eles fazer isso? Mais 50 anos? Mais 500 anos? Mais 5000 anos?
E quanto à obrigação de os educar? Eu não percebo estas pessoas. Por um lado desfazem-se em rasgados elogios aos heróis africanos que resistiram durante 500 anos à aculturação europeia. Por outro, acham que eles são ignorantes por nossa culpa e é nossa obrigação educá-los! Em que é que ficamos? Decidam-se de uma vez por todas.

Bom, uma vez que estamos a falar de dívidas, temos que falar em amortizações: Durante os séculos XVIII, XIX e grande parte do século XX as colónias africanas nunca deram lucro. Elas eram antes um pesado fardo para o Estado português. Só na década de 50 é que Angola e Moçambique começaram a conseguir bastar-se com os seus próprios recursos. Cabo Verde, Guiné e São Tomé NUNCA chegaram a ser economicamente independentes. Foram os portugueses da metrópole que pagaram as cidades que deixamos em África, bem planeadas, espaçosas e melhores do que as que tínhamos em Portugal. O mesmo se passou com as infra-estruturas, as escolas, os hospitais, etc. A ideia bastante divulgada de que nós vivíamos à conta das colónias africanas é falsa. Pelo menos até aos anos 50 foi precisamente o contrário que se passou. Isto não abate nada na dívida?

Nessas colónias montámos um sistema educativo e de cuidados médicos que eram justamente considerados dos melhores de toda a África. Isso não abate nada na nossa dívida histórica?
E os portugueses que dedicaram a sua vida a esses territórios, que com o seu trabalho contribuíram para o seu progresso e prosperidade e que no fim tiveram que regressar quase só com a roupa que traziam vestida? Isso não abate nada na nossa dívida?

Na década de 60 rebeldes da UPA, no norte de Angola atacaram fazendas dos colonos portugueses. Mataram com armas primitivas homens, mulheres e crianças, na maioria dos casos com requintes de malvadez e no fim declararam-se não arrependidos e disseram que hoje repetiam tudo. Isso também não desconta nada?

E os arquipélagos de Cabo Verde e São Tomé que estavam desertos quando os encontrámos? Nós fomos os primeiros habitantes dessas ilhas. O facto de lhes termos concedido a independência foi um acto de generosidade ao qual não estávamos obrigados. Isso também não amortiza nada.
E o que temos gasto em programas de cooperação, em perdões de dívidas, em ajudas alimentares, em apoio a refugiados, em reservar nas nossas universidades lugares para africanos?
Mas afinal quanto é que ainda devemos?

E daqui por umas décadas vão cobrar aos nossos descendentes a dívida da forma como os trabalhadores imigrantes ilegais estão a ser tratados pelos “patos-bravos” desde a década de 80?


NOTA: Mais pormenores sobre a pré-história recente de África podem ser encontrados no artigo «How Africa became black» de Jared Diamond publicado na revista “Discover magazine”.



Colocado em Geral às 20:57 de Segunda 12 Março por causanac
http://www.causanacional.net/index.php?itemid=319
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“Colonialismo não pode continuar a ser o bode expiatório para o atraso de África”

Relatório da ONU afirma: “Colonialismo não pode continuar a ser o bode expiatório para o atraso de África”


Publicado 20 20UTC Agosto 20UTC 2009 Uncategorized Deixar um Comentário

Tags:Colonialismo, História & Cultura, ONU, Política


Finalmente a ONU reconhece oficialmente que o Colonialismo não pode continuar a ser o bode expiatório para o atraso de África.
Na próxima Assembleia Geral das Nações Unidas, a decorrer em Setembro em Nova Iorque, o Secretário-geral da organização, o Sul Coreano Ban Ki-Moon, irá apresentar um novo relatório sobre África, o seu desenvolvimento e os seus desafios. Este novo documento, da autoria do Português Rodrigo Tavares, revela-se um novo olhar sobre África.

O Continente Negro enfrenta, como todo o mundo, a crise financeira e económica que abalou as mais fortes economias mundiais. Dependente da exportação de matérias-primas como as madeiras ou o petróleo, os países africanos estão a combater a actual crise com um custo muito superior ao dos restantes Estados. Pobreza, corrupção, má gestão, guerras civis, desemprego, violência e falta de unidade e consciência nacional são alguns dos muitos problemas que cronicamente afectam a maioria dos Estados de África.

Até há pouco tempo atrás, o Colonialismo servia de bode expiatório para todo e qualquer mal que África tinha. Não havia união nacional (jamais se poderia falar em Estados Nação como no Velho Continente) pois, às custas das políticas expansionistas das potências europeias, África tinha sido dividida a régua e esquadro. Não se podia falar em desenvolvimento económico pois as velhas potências não tinham criado as condições ideais para o desenvolvimento sustentado da população. Não se podia falar em muita coisa! O Colonialismo era a razão para todo o atraso de África!
Hoje o panorama é diferente! E hoje a ONU reconhece que o Colonialismo não pode ser mais usado como forma de desculpar todo o subdesenvolvimento de África.

É verdade que este tema continua a ser tabu em muitos países do continente e que, na realidade, o período colonial deixou feridas profundas que ainda hoje têm cicatrizes visíveis em quase todos os países. É verdade que o Colonialismo é reprovável e que teve consequências no desenvolvimento de muitas jovens nações. Mas, também é verdade que o Colonialismo já acabou. Acabou em 1994 quando a África do Sul reconheceu o direito à independência da Namíbia, mas, de facto, os últimos actos de Colonialismo tiveram lugar na década de 70 do século passado. A independência das 5 antigas colónias Portuguesas neste continente encerrou o processo de colonização em África. Desde então, as nações africanas ficaram por sua conta e risco. Não foi um processo pacífico: houve muitas guerras civis pelo meio, houve muitos golpes de Estado, houve muita propaganda e houve, também, muita má gestão.
Rodrigo Tavares, o autor do relatório, revela que é uma falta de respeito os líderes africanos acusarem sistematicamente as antigas potências pelo seu atraso: “É impensável criticar os antepassados coloniais relativamente ao que está a acontecer diariamente naquele continente. Isso negligencia a própria capacidade dos africanos de serem responsáveis pelos seus actos, é uma desconsideração“, afirma a investigador.
Nem mais, os Estados Africanos e os seus líderes deixaram de ter no período colonial a desculpa para a sua situação actual. E, não é a primeira vez que este tema vem às luzes da ribalta. Recentemente, Lula da Silva, Presidente do Brasil, e Barack Obama, Presidente dos EUA, afirmaram esta mesma ideia em deslocações a alguns países africanos.
“São os próprios africanos – adoptando muitas vezes discursos vitimizadores que culpabilizam o colonialismo como raiz de todos os seus problema – que patrocinam o assistencialismo. Sem ajuda da União Europeia, a União Africana dificilmente teria condições para continuar a exercer as suas funções“
Apesar da oficialização desta ideia por parte da ONU ser a grande novidade do relatório, e reconhecendo que tal não será bem recebido por muitas elites africanas, pois de certa forma vai ao desencontro da ideologia defendida por alguns líderes africanos, nem todo o panorama apresentado é baseado nesta nova perspectiva. A par da actual crise, que tanto tem afectado África – só para se ter uma ideia, o relatório prevê 28 milhões de desempregados em 2009, 110 milhões de cidadãos na pobreza total, 44 milhões de pessoas subnutridas além de uma descida abrupta Investimento Directo Estrangeiro – em África ainda acontecem milagres: o crescimento económico, com excepção neste período de crise, tem mantido em média uma subida superior a 5% ao ano; houve uma diminuição dos conflitos internos e a percentagem de crianças a frequentar a escola tem subido consideravelmente. Alguns Estados Africanos têm prosseguido com excelentes políticas de boa governação (vejam-se os casos da Namíbia, Botsuana ou Cabo Verde).
Mas, se a ajuda internacional continuar a baixar como tem acontecido até ao momento, os “Objectivos de Desenvolvimento do Milénio” jamais poderão ser alcançados. Tal como diz o investigar autor deste novo relatório, a Europa tem um papel fundamental em todo o processo de desenvolvimento de África. Pondo desde já de lado a questão do Colonialismo, “a Europa está apenas a 20kms de distância” de África e, além disso, há uma encruzilhada histórica que liga e ligará os dois continentes. Aos muitos interesses encómicos europeus na região, sempre houve uma atenção especial com África (especialmente de países como Portugal, a Inglaterra ou a França). A Cimeira Europa – África (organizada sempre por iniciativa de Lisboa) é um dos exemplos que põe África no topo das prioridades de desenvolvimento humano dos europeus.


Este post baseou-se nas reportagens do “Expresso” e do semanário moçambicano “A Verdade”
 
ORIGEM

Racismo, Xenofobia e Discriminação



A questão do racismo, xenofobia e discriminação atribuídas aos portugueses continua a ser um tema recorrente na sociedade Moçambicana. Esta questão parece preocupar mais os moçambicanos, passados 27 anos sobre a sua Independência, que a pobreza da população. O problema é que não se percebe, muitas vezes, a que portugueses é atribuído tão pouco dignificante estatuto: a) aos que viviam em Moçambique antes de 1974 (cerca de 250 mil); b) aos que agora aí vivem (cerca de 13 mil); c) aos que residiam em Portugal antes de 1974; d) aos que residem actualmentel; f) a todos os portugueses, incluindo os de origem africana; g) apenas os brancos; etc.

O Racismo dos Portugueses
A frequência com que o tema do alegado racismo dos portugueses surge na Internet em Moçambique, tem um evidente conteúdo político que importa perceber. A perspectiva dos colonizados, não é naturalmente coincidente com a do colonizado.

Perspectiva dos Colonizados.

1. É sabido que as relações entre os países colonizados e os colonizadores nunca são pacifícas. Pelo meio existe toda uma história em comum, que tanto estimula sentimentos de simpatia como de ódio.

2.Os antigos colonizados tendem a encarar os colonizadores, como a fonte de todos os seus problemas passados, presentes e futuros. Em geral produzem um discurso que repete sem cessar os mesmos temas: Eles viviam nas suas terras pacificamente até que um dia foram assaltados, desapossados das suas terras e recursos naturais, escravizados. Os colonizadores não se preocuparam em desenvolver o país, mas apenas em roubar e humilharam as populações, etc.
3.Aos olhos dos colonizados, os colonizadores, tem uma "divida eterna" para com eles. Quando um emigrante de um país colonizado volta a uma antiga colónia, frequentemente sucedem-se as queixas de roubos, saques com a conivência das autoridades locais. Ao nível do discurso popular, este tipo de roubos é assumido como uma modesta reparação. Tudo o que lhes conseguiram extrair é sempre pouco, dado que os seus antepassados colonos fizeram muito pior.
4. As relações entre países colonizados e colonizadores, raramente são colocadas em termos de reciprocidade. Uns tem mais obrigações que outros.Uns sentem-se no direito de receber, outros estão moralmente obrigados a pagar.

5.Os casos de alegada discriminação dos seus emigrantes nas antigas potências colonizadoras, são percepcionados como a confirmação de uma ideia feita.É a prova que os antigos colonizadores continuam a ser tão racistas como antes.
Há muito de Verdade nestas afirmações, mas raramente exprimem toda a Verdade.

6.O certo é que à força de tanto ser repetido este discurso, os antigos colonizadores acabam por se tornarem numa espécie de personificação do Mal, transformando-se num "bode espiatório" para todas as frustrações e insuficiências sentidas no quotidiano. Não há mal nenhum que não lhes possa ser atribuído.
7.Os mais pobres entre os colonos, quase sempre os únicos que aceitavam os trabalhos mais humildes junto das populações locais são erigidos à condição de protótipo do antigo Colono. Tornam-se objecto de anedotas onde encarnam a figuras de pacóvios, estúpidos, burros, ignorantes, etc. Desta forma procura-se ridicularizar o pertenço domínio ou superioridade do colonizador. Quase dois séculos depois da Independência do Brasil, a figura do "português", como sinónimo de ignorante e espertalhão está ainda bem presente nas anedotas no Brasil.

Perspectiva dos Colonizadores
8. Os antigos colonizadores, por seu lado, tendem a encarar os ex-colonizados como uns ingratos, dado que eles não reconhecem o esforço de gerações de colonos a desbravarem terras, criarem plantações, abrirem estradas, portos, etc etc.
9. Aos seus olhos os habitantes das antigas colónia apenas vêem os aspectos negativos da colonização, estão amarrados ao lado negro de um passado comum.Na sua perspectiva, existem outros problemas mais importantes para serem discutidos. O passado passou, e tudo deve ser visto em função do respectivo contexto histórico, em suma, relativizado.

10. O diálogo entre "colonizadores" e "colonizados" acaba frequentemente num monólogo cada um esgrimindo as suas ideias feitas sobre o Outro.
Diálogo Portugal - Moçambique

O caso das relações entre Moçambique e Portugal, apresenta alguns aspectos curiosos. Lendo as acusações sobre o racismo dos portugueses descobre-se a ideia que estaria no horizonte uma alegada invasão de Moçambique pelos portugueses. O que analisando a sociedade portuguesa e os seus fluxos emigratórios, tal situação está longe de ser perspectivar. Há outros destinos mais lucrativos para quem quer emigra. A baixa taxa de natalidade em Portugal transformou-o também o pais, deixou de ser um tipíco exportar de mão-de-obra, para ser um destino para imigrantes. É também pouco provável que a comunidade portuguesa na África do Sul (cerca de 500 mil pessoas) se desloque para Moçambique. Tudo leva a crer que a unica comunidade que tende a aumentar é a dos moçambicanos em Portugal, à semelhança do que acontece com as restantes ex-colónias, nomeadamente com o Brasil.

O que justifica então esta continua referencia ao racismo do portugueses? Apenas a necessidade de encontrar um "bode expiatório" para as frustração quotidianas? Uma desculpa para a incompetência dos governantes?.

A insistência no alegado racismo dos portugueses, remete-nos para duas hipóteses explicativas que continuam a ter eco na sociedade moçambicana:
a) O alegado racismo e xenofobia dos brancos (portugueses), ao permitir uma clara distinção racial, possibilita igualmente a criação de uma clima que favorece a coesão nacional entre negros, induzindo-os a uma consciência de unidade cultural por oposição ao branco;

b)A denuncia do alegado racismo dos brancos (portugueses), deixa transparecer a intenção de criar uma tensão entre dois tipos de culturas: a Ocidental (racista, xenofoba, etc) e a Islâmica (dominante no norte de Moçambique).

Em qualquer dos casos, trata-se de cortar ou enfraquecer as ligações de Moçambique com as suas raízes europeias (portuguesas), abrindo caminho ao reforço de outras influências.

Carlos Fontes

Conceitos

.Xenofobia: Aversão aos estrangeiros, ao Outro (o Diferente).

Nenhum povo é intrinsecamente xenofobo, no entanto, muitos assumem com maior frequência estas posições que outros. Em certas épocas esta aversão é mais notória também que noutras. A xenofobia não parece ter haver com o nível de desenvolvimento do país. Presentemente assistimos uma vaga de xenofobia nos países economicamente mais desenvolvidos. A razão deste fenómeno que atinge toda a Europa, EUA, Austrália, etc, é simples: o estrangeiro (imigrante,etc) é apontado como a causa do aumento da criminalidade, mas também como uma ameaça às regalias duramente conquistadas pelos trabalhadores locais. Na verdade, o estrangeiro (o imigrante) está, em geral, disposto a trabalhar com salários inferiores aos praticados no país e em condições mais precárias. Esta situação acaba por provocar certa animosidade contra os mesmos por parte dos trabalhadores desses países. Em França, entre os apoiantes da extrema-direita (xenofoba) contava-se centenas de milhares de operários. Um dos maiores problemas da xenofobia é quando esta se manifesta sob a forma de um nacionalismo exacerbado, chauvinismo, etc. É nesta alturas que ocorrem perseguições colectivas às minorias, às quais são atribuídos todos os males.
Racismo: Conceito ideológico segundo o qual todos os homens distinguem-se em função da sua raça, sendo que umas são melhores que outras devido certas características inatas ( melhor inteligência, mais valentia, etc.).O discurso racista, fundado numa alegada superioridade biológica foi durante muito tempo o discurso dos que detinham o poder, ou dos que se acham que tinham NATURALMENTE direito ao mesmo. O Branco achava-se superior ao Negro, o Nobre superior ao Plebeu,o Inglês superior ao Irlandes Católico, etc. Desta forma legitimavam a exploração que faziam de outros seres humanos.
Discriminação: Exclusão de seres humanos no acesso a determinadas ocupações, baseada em factores arbitrários como o sexo, raça, nacionalidade, etnia, etc.
Outros temas:

Racismo e Xenofobia. Identidade Nacional . Pobreza e Vitimismo . A Democracia é Possível. Democracia e Corrupção.

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