domingo, 4 de setembro de 2011

“Colonialismo não pode continuar a ser o bode expiatório para o atraso de África”

Relatório da ONU afirma: “Colonialismo não pode continuar a ser o bode expiatório para o atraso de África”


Publicado 20 20UTC Agosto 20UTC 2009 Uncategorized Deixar um Comentário

Tags:Colonialismo, História & Cultura, ONU, Política


Finalmente a ONU reconhece oficialmente que o Colonialismo não pode continuar a ser o bode expiatório para o atraso de África.
Na próxima Assembleia Geral das Nações Unidas, a decorrer em Setembro em Nova Iorque, o Secretário-geral da organização, o Sul Coreano Ban Ki-Moon, irá apresentar um novo relatório sobre África, o seu desenvolvimento e os seus desafios. Este novo documento, da autoria do Português Rodrigo Tavares, revela-se um novo olhar sobre África.

O Continente Negro enfrenta, como todo o mundo, a crise financeira e económica que abalou as mais fortes economias mundiais. Dependente da exportação de matérias-primas como as madeiras ou o petróleo, os países africanos estão a combater a actual crise com um custo muito superior ao dos restantes Estados. Pobreza, corrupção, má gestão, guerras civis, desemprego, violência e falta de unidade e consciência nacional são alguns dos muitos problemas que cronicamente afectam a maioria dos Estados de África.

Até há pouco tempo atrás, o Colonialismo servia de bode expiatório para todo e qualquer mal que África tinha. Não havia união nacional (jamais se poderia falar em Estados Nação como no Velho Continente) pois, às custas das políticas expansionistas das potências europeias, África tinha sido dividida a régua e esquadro. Não se podia falar em desenvolvimento económico pois as velhas potências não tinham criado as condições ideais para o desenvolvimento sustentado da população. Não se podia falar em muita coisa! O Colonialismo era a razão para todo o atraso de África!
Hoje o panorama é diferente! E hoje a ONU reconhece que o Colonialismo não pode ser mais usado como forma de desculpar todo o subdesenvolvimento de África.

É verdade que este tema continua a ser tabu em muitos países do continente e que, na realidade, o período colonial deixou feridas profundas que ainda hoje têm cicatrizes visíveis em quase todos os países. É verdade que o Colonialismo é reprovável e que teve consequências no desenvolvimento de muitas jovens nações. Mas, também é verdade que o Colonialismo já acabou. Acabou em 1994 quando a África do Sul reconheceu o direito à independência da Namíbia, mas, de facto, os últimos actos de Colonialismo tiveram lugar na década de 70 do século passado. A independência das 5 antigas colónias Portuguesas neste continente encerrou o processo de colonização em África. Desde então, as nações africanas ficaram por sua conta e risco. Não foi um processo pacífico: houve muitas guerras civis pelo meio, houve muitos golpes de Estado, houve muita propaganda e houve, também, muita má gestão.
Rodrigo Tavares, o autor do relatório, revela que é uma falta de respeito os líderes africanos acusarem sistematicamente as antigas potências pelo seu atraso: “É impensável criticar os antepassados coloniais relativamente ao que está a acontecer diariamente naquele continente. Isso negligencia a própria capacidade dos africanos de serem responsáveis pelos seus actos, é uma desconsideração“, afirma a investigador.
Nem mais, os Estados Africanos e os seus líderes deixaram de ter no período colonial a desculpa para a sua situação actual. E, não é a primeira vez que este tema vem às luzes da ribalta. Recentemente, Lula da Silva, Presidente do Brasil, e Barack Obama, Presidente dos EUA, afirmaram esta mesma ideia em deslocações a alguns países africanos.
“São os próprios africanos – adoptando muitas vezes discursos vitimizadores que culpabilizam o colonialismo como raiz de todos os seus problema – que patrocinam o assistencialismo. Sem ajuda da União Europeia, a União Africana dificilmente teria condições para continuar a exercer as suas funções“
Apesar da oficialização desta ideia por parte da ONU ser a grande novidade do relatório, e reconhecendo que tal não será bem recebido por muitas elites africanas, pois de certa forma vai ao desencontro da ideologia defendida por alguns líderes africanos, nem todo o panorama apresentado é baseado nesta nova perspectiva. A par da actual crise, que tanto tem afectado África – só para se ter uma ideia, o relatório prevê 28 milhões de desempregados em 2009, 110 milhões de cidadãos na pobreza total, 44 milhões de pessoas subnutridas além de uma descida abrupta Investimento Directo Estrangeiro – em África ainda acontecem milagres: o crescimento económico, com excepção neste período de crise, tem mantido em média uma subida superior a 5% ao ano; houve uma diminuição dos conflitos internos e a percentagem de crianças a frequentar a escola tem subido consideravelmente. Alguns Estados Africanos têm prosseguido com excelentes políticas de boa governação (vejam-se os casos da Namíbia, Botsuana ou Cabo Verde).
Mas, se a ajuda internacional continuar a baixar como tem acontecido até ao momento, os “Objectivos de Desenvolvimento do Milénio” jamais poderão ser alcançados. Tal como diz o investigar autor deste novo relatório, a Europa tem um papel fundamental em todo o processo de desenvolvimento de África. Pondo desde já de lado a questão do Colonialismo, “a Europa está apenas a 20kms de distância” de África e, além disso, há uma encruzilhada histórica que liga e ligará os dois continentes. Aos muitos interesses encómicos europeus na região, sempre houve uma atenção especial com África (especialmente de países como Portugal, a Inglaterra ou a França). A Cimeira Europa – África (organizada sempre por iniciativa de Lisboa) é um dos exemplos que põe África no topo das prioridades de desenvolvimento humano dos europeus.


Este post baseou-se nas reportagens do “Expresso” e do semanário moçambicano “A Verdade”
 
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