terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Colónias (As) portuguesas perante a guerra

1915-01-03 Versão para impressão
Colónias (As) portuguesas perante a guerra
"É do Sr. Lisboa de Lima, último ministro das Colónias, o artigo que se segue e que, com a devida vénia, transcrevemos da Revista Colonial: «As colónias portuguesas, ao declarar-se a guerra europeia que sem dúvida as afectaria, senão na integridade de seus territórios e na sua ordem interna, ao menos na situação económica e financeira de todas elas, estavam em vésperas de ver efectivada a sua autonomia administrativa e financeira que as leis de 15 de Agosto de 1914 lhes outorgaram e pelas quais as colónias de longa data ansiavam, como a mais segura garantia das suas propriedades e desenvolvimento.

Se não fora a guerra europeia, seria hoje um facto o empréstimo de 8 000 contos para Angola, como primeira parte do grande empréstimo dos 40 000 contos; e à utilização criteriosa daqueles 8 000 contos seguir-se-ia sem dúvida o complemento do plano de fomento.

Portanto, mesmo apesar de deixarem a desejar as condições económicas de Angola ao serem decretadas as leis de 15 de Agosto, aquela província em poucos anos estaria, como as demais colónias portuguesas, em situação de usar com toda a liberdade a sua autonomia, emancipada da tutela que a obrigavam, perante a metrópole, os forçados subsídios de que até agora tem carecido.

O reflexo da guerra europeia nas condições económicas e financeiras de todas as colónias, veio, pois, surpreendê-las nas vésperas de uma situação em que elas punham todas as suas esperanças, pela garantia que lhes dava de uma vida nova de trabalho e de inegável desenvolvimento. Não depende do esforço individual de ninguém, nem até do esforço de todos os portugueses, que a situação anormal que para as nossas colónias criou, termine em prazo curto. Depende, porém, e muito, de todos nós, de dirigentes e de dirigidos, que os efeitos dessa guerra se façam sentir o menos possível em todas as colónias e especialmente naquelas que pela sua vizinhança de colónias pertencentes as nações beligerantes, mais expostas estão a ser mais profundamente atingidas pelos efeitos da guerra.»"

Fonte: LIMA, Lisboa de, "As Colónias portuguesas perante a guerra" in O Jornal do Comércio e das Colónias, n.º 18 270, de 3 de Janeiro de 1915, p.2.

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