1- SEMENTES EMANCIPALISTAS COLONIAIS NAS TREVAS DO PASSADO
Tanto em Angola como em Moçambique o pensamento emancipalista não nasceu, como muitos supõem, somente depois da IIª Guerra Mundial. É um sentimento antigo que já anteriormente à década de 20 se manifestava em surdina nas várias colônias africanas; mormente em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Em Lisboa, depois dos movimentos de negritude afro-americano e antilhano do primeiro quartel do século XX, surgiu um embrião de reivindicação emancipalista, de protesto negro, de que fazia parte o intelectual caboverdiano Martinho Nobre de Melo, mais tarde "transformado" por Salazar em embaixador e diretor do vespertino "Diário Popular" na década de 40. Surgiu em Luanda a Liga Nacional Africana, só para melanodérmicos, a que se seguiu a Associação dos Naturais de Angola - ANANGOLA - muito mais tarde, mas já aceitando em suas fileiras gente "branca"...
Quando em 1951, sendo então alferes, chegamos a Lourenço Marques, atual Maputo, na colônia de Moçambique, para enquadrarmos tropa negra, barata, os chamados "voluntários da corda" (forçados a alistarem-se...) a fim de irmos servir no Extremo-Oriente (Macau), então ameaçado pela irrequieta vizinhança do exército popular da China Vermelha, das conversas trocadas com portugueses ali radicados há muito e com naturais, brancos e mestiços, foi-nos dito que em 1940 houvera, na capital, uma tentativa de sedição chefiada por um coronel reformado do extinto exército ultramarino; tivera por objetivo a proclamação da independência. Esse movimento, de certa maneira teria tido respaldo, oficioso, da disfarçadamente inamistosa administração britânica dos vizinhos territórios coloniais da União Sul Africana e da Niassalândia (hoje, Malawi).
CONTINUA...
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