DELIMITAÇÃO TERRITORIAL:
O navegador Diogo Cão aportou, na sua 2ª viagem, o Rio Zaire, no reino do Congo, em 1485, e reconheceu a costa angolana até ao Cabo Negro, atual Luanda, colocando aí os padrões para testemunhar a presença portuguesa.
Este reino e a parte litoral explorada até Luanda, ficaram subordinados ao Arquipelago de São Tomé e Príncipe, dado a sua proximidade e como centro de transito dos escravos.
As terras litorais a sul do Rio Dande até 35 léguas ao sul do Rio Cuanza foram dadas como capitania ao Paulo Dias Novais em 1559, quando ali chegou com alguns jesuítas. Ele em 1576 fundou a povoação de Luanda e construiu 3 fortalezas, governou durante 14 anos e morreu em 1589.
Em 1617 foi fundada a povoação de Benguela na costa litoral e construídas fortalezas. Em 1641 os holandeses capturaram Luanda, mas os portugueses recuaram-se para o interior, e ao fim de 7 anos em 1648 com o apoio de Salvador Correia de Sá, vindo do Brasil, expulsaram os holandes. Salvador Correia foi nomeado Governador, 1648-1652.
Nos finais do século XVII o domínio costeiro expandiu-se para o interior e o reino indígena Ndongo ou Andongo tornaram-se protectorados portugueses e no sul fundaram uma feitoria e fortaleza em Caconda.
Devido ao clima e alimentação, muitos dos expedicionários, jovens metropolitanos, açoreanos e madeirenses, morriam. Eram campanhas de ocupação local, mas, ao mesmo tempo de avançar com a ideia de ligar Angola a Moçambique, de cuja costa também partiam expedições para o interior.
Em 1790 deu-se a primeira ligação terrestre entre Angola e Moçambique, quando os mercadores mulatos, Pedro João Baptista e Amaro Noé, chamados Pombeiros, saindo de Cassenje alcançaram Tete, em Moçambique.
Depois da revolução liberal,1820, os textos constitucionais enumeravam os domínios africanos como territórios espalhados pelas áreas afro-atlântico e índica, constituindo no seu conjunto três governos gerais: o de Cabo Verde e Guiné; o de Angola e o de Moçambique; e um governo particular: o de São Tomé e Príncipe e são João Baptista de Ajudá.Da África Ocidental constavam as parcelas de Bissau e Cacheu, o Forte de São João Baptista de Ajudá; na Costa da Mina: Angola, Benguela e suas dependências, Cabinda e Molembo e as Ilhas de Cabo Verde e as de São Tomé e Príncipe. Na costa oriental africana indicavam-se Moçambique, Rios de Sena, Sofala, Inhambane, Quelimane e Cabo Delgado.
No interior de oeste para o leste não havia limites fixos e muito pouco se sabia ainda acerca dos vastos espaços interiores e das populações que os habitavam. Eram vastos espaços onde cruzavam-se as caravanas dos mercadores e traficantes africanos que traziam para a costa, cera, marfim, e outros produtos, e os escravos comprados nas feiras africanas ou nas fortalezas portuguesas disseminadas pelo interior.A ideia de unir a costa ocidental à costa oriental em 1831 é, de novo tentada. O major, José Maria Correia, com 400 mercadores e carregadores com objetivos económicos e geográficos saiu do Tete, Moçambique, seguindo a rota de 30 anos de Lacerda e Almeida,e atingiu Cazembe, entre Zámbia e Congo, regressando a Tete em 1832. Em 1850 o explorador português Silva Porto fixou-se no centro de Angola e fez explorações geográficas e económicas e atingiu a Zâmbia onde se encontrou com Livingstone, voltando a Angola por mar em 1854, e que mais tarde se suicidou quando algumas tribos locais se revoltaram contra Portugal por incitação inglesa. Na mesma época o naturalista Welwisch ao serviço do governo português percorreu Angola e atingiu Cuando, outros partindo de Inhambane, Moçambique, atingiram Kugger National Park.
Em Angola como em Moçambique para reforçar as suas posições na Foz do Luabo e em Tete, Portugal usou a política de aliança com os boers do Transval, adversários dos ingleses, e procedeu a exploração do Rio Cunene para evitar intromissões estrangeiras nas zonas costeiras do sul de Angola, alargando-se as fronteiras a leste com o Cassenje, a norte no Rio Congo e a sul no Rio Cunene.
A Sociedade de Geografia de Lisboa, criada em 1875, fomentou outras expedições, como as dos oficiais da marinha, Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, os quais partindo em 1877 de Moçamedes, Angola, atingiram Quelimane, em Moçambique, fazendo a viagem “De Angola à Contra Costa”. O Capitão Serpa Pinto saindo de Silva Porto, Angola, em 1877 chega a Zâmbia Central e atinge Transval e Durban em 1879, percorrendo parcialmente Moçambique; Henrique de Carvalho viajou de Malanje, Angola, até ao Rio Cassai, em 1884-86.
Na Conferência de Berlim em 1885-1886, com base nestas explorações, Portugal reivindicou como seu o território desde as costas de Angola, da Foz do Zaire até a Foz do Rio Cunene, até Moçambique. Mas as potencias europeias nessa conferência decidiram que a reivindicação devia ser apenas através de ocupação efectiva dos territórios ultramarinos. A Grã-Bretanha fez o ultimato em Janeiro de 1890 e nos seus termos Portugal foi obrigado a renunciar parte do território ligando Angola à Moçambique (Zambézia e Rodésia), através do Tratado Luso-Britâncio de 1891. Com este entendimento com a Inglaterra, Portugal fez as campanhas militares de pacificação e de efectiva ocupação territorial, delimitando os seus limites definitivamente. Desde então, os alemães e ingleses cobiçaram Angola, Moçambique, Goa e Timor como compensação em caso de empréstimo português como divida pública. Os EUA queriam Açores. Em 1904 a Alemanha queria a totalidade das colónias portuguesas, mas o Tratado secreto de Windsor de 1899 entre Portuagl e Grã-Bretanha anulou o de 1898, entre Inglaterra e Alemanha.
MISSIONAÇÃO: A missionação começou logo após a 2ª expedição de Diogo Cão em 1485. Em satisfação do pedido do respetivo rei, em 1490 chegou ao Congo a primeira missão constituida de 3 navios com artífices, sacerdotes e ferramentas, e foi construida a primeira igreja, em S. Salvador do Congo, reino que tornou-se um protetorado português e seu rei com a família e a elite governamental converteram-se ao crisitianismo e adotaram por batismo os nomes católicos. O rei passou a ser Afonso I e surgiram nomes como Pedro, Francisco, Diogo, Afonso, Bernardo, Henrique e Álvaro, etc. A partir de 1512 foram para lá enviadas com regularidade missões com padres, mercadores e conselheiros e um grupo de jovens congoleses vieram a Portugal para formação cultural. Dos quais Henriques foi ordenado sacerdote e consagrado como bispo de Utica e vigário-apostólico do Congo.
Em 1682 foi criada em Luanda uma Junta de Missões com missionários capucinhos italianos, mas com fracos resultados devido ao clima e resistência do indígena a conversão.
O século XVIII foi já de profunda decadência, principalmente com a expulsão dos jesuítas ordenada por Marques de Pombal. Depois da revolução liberal em Portugal nova decadência das Ordens Religiosas, paróquias, igrejas e missões interiores, excepto à partir de 1885, quando com as mudanças políticas na monarquia constitucional portuguesa houve aumento do pessoal missionário.
A partir de 1910 de novo a situação piorou com a política anti-religiosa republicana e suprimento dos subsíduos estatais às missões, encerramento dos institutos religiosos, seminários, banimento do ensino religioso nas escolas e nacionalização dos bens eclesiásticos. Em Angola vários religiosos que trabalhavam em Luanada e Moçamedes foram expulsos.
Com o Estado Novo, a partir de 1926 houve o renascimento católico. Em Angola foram fundadas 29 novas missões até 1940. Em 1940 o governo assinou com a Santa Sé 3 acordos: A Concordata, Acordo Missionário e o Estatuto Missionário. Salazar referiu:"Não se pode por, entre nós, o problema de qualquer incompatibilidade entre a política da Nação e a liberdade de evangelização, pelo contrário, uma faz parte da outra. O governo condiciona a evangelização à formação patriótica do clero". É dentro deste espírito de cooperação estatal com a igreja que de 1930 a 1960, mais de 20 Congregações missionárias enviaram pessoal para Angola: Beneditinos, Beneditinas, Doroteias, Irmãs do SS. Salvador, Irmãs de la Salette, Capuchinhos, Franciscanas Missionárias de Maria, Reparadoras, Teresianas, Redentoristas, Ordem Trapista, Irmãozinhos de Jesus, Irmãos Maristas, Irmãs do Amor de Deus, Dominicanas de Se. Catarina, Espiritanas, Missionárias Médicas de Maria, Dominicanas do Rosário, Irmãs da Misericórdia. E 1940 a 1968 o número de Padres angolanos passou de 8 a 71. Foi inaugurada no dia 8 de Dezembro de 1954, nas comemorações marianas, a primeira Emissora Católica: Rádio Eclésia. Em Luanda de 1960-1975, as paróquias passaram de 5 a 14. Foram criados novos seminários, e igrejas nas cidades e sedes das Missões. A evangelização expandiu-se pelo território e em muitos lugares era uma autêntica pré-evangelização, sobretudo nas zonas onde viviam os indígenas, nativos vivendo segundo os usos tradicionais. Portugal Confiou a instrução dos indígenas às Missões Católicas. A partir de 1961 houve grande impulso na missionação e no ensino, mas estava longe de corresponder às necessidades da população indígena. O ensino indígena de duração de três anos começou por se chamar Ensino Rudimentar, mais tarde chamado de Ensino de Adaptação, findo o qual a criança era submetida ao exame oficial. O indígena, que queria aprender mais, tinha de ir para o seminário ou jogar futebol. As Missões eram um meio de difusão do catolicismo e de promoção das populações. A escola, a oficina e o trabalho rural, eram actividades que não faltavam na grande maioria das Missões. A Missão era frequentemente o único centro de ensino intelectual e profissional para a grande maioria das populações rurais.
Em 1961, foi fundado o Instituto de Educação e Serviço Social Pio XII, em Luanda, com orientação católica, tendo formado durante anos, assistentes sociais, educadoras de família e da infância.
Os Serviços de Saúde solicitavam Irmãs para os hospitais, centros de saúde e dispensários. Proliferaram igualmente os Movimentos católicos: Apostolado da Oração, Legião de Maria, Cursos de Cristandande, Conferências Vicentinas, Escuteiros.
Na década de 60, devido a construção civil, as populações rurais deslocaram-se nos perímetros das cidades, onde motivou especial atenção por parte da Igreja, através do trabalho de evangelização desempenhado pelos catequistas, cuja formação cultural, pedagógica e religiosa, era feita em cursos de dois anos, seguindo as orientações do Vaticano II.
A partir do Acordo Missionário de 1940-1975 foram criadas as Arquidioceses de Luanda e as Dioceses de Nova Lisboa (Huambo), Silva Porto (Kwito-Bié), Sá de Bandeira (Lubango)- sendo seu 1º bispo D. Altino Ribeiro Santana do clero docesano goês -,Luso, Carmona e S. Salvador, Malanje, Henrique de Carvalho( Saurimo), Sumbe (NOvo Redondo),Serpa Pinto( Menongue) e Pereira de Eça ( Onjivae). O serviço religioso era prestado por padres europeus, euroafricanos e assimilados.
À medida que a guerrilha era confinada aos distritos de Cabinda, Zaire, Uije e Moxico foram construidas estradas asfaltadas, as quais facilitaram o contato e a evangelização indígena. Com a descolonização de novo a igreja entrou em decadência e os padres diocesanos portugueses partiram quase todos para Portugal. Os Organismos Católicos despareceram e os serviços religiosso ficaram desorganizados, os seminarios vazios e o clero reduzido, na altura da independência.
Mas em 1977 o trabalho missionário retomou o seu antigo ritmo., novos missionários chegaram sobretudo da América Latina, A Igreja desenvolveu-se e aumentou o número de crianças da catequese. O número de seminaristas maiores duplicou. Nasceram as Congregações Religiosas Femininas de origem angolana. Os noviciados femininos passaram de 5 para 25. Apesar da guerra, a Igreja cresceu e desenvolveu-se.
NOTAS:
[1] Cfr. e., a. muaca, Breve História da Evangelização de Angola 1491-1991;Biblioteca Evangelização e Culturas, Cucujães, 1991; id., História sobre a Evangelização de Angola 1491-1991, Luanda, Oficinas Gráficas São José-CEAST- 1990; m. n. Gabriel, Angola Cinco séculos de Cristianismo, Braga, LITERAL, 1978.
[2]Cfr. e., a. muaca, Breve História da Evangelização de Angola 1491-1991;Biblioteca Evangelizaçõo e Culturas, Cucujães, 1991; id., História sobre a Evangelização de Angola 1491-1991, Luanda, Oficinas Gráficas São José-CEAST- 1990.
Conferência Episcopal de Angola e São Tomé: CEAST
COLONIZAÇÃO: O primeiro governador Paulo Dias de Novais recebeu em regime de donataria as terras entre o sul do Rio Dande e o sul do Rio Quanza e em 1575 levou 700 pessoas para colonizar as terras da sua capitania e estabelecer em 6 anos cem famílias europeias, concedendo-lhes a terra em sesmarias não hereditárias e organizar um exército de 400 homens e construir 3 castelos. Os soldados, marinheiros, mercadores e ciganos para lá enviados nesse período misturaram-se com a população por miscegenação.
Entre 1849 e 1884 voluntários vindos do Brasil e de Madeira fixaram-se em Moçámedes. Neste período a emigração portuguesa orientava-se para o Brasil, com a convicção de que a África era hostil ao europeu.
As autoridades desde a monarquia constitucional e depois na República abordaram os problemas de atraso das populações africanas, do trabalho obrigatório e da discriminação racial no acesso aos cargos.
Na década de 1920 foi aberto o primeiro liceu, Liceu Salvador de Correia, em Luanda, donde saíram na década de 1930 os primeiros ideólogos angolanos, Américo Machado, Viriato Cruz e António Agostinho Neto. Na área do combate as doenças tropicais, sendo governador, Norton de Matos, deu-se o Primeiro Congresso da Medicina Tropical.
Em 1930 a colonização europeia em Angola atingiu cerca de 58 000 pessoas. Na década de 1950 criaram dois colonatos europeus: Cela, no centro de Angola, e, Matala no sul de Angola. A par da colonização europeia na década de 1950 procurou-se a elevação dos indígenas de Angola, bem como dos territórios de Timor, São Tomé e Príncipe, Guiné, e Moçambique, em regime de cidadãos assimilados, desde que tivessem regras sociais ocidentais da população europeia, mestiça, ou mesmo negra, quando considerados civilizados, e desde que soubessem, ler e escrever português.
Também nesta ltura o acto colonial sofreu alterações e é anexado a Constituição de 1950 e os territóruos ultramarinos são designados de Províncias Ultramarinas. E neste sentido em 1961 o Ministro do Ultramar, Adriano Moreira, introduziu reformas para combater a discriminação derivada das subculturas, no entanto, como as reformas liberais no passado, na prática a sua aplicação teve obstáculos porque a consciência colectiva, sobretudo das instituições civis, ainda não estava preparada, salvo excepções. A população estava estraficada: os europeus com mais privilégios do que os mestiços e africanos.
Na década de 1960 criaram outros colonatos: colonatos negros; colonatos dos soldados; e colonatos de cabo-verdianos. Para administração desses projectos de povoamento rural criaram as Junatas Provinciais de Povoamento. Com esta política na década de 1960 houve um grande afluxo da população europeia nas áreas citadinas.
A Lei Orgânica do Ultramar de 1972 conferiu a Angola e a Moçambique o Estatuto Territorial de Estados Ultramarinos.
A partir da Revolução de 25 de Abril de 1974 e durante a guerra pós independência em 1975 muitos cidadãos portugueses, sobretudo europeus, cerca de 800 000 abandonaram Angola.
Em Angola os maiores grupos etnográficos eram dos Umbundos no planalto de Benguela. Anbundus, no norte de Benguela, Congus ou Quicongos até ao interior do Congo Belga e no sul e ao oriente os lundo-Quioca; Ganguelles, hereros, naneca-usubus, anebos e os xindongos no sw africano (Namíbia).
INFRAESTRUTURAS BÁSICAS: A primeira povoação fundada foi Luanda em 1576 por Paulo Dias Novais, seguida da povoação litoral de Benguela, em 1617.
Entretanto Luanda por volta de 1665 já tinha edifícios sumptuosos e um activo porto marítimo e as instituições administrativas básicas, de ouvidor-geral, provedor, secretário, juiz-de-fora. Marques De Pombal ali criou o celeiro público, alfândega e hospital e algumas povoações no interior, Ambaca, Macala, Malanje, povoações que mais tarde, após a Conferência de Berlim de 1884-85, ja tinham uma linha férrea ligando-ás as povoações litorais de Luanda, Lobito, Benguela e Moçamedes. O capital estrangeiro foi o dinamizador dessas obra públicas, como, construção de pontes, caminho-de-ferro, estradas e telégrafos, estudos hidrológicos no Baixo Zaire, em Cabinda e na Foz do Rio Cunene.
De 1950-1974 foi o período de novos e elevados investimentos, dando-se início a instalação da primeira indústria têxtil, com fomento agrícola, florestal e pecuário, caminhos-de-ferro, portos e transportes marítimos e fluviais, estradas, pontes e aeroportos, urbanização, águas e saneamento, centrais hidroeléctricas e produção de energia eléctrica. Novas escolas oficiais foram abertas, por todo o território.
ECONOMIA: Logo de início, desde 1458, este reino de Congo e a parte litoral ficaram subordinados ao Arquipelago de S. Tomé e Príncipe, como fonte de escravos para mão-de-obra e mais tarde ao Brasil para exploração de cana-de-açúcar e das minas de ouro no século XVIII. Portugal abastecia os colonos e os reinos indígenas de Angola com têxteis, loiça, tabaco, facas, aguardente, sal, etc em troca de escravos e marfim. Para troca interna, sendo a moeda escassa usavam rectângulos de palha, sal, conchas, etc., mesmo para pagamento do pré-militar.
A decisão de Pombal em 1756 de decretar liberdade de comércio, reservado até aí apenas aos africanos, estimulou o povoamento e na agricultura foram introduzidas as plantações de urzela e de pastel. Foram criadas uma fundição de ferro e indústria de couros. Apenas o trato dos escravos ficou como monopólio régio e escravos foram levados para as companhias de Pernambuco e Paraíba. Com as consequências da revolução industrial e dos ideias dos direitos do homem da revolução francesa a mão-de-obra escrava é combatida e em princípios do século XIX os barcos negreiros eram perseguidos pela marinha inglesa e portuguesa através da Estação Naval de Angola. Neste período, além de combate a escravidão, o governo empenhou no ensino e no fomento da agricultura e foi fundada a imprensa oficial em Angola.
Em 1834 venderam terras para plantação de café na região de Cazengo, interior de Luanda, de cana-de-açúcar, nos oásis costeiros para fabrico de rum, e de algodão nas regiões do sul, com boa produção na primeira metade do década de 60, época de fome de algodão, com a guerra civil americana.
A burguesia colonial era formada de agentes directos dos poderosos mercadores residentes no Brasil e de negociantes emigrados de Portugal e pelas grandes famílias crioulas implantadas em Angola, mantendo ligações estreitas com Portugal. Com o incemento de comércio externo foram introduzidos os direitos alfandegários em áreas a que Portugal se achava com direitos, como o estuário do Congo, sobre exportações, e Luanda e Benguela abriram-se a navegação estrangeira, e foi concedida uma maior autonomia administrativa e municipal aos domínios ultramarinos. Foi banido o tráfico ilegal, que apesar do patrulhamento britâncio, reimplantou-se nos pontos de litoral como Ambriz e Moçamedes. Com a abolição da escravatura, acompanhada do conceito de cidadania da Carta Constitucional, e na convicção de que a mão-de-obra livre era mais eficiente que o trabalho escravo, na década de 1850 introduziram carros de bois no transporte de mercadorias e carregadores no sector público e em 1854 o Conselho Ultramarino criou um sistema de tutela aos libertos, mas na prática estas medidas encontraram oposição e eram os próprios governadores os primeiros a contrariar.
Foi fundado o Banco Nacional Ultramarino em Luanda em 1864, com papel importante até a década de 70, na concessão dos empréstimos aos plantadores e mantendo estreita ligação com a rede mercantil de Lisboa, ao mesmo tempo atraindo capital, sobretudo inglês para fomento de navegação, caminhos-de-ferro e na exploração e exportação das minas de cobre de Bembe e na fundação da Companhia de Navegação do Cuanza. Depois da Conferê ncia de Berlim de 1884-1885 e graças às obras públicas realizadas, as grandes companhias estrangeiras desenvolveram a exploração de matérias-primas e produtos agrícolas, algodão, borracha, açúcar, café, chá, oleaginosas, sisal, cacau e a prospecção e exploração dos recursos minerais, e diamantes. Associadas as Companhias Estrangeiras surgiram companhias coloniais portuguesas dedicadas a exportação dos produtos e a sua comercialização. Estas companhias também trasportavam para o império os produtos industriais metropolitanos vinhos e tecidos de algodão, produtos alimentares, conservas de carne, azeite, massas alimentícias, calçado, tintas, etc, como um prolongamento do mercado interno, e transportavam para Metrópole produtos africanos para exportação, via Lisboa, açúcar, caju, copra (de Moçambique), café, cera, borracha, açúcar (de Angola) e cacau (de São Tomé). Aos produtos vindos do ultramar em 1882 foi aplicada a pauta proteccionista.
Este desenvolvimento criou deficite nos orçamentos de Angola e de Moçambique, ficando o Estado endividado ao BNU e aos credores externos, causando inflação e desvalorização monetária, paralisando a actividade económica em Angola e em Moçambique, entre 1925-26. E os seus produtos eram inferiores em qualidade e caros, relativamente aos produtos estrangeiros e, consequentemente, as suas exportações cairam. Esta situação é agravado com as ideias expansionistas da África do Sul e pela crítica da Sociedade das Nações Unidas sobre o trabalho indígena. Para solucionar este problema Salazar lançou a sua poltíca de rigor orçamental e de crédito público e as colónias tornam-se uma extensão importante do mercado interno para agricultura e industria transformadora dos produtos agrícolas, pecuários, matérias-primas e minérios coloniais.
As pretensões revisionistas italo-alemãs do Tratado de Versalhes de 1919 levaram Mussolini em 1933 propor à Inglaterra a partilha das colónias portuguesas entre Alemanha e a Itália e entre 1935 e 1937 surgem boatos de entendimento germano-britânico relativamente a partilha de Angola e de Moçambique. Foi este motivo que levou Salazar a decretar o Acto Colonial, em que afirmou que o Estado não alienava nenhuma parcela do território colonial e restrigiu às concessões aos estrangeiros e às entidades particulares. Extinguiu altos-comissários e os substituiu por governadores-gerais, subordinados ao Ministro das Colónias ou ao Governo de Lisboa. Esta medida pôs fim a autonomia financeira das colónias e o seu orçamento ficou a carecer da aprovação do Ministro das Colónias. Foram medidas de centralização e de equilíbrio das contas e defendeu "uma comunidade e solidariedade natural" entre a metrópole e as colónias. Este acto colonial mudou o rumo da colonização portuguesa na política, ideologia e instituições. Como resultado os mercados metropolitano e colonial sofrem grandes desenvolvimentos quantitativo e qualitativo durante a guerra e no pós-guerra.
Com a revisão constitucional de 1951, o acto colonial é lhe anexado com alterações e são acrescentados os conceitos de ultramar português e províncias ultramarinas. Ao mesmo tempo para fomento ultramarino flexibilizou a politica de equilíbrio orçamental e tomou medidas para barateamento dos fretes dos transportes marítimos e modernização da frota mercante e intensificação da migração portuguesa para o ultramar. Também surgem reformas no regime de trabalho indígena tentando por côbro ao recrutamento compulsivo. O Estado e os empresários portugueses iniciaram exportações de capital para os territórios ultramarinos. É assim criado o Espaço Económico Comum português, que criou certa tensão com os adeptos da abertura preferencial à Europa. O EEC tinha a intenção de criar economias fortes em Angola e em Moçambique de modo a poder concorrer com o espaço metropolitano e nos mercados externos, baseando-se na igualdade económica das partes no Portugal pluricontinental e plurirracial. Por iniciativa estatal foram lançados ambiciosos planos de infra-estruturas ferroviárias, portuárias e aeroportos, estradas e pontes, pistas de aviação, desenvolvendo transportes marítimos, fluviais e ligações aéreas "imperiais", bem como a urbanização, águas e saneamento, barragens, energia eléctrica e fomento das prospecções mineiras em Angola e em Moçambique. Estas obras foram concluidas com a ajuda do Plano Marshall, 1949-1951 e depois através dos Planos de Fomentos, I, II e III até 1974. A CUF fez a exploração das minas de cobre e de outras matérias-primas e produtos agrícolas, com parcerias dos grupos Espírito Santo ou BNU, associados a interesses de prósperos colonos locais; procedeu-se ao fomento de missões científicas, geológicas, geográficas ou antropológicas; procedeu-se igualmente a abertura de indústrias complementares e de apoio aos planos anteriores, Champalimaud instalou cimenteiras em Angola e em Moçambique e arrancaram as indústrias, têxteis, alimentares, carnes e bebidas, entre outras, dando grande incremento à produção industrial, fomento agrícola, florestal e pecuário, comércio externo, provocando o crescimento do PIB. Em 1972 surgiu o projecto de Sines a pensar no petróleo angolano.
Este desenvolvimento em Angola foi chamado de “milagre económico” com um crescimento de 7% entre 1963 e 1973 contra 4% em média dos anos anteriores, e traduziu-se no significativo crescimento dos sectores transformador e extrativo, respetivamente nos produtos agrícolas de sisal, açúcar e café, e de diamantes, petróleo e minérios de ferro. virados ao mercado externo e ao consumo interno nas cidades europeizadas e dos contingentes militares e das populações nativas. Igualmente cresce o sector de vestuário e de calçado. As empresas mais importantes eram: CADA – Companhia Angola de Agricultura, SARL e a Sociedade Agrícola de Cassequel, Companhia dos Diamantes de Angola, a Companhia Mineira de Lobito, e a Cabinda Gulf Oil Company, dedicavam-se ao mercado externo. Na produção ao mercado interno: Petrangol e a Cimento Secil, Fabrica de Bicicletas e Motorizadas, Ldª- FABIMOR, a Fáb. Tintas Dyrup de Angola, Lda, a Secil Marítima, SARL, a Angolan African Oxygen (fábrica de eléctrodos para soldaduras a gás) a Angotrónicas – Industria electrónicas do ultramar, a Sadat – sociedade Angola de acumulador Tudor e a Sterling Farmacêutica Portuguesa (Angola), CUCA – companhia união de cervejas de Angola, Companhia de Congo Agrícola, da Quintas & Irmãos, da Confiang, etc.
A guerrilha não teve impacto, apesar de deslocações forçadas das populações devido a guerra e da destruição dos sectores de economias tradicionais africanas, com perda de colheitas, envenenamento dos solos, etc. no processo de desenvolvimento angolano.
PROBLEMAS SOCIAIS, GUERRILHA E INDEPENDÊNCIA: A partir de finais do século XIX à medida que se dá a expansão económica e abuso do poder e uso de força sobre a mão-de-obra nativa nas roças de café e de algodão há revoltas dos trabalhadores, por incumprimentos do horário do trabalho, atraso nos vencimentos, alimentação fraca e falta de condições de enfermagem, e que são brutalmente reprimidas: revolta nos Dembos, no norte de Angola, em 1871-72;
Insatisfeitos com a situação social 20% dos bacongos angolanos emigraram para o Congo, volta de 150 000. Na década de 1940 surgiu o movimento, tocoismo, de Simão Toco, político-religioso, xenófobo e inimigo do Estado, dos seus funcionários, dos médicos, dos missionários católicos e protestantes e de todos aqueles que trabalhavam com ele e queriam dominar os brancos e torna-los seus criados e Simão seria o chefe eleito pelo Salvador para salvar os pretos e para libertá-los da escravidão branca. Mas os seus dirigentes foram presos em 1949 e foram encarregados de recuperação da grande parte da populaçãpo do norte e foi concedido aos autóctones não assimilados a construção de novas escolas, alargamento dos programas escolares, reconstrução das aldeias destruídas pelos portugueses e os refugiados no Congo ex-Belga regressaram às suas terras e Toco viveu em liberdade vigiada em Luanda e depois foi deportado para os Açores com a sua mulher demente e dos seus 3 filhos e ali colocado como ajudante do faroleiro a 25 km de Ponta Delgada e com o 25 de Abril de 1974 regressou a Luanda em 31/8/1974.
Agitação entre trabalhadores contratados do Norte de Angola em 1956; revolta e greve dos trabalhadores das plantações algodoeiras da Baixa do Cassenje, no norte de Angola em 1956. E é neste contexto que surgem, influenciadas pelas ideias socialistas e comunistas, as primeiras organizações independentistas: 1954 Holden Roberto funda em Leopoldville a UPA, união dos povos de Angola - e depois a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) com o apoio norte-americano; 1955 é criado o Partido Comunista de Angola, por inspiração do Partido Comunista Português, com implantação em quadros brancos das cidades, que mais tarde foi designado de Movimento Popular para Libertação de Angola, MPLA. Em 1959 os cabindas, bacongos, criaram a Frente de Libertação do Envlave de Cabinda, FLEC. Entre 15 e 16/3/1961 UPA faz massacres das populações europeias e dos africanos na Baixa do Cassenje, como protesto contra o cultivo obrigatório de algodão e contra o atraso nos pagamentos de salários a trabalhadores nativos e destroem as sementes, pontes, armazéns, missões católicas, e que são duramente reprimidas pelo Exército e Força Aérea.
As entidades oficiais fazem as primeiras ofensivas contra os militantes independentistas e em 1960 são presos Agostinho Neto, líder do MPLA, e o padre Joaquim Pinto de Andrade; 4/2/1961 dá-se o ataque frustado dos nacionalistas para libertar em Luanda os independentistas à instalações prisionais, causando diversos mortos e feridos. No funeral das vítimas dá origem a violenta perseguição e matança nos muceques da capital angolana.
Destes incidentes feito o relatório concluiu-se que a solução dos problemas era politico, económico e social, em ordem a findar os abusos e ilegalidades.
A FNLA implantada no norte de Angola recebia o apoio americano. O MPLA recebia o apoio da OUA, soviético e apoio militar cubano. Savimbi saído de FNLA com treino militar na China surgiu 1966 com a UNITA, união nacional para independencia total de Angola, e ataca o acminho-de-ferro de Benguela, vital para as exportações de Zâmbia, pelo que é expulso da Zâmbia e instala-se na fronteira. O MPLA abriu a nova frente no leste chefiada por Daniel Chipenda. A UNITA negoceou cessar-fogo com as forças portuguesas e tronou-se principal inimigo do MPLA.
Para combater a guerrilha, em 1967 foram fundados os grupos especiais de contra guerrilha: FLECHAS, com bases em Serpa Pinto, Gago Coutinho, Carmona, Luso e Luanda, à volta de Caxito e a guerrilha, foi confinanda aos distritos de Cabinda, Zaire, Uije e Moxico.
A aplicação das reformas levadas a cabo pelos republicanos e pelo Estado Novo, na prática não conseguiram os resultados esperados, a não ser com a intervenção militar depois da eclosão da luta armada em 1961. A guerra de defesa do ultramar em Angola iniciada em 1961, durou 13 anos, com 3 455 mortos, até a democratização do Estado Português, pela Revolução de 25 de Abril de 1974. Os principais grupos armados, FNLA, MPLA e UNITA, foram transformados em partidos armados. E o MFA, movimento das forças armadas portuguesas, iniciou conversações para transferência do poder em Alvor, em 1975, formando um governo provisório, incorporando os elementos dos mesmos. Este governo provisório, formado por partidos armados, com ideologias e interesses diferentes e antagónicos, entrou em conflito, dando origem a luta entre os partidos, que nos primeiros 3 meses, após provocar muitos mortos, culminou em 11/11/1975 pela proclamação unilateral pelo MPLA, em Luanda, da independência como Republica Popular de Angola, enquanto no mesmo dia em Ambriz, FNLA e UNITA proclamaram outro estado independente. O MPLA era apoiado pela União Soviética e pela Cuba militarmente e com participação de 3 000 militares cubanos, FNLA e UNITA eram apoiados pelos EUA, China, incluindo Coreia do Norte, Zaire e África do Sul, mas o Governo de MPLA teve reconhecimento do Governo Português, pelo que FNLA e UNITA passaram a guerrilha, e a guerra alargou-se a todo o território, de nore a sul, e destruiu as infraestruturas e edifícios, e, causou milhares de mortos, mutilados, traumatizados, e deslocações das populações. Após o desmoronamento da União Soviética em 1989 foi feito acordo de paz entre UNITA e o MPLA em 31/5/1991, em Bicesse, Estoril, por intermédio de Portugal, EUA, Rússia e ONU, mas o conflito armado continuou e só terminou com a morte de Jonas Savimbi, líder da UNITA, em 2002, após mais de 25 anos de luta armada em todo o território angolano.
Em síntese pode-se afirmar que a guerrilha até à altura da democratização de Portugal, seja da Revolução dos Cravos - 25.04.1974, não conseguiu travar o desenvolvimento sócio-económico de Angola, que então já possuia quase todas as estruturas básicas administrativas para o seu pleno desenvolvimento, embora tenha causado durante os 13 anos de luta 3 455 mortos nas tropas da defesa de Angola. Mas, o período posterior à revolução de 25.04.1974, sobretudo depois de independência, até ao ano 2002, durante quase 27 anos, Angola com a guerra urbana generalizada, abrangendo todo o território, entre os partidos, MPLA, FNLA e UNITA, e aliciamento dos jovens e adultos para os exércitos partidários, minagem dos terrenos, etc., sofreu o seu maior desastre económico e social, causando a destruição e paralização administrativa, destruição das infraestruturas e edifícios públicos, paralização da agricultura, industrias, milhares de mortos, mutilados e traumatizados da guerra, deslocações das populações, etc. Infelizmente, pode-se daqui deduzir que a política das independências defendida pela ONU foi um verdadeiro falhanço porque não tomou em consideração que os sistemas políticos devem ser mantidos, aperfeiçoados e corrigidos, em vez de serem combatidos e substituidos pelos outros sistemas políticos, a não ser que os mesmos estejam em caos administrativo, social e económico.
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