sexta-feira, 27 de maio de 2011

D. Anna Joaquina dos Santos e Silva e o tráfico ilícito de escravos de Angola no século XIX

“Prespectiva da Cidade de S. Paulo de Loanda no Reino de Angola”, 1825 
“Prespectiva da Cidade de S. Paulo de Loanda no Reino de Angola”, 1825
AHU, Iconografia Impressa

Conferência: D. Anna Joaquina dos Santos e Silva e o tráfico ilícito de escravos de Angola no século XIX
Conferencista: Lynne Duke (Escritora)
Resumo: Anna Joaquina dos Santos era uma grande comerciante, em Luanda, na primeira metade do século XIX. Ela representa uma classe de mulheres mestiças (e também negras) que ganhou riqueza e poder por via das relações estratégicas e românticas com negociantes homens estabelecidos, de Portugal ou do Brasil. Elas eram chamadas as "donas de Luanda," e Anna Joaquina era a mais famosa e, estima-se, também, a mais rica. Era conhecida pela ostentação e gastos generosos, incluindo durante a sua residência no Rio de Janeiro, onde adquiriu muitos imóveis. Durante sua vida (1788-1859) Anna Joaquina possuiu, pelo menos, 11 navios, incluindo muitos para a navegação atlântica. Na pesquisa realizada nos arquivos e bibliotecas de Lisboa, Luanda, Rio de Janeiro e Londres, e também na base de dados "Slavevoyages.com," documentaram-se nove viagens de comércio negreiro, nos seus navios, entre 1827 e 1846. Anna Joaquina estabeleceu, igualmente, feitorias em São Tomé, Cabinda, Ambriz, Cuanza, Novo Redondo, Quicombo, Benguela e Mossamedes. Enquanto os navios britânicos cruzavam o Atlântico para reprimir os negreiros, os navios de Anna Joaquina estavam entre as centenas que se furtavam a essa perseguição, e continuavam aquele "trafego odioso."
Curriculum viate: Lynne Duke é uma autora e jornalista, com uma carreira de vinte anos ao serviço do Washington Post, antes da sua aposentação, em 2008. Entre 1995 e 1999, dirigiu o escritório daquele jornal em Joanesburgo, na África do Sul, acompanhando o fim do "apartheid" e a transição para a democracia sob a direcção do Presidente Nelson Mandela. Tratou, igualmente, a queda de Mobutu Sese Seko, no Zaire, as guerras no Congo (Zaire), e no Rwanda, e o fim da guerra civil em Angola. Antes do Washington Post, trabalhou no Miami Herald, onde desenvolveu trabalho de investigação sobre o tráfico de drogas ilegais em Miami. O trabalho dela, em ambos os órgãos de comunicação social, foi várias vezes nomeado para o Pulitzer Prize, a mais alta distinção do jornalismo nos EUA. Lynne Duke é autora de Mandela, Mobutu and Me: A Newswoman's African Journey, Doubleday/Random House, 2003. Actualmente, está a preparar um livro intitulado The Baroness: A Woman Slaver and the Battle to End the Transatlantic Slave Trade, W.W. Norton, com data de publicação prevista para 2012. É formada em ciência política pela Universidade de Columbia, e mestre em jornalismo na Graduate School of Journalism da mesma universidade.
2011-04-28
ORIGEM