Debruço-me hoje sobre a eventual perspectiva da existência de
um bastião branco em África, no século XX, como há dias foi aqui
aflorado. É o direito de uma opinião e alguma gente concorda com ela,
especialmente alguns que se sentem derrotados pelo Império. Mas mais uma
vez, pela premissa de considerar que o outro império, o império da
opinião é igual para todos, não estando eu condicionado ou diminuído
pelo papel da liberdade que me assiste para apontar o dedo a quem não
gosta que se lho aponte, digo que essa perceptiva foi uma verdadeira
idiotice. No mínimo!... Pois nem os ultras da direita do regime que
apoiavam Salazar defendiam essa tese, pois já esperavam o nosso desastre
em África. Eles sabiam que era só uma questão de tempo.Bastaria tão só aos copistas estudarem, mesmo superficialmente, um pouco
da História de Angola e da própria África, para se convencerem que não
era possível a criação de um bastião branco a Sul do continente
africano.Para aqueles que no passado tiveram alguma pretensão nesse sentido,
recordem-se dos exemplos dos rodesianos de Ian Smith ou dos
sul-africanos de John Voster ou de Pick Botha. Basta olhar para o estado
caótico em que o primeiro país se encontra e no actual charco onde
chafurda o segundo. Onde mora o tal bastião branco?
A única verdade existente e que mundo ocidental aceitou desde o século passado, é amplamente redutora: África para os africanos.
Mas vamos incidir o nosso olhar apenas na história de Angola para
percebermos onde ela nos conduz e perceber também a posição e o estado
do leuconacionalismo angolano o qual vem demonstrar que a tese proposta para a implementação de um bastião branco em África não tinha qualquer viabilidade.
Após 500 anos Diogo Cão ter aportado em território angolano, é um facto
indesmentível que deixámos um país de que os angolanos se podiam
orgulhar.
No entanto, esses 500 anos não representam de maneira nenhuma uma
efectiva colonização. E é esta tese que tenho defendido publicamente e
não vi ninguém contrariá-la com bases sustentáveis.
Mas quais cinco séculos de colonização? Esta é outra grande mentira,
explorada não só em Portugal pelos partidos e políticos pantrampistas,
que desconhecem a verdadeira História de Angola e que a maioria da
populaça, ignorante, subserviente, encaixou.
Quando referem os 500 anos de exploração colonialista em Angola,
esquecem-se que a verdadeira colonização só teve lugar a partir dos
finais do século XIX e apenas nalgumas zonas litorais desse vasto
território. Como falar de “cinco séculos” de colonização/exploração em
que o colonizador não aparece, senão na viragem do século XIX para o
século XX? Antes, existiam apenas algumas feitorias a longo da costa de
África, para darem apoio aos descobrimentos, complementados por mais
meia dúzia de presídios militares. Todo o interior encontrava-se
abandonado. E é preciso não esquecer os anos que entretanto os
holandeses governaram Luanda. Para além disso, é uma evidência que para
haver colonização tinham que existir colonos e ocupação territorial.
Porque eles não dizem a verdade?
Até ao ano de 1914, a administração portuguesa estava apenas instalada
em duas cidades do litoral, Luanda e Benguela. Por isso eram
considerados apenas dois reinos em Angola: o reino de Luanda e o reino de Benguela, este último estendia-se à Catumbela, que durante dois séculos foi o maior entreposto comercial do reino de Benguela
No interior do território a acção reduzia-se a uma política que
dependia das alianças frágeis, ambíguas, com os chefes locais. E esta
cambada de pantrampistas, intelectualmente desonestos, fala de 500 anos
de colonização porque são gente ignorante que não conhece o mínimo de
História daquele país. Angola nunca foi o Jardim do Éden, mas foi muito
pior nas outras colónias europeias. A grande diferença é que as suas
metrópoles nunca reivindicaram nem cinco, nem quatro, nem três séculos
de colonização, excepto o caso da África do Sul.
Até 1914, o país Ovambo no Sul era totalmente independente. A Leste, na
Lunda, as terras Tshokwe, só foram ocupadas em 1920 A Norte, entre os
Congo, a oposição durou até 1919, enquanto que os Dembos só foram
pacificados em 1918. A verdadeira colonização só começou a partir de
1945 e a partir das terras do Sul, do Cuamato, Huíla, Humpata, etc., o
resto, são tretas desses ignorantes. É preciso não esquecer também a
utilização, ocupação e exploração do interior do território, pelos
ingleses, holandeses, alemães durante a nossa administração.
Agora tudo, mas tudo, tem de girar à volta de tudo isso que é o
enquadramento da independência. A menos que se diga de caras, como dizem
alguns, que o outro tempo era melhor. Então aí a conversa é outra.
É preciso que se saiba, que os brancos do antigamente, tanto colonos
como filhos de colonos, desempenharam um papel de relevo no seio do
fenómeno nacionalista angolano. Primeiro foi um protesto autonomista nas
primeiras décadas do século XX e depois, promovendo uma corrente
nacionalista própria, com os seus movimentos e organizações partidárias,
com os seus presos e exilados políticos, vítimas da violência e do
autoritarismo do colonialismo português.
Naquele tempo havia três correntes; a progressista, a liberal e a
conservadora. A corrente progressista defendia uma independência sob o
governo de maioria negra considerando o respeito do princípio de “uma
cabeça, um voto”. Depois existia a liberal, que propunha uma
independência conduzida por uma minoria branca mas integrando
politicamente as elites mestiças e negras europeizadas, os tais chamados
assimilados e propunha também a abolição das estruturas de exploração
colonial, tendo como modelo o Brasil. Por último, tínhamos a corrente
conservadora, que apontava para uma independência selectiva sob o
domínio, ou pelo menos, a hegemonia da minoria branca e a manutenção das
estruturas de exploração económica que recaíam sobre a população negra,
a exemplo do que se passava ao lado na África do Sul onde existia um
regime de supremacia branca.
No entanto o nacionalismo dos brancos angolanos foi rejeitado pelas
elites negras e mestiças dos três movimentos de libertação, tendo assim
contribuído fortemente para essa mesma rejeição a instrumentalização da
ideia de raça.
Em Angola, a ideia de raça teve um papel importante no duplo processo de
exclusão política do branco e de identificação do negro e do mestiço
com o africano. Este processo teve as suas raízes no próprio sistema
colonial português, pois durante a dominação colonial, a ideia de raça
foi utilizada como elemento para se distinguirem os ditos “civilizados”
dos “indígenas”. Para isso contribuiu um instrumento jurídico que foi
por excelência o mecanismo mais evidente do racismo português, o chamado
Estatuto do Indigenato, abolido em 61, que determinava
que os brancos, só porque eram brancos, eram automaticamente
considerados civilizados, enquanto os negros, e até certo ponto os
mestiços, tinham de provar a sua civilização, através de testes
estabelecidos pelas autoridades coloniais, e se fossem aprovados,
tornar-se-iam “assimilados”. Isto porque os colonialistas portugueses
entendiam que os negros, que eram 95% da população, eram à priori
incivilizados, sendo por isso remetidos para a categoria de indígenas.
Assim, as diferenças entre civilizados e indígenas eram enormes: os
primeiros eram cidadãos portugueses, os segundos meros sujeitos
colonizados, sem direitos cívicos e políticos e compelidos ao trabalho
obrigatório.
Mas no movimento nacionalista angolano procedeu-se a uma inversão
de posições. O negro era entendido como o homem autenticamente africano,
o colonizado, enquanto o branco era considerado um elemento estranho a
África, o colonialista europeu. A raça serviu assim, novamente, de
elemento de distinção e de exclusão. Distinguiu os brancos dos negros e
mestiços e legitimou a africanidade dos dois últimos, da qual os brancos
foram quase sempre excluídos. Por outras palavras, o branco não podia
ser africano porque era branco, enquanto o negro era africano só porque
era negro. Assim, segundo os pensadores da época, cabia ao negro
exclusivamente a missão histórica da libertação dos povos africanos.
Libertação essa que em Angola foi pensada sem a participação dos
brancos, como também à custa da sua expulsão.
Muitos dos que se proclamavam anti-racistas, tinham dificuldade em
aceitar os brancos na luta nacionalista, como se temessem a sua
concorrência numa futura nação independente.
Resumindo: foi a cristalização duma forma de racismo anti-racista ou do
racismo dos anti-racistas. Aliás, isso já tinha sido bastante notório
quando em finais dos anos 50, o Cadima, o Manuel Dores, mais um operário
português, criaram no Huambo a primeira célula do Partido Comunista
Angolano. Eram todos os quatro “branquinhos” da Silva. Um engenheiro,
dois doutores e um operário. Claro que não durou muito tempo, porque os
mentores europeus dos partidos comunistas não queriam brancos nos PC
africanos. Inclusive, o Partido Comunista Português que até era o seu
mentor, só reconheceu os direitos dos povos colonizados à independência
apenas em 1957. Até aí, os comunistas sempre defenderam a política
colonial de Salazar.
Os tipos defendiam o princípio de que os nacionalistas tinham de ser
todos negros ou árabes. Mais tarde quando estavam no exílio em Paris,
aquele grupo já organizado como FUA, tirando uma jovem mulata, era
constituído por brancos, o que causava grande confusão aos comunistas
franceses que davam apoio à sua rede, pois tal como já acontecera com os
comunistas portugueses, também pensavam que os comunistas angolanos só
podiam mesmo ser negros. Por essa razão nos seus apoiantes começavam a
criar-se dúvidas o facto desse grupo ser todo constituído por brancos.
Mas eles conseguiram demonstrar que não eram um grupo de ignorantes
políticos, mas sim pessoas honestas, obstinados, sacrificados e bem
organizados, pois já dispunham de uma rede clandestina de ligações muito
eficazes com Portugal e Angola, Assim não convinha à rede francesa
cortar o seu apoio, pelo menos enquanto não conseguissem entrar no
esquemas destas ligações.
Faziam parte desse grupo, Ernesto Lara Filho, Avidago, Mário Nobre João,
Maria do Céu Carmo Reis, Artur Pestana (Pepetela), Adelino Torres,
Sócrates Dáskalos, João Mendes, Adolfo Maria, entre outros.
Durante o processo de transição para a independência, as elites
brancas, foram as primeiras a ficarem de fora da corrida pelo poder,
pois eram a que menos argumentos nacionalistas podiam apresentar no
quadro da luta pela independência. Os brancos, após reduzidos ao seu
significado étnico, foram publicamente apresentados como os principais
agentes e beneficiários da exploração colonial portuguesa, retomando-se
argumentos anteriormente avançados durante o genocídio no Norte de
Angola em 1961. Convém não esquecer que nós brancos totalizávamos apenas
4% da população angolana e existiam apenas cerca de 1% de mestiços.
No último censo devidamente organizado com pés e cabeça, feito em
1970, a minoria branca angolana totalizava apenas 290.000 pessoas ou
seja, 5,1% efectivos numa população total de 5.673.050 habitantes. Mas
se verificarmos, antes disso éramos muito, mas mesmo muito menos: em
1930 - 30.000 brancos; em 1940 - 44.083 pessoas brancas; em 1950 -
78.826 e em 1960 - 172.529 brancos, crescendo nesta década fruto do
conflito de 61 e da abertura que o mesmo obrigou e gerou.
Politicamente estávamos limitados e quase não se reconhecendo na
nossa própria nacionalidade, nós, brancos angolanos, servimos de bode
expiatório, quer aos anos de exploração colonial portuguesa, quer às
limitações e desinteligências do nacionalismo angolano. Face a isto,
tornam-se menos obscuras as causas do êxodo dos brancos angolanos,
durante o período de transição para a independência do país. Ou já se
esqueceram do velho deitado: quem tem cu tem medo?
O colonialismo português tinha uma originalidade que era ser mais
centralizado e arcaico de todos, de tal modo que os próprios brancos
angolanos se encontravam totalmente subjugados aos interesses de Lisboa
e, em especial, aos interesses da burguesia portuguesa, que além de ser
atrasada, vivia parasitariamente do sistema colonial.
Ao contrário do que acontecia noutras colónias europeias, os brancos em
Angola nunca dispuseram de influência efectiva sobre a colónia pois a
governação estava solidamente nas mãos dos ministros de Lisboa, devendo
nós em Angola, obedecer cegamente e integralmente às ordens que vinham
do Terreiro do Paço. E essas ordens foram sempre contrárias aos
interesses dos angolanos e frequentemente aos dos próprios brancos
metropolitanos instalados na colónia. E isso traduzia-se em leis e
práticas administrativas e económicas. Por exemplo, o branco natural de
Angola não tinha o direito de passar do posto de capitão no exército e
não tinha o direito também de desempenhar os mais altos cargos na
administração pública e nem sequer tinha direito a licença graciosa como
os restantes brancos. Os brancos de Angola eram preteridos nos empregos
a favor dos brancos metropolitanos, sendo mesmo relegados para uma
posição não muito diferente da compartilhada pelos mestiços. Existia
mesmo uma descriminação no trabalho, na escola e na vida social e
cultural. Aliás, nós filhos daquela terra, tínhamos plena consciência
que tanto o governo português como uma grande parte da malta da
metrópole, nos consideravam como “brancos de segunda”.
Oficialmente até éramos considerados como euro-africanos. Por outro
lado, temos que considerar que a comunidade branca angolana, socialmente
estava bem dividida, geograficamente muito dispersa e além do mais,
mais ou menos fracturada. E essa fractura era bem acentuada entre os
brancos naturais, já angolanizados, e os indivíduos recém-chegados do
continente.
De facto, até 1961, a gula do governo português e de uma meia dúzia
de famílias poderosas seus aliados foram insaciáveis. Eles levavam dali
pelos preços mais irrisórios que entendiam pagar, tudo o que Angola
produzia de bom. Em sentido contrário, os tipos enviavam toda a trampa
da sua arcaica produção industrial e agrícola. E isso motivou tensões
entre a nossa burguesia e a portuguesa. Habilmente, os tipos submeteram o
nosso mercado de exportação a uma escassa meia dúzia de famílias
poderosas que a exploraram até ao tutano com o alto patrocínio dos
próprios governantes, muitos deles com interesses nesses mesmos grupos
financeiros. O governo português até 1961 nunca permitiu que Angola
progredisse. Proibiu-nos sempre de lançarmo-nos livremente no caminho da
industrialização. Para além do facto de todo dinheiro gerado pela
riqueza ali foi produzida, que seria lógico e legítimo que ali ficasse
para beneficiar quem a produzia, esse dinheiro era todo transferido para
os cofres dessa meia dúzia de grandes famílias e para o Banco de
Portugal.
A vida naquele tempo era de facto uma puta muito explorada que dava
muito dinheiro aos seus “chulos”. Disso, não tenho a mínima dúvida!
Por exemplo: eles deviam contar, a nós que somos "ignorantes", como é
que o Banco de Portugal em princípios dos anos 70 possuía a maiores
reserva de ouro do mundo, (700 Ton.) só ultrapassado pelos EUA. Onde é
que foram buscar todo aquele ouro? Falam muito em transparência, mas
essa não contam eles, que esse bagulho todo resultou do aproveitamento
de escravos moçambicanos que aos milhares foram trabalhar nas minas
sul-africanas. E já agora que falamos em poderosas famílias, são essas
quase sempre as mesmas que hoje continuam a ter o poder financeiro,
tanto lá, como cá e, estão a voltar para Angola, em peso, agora com
investimentos de outra ordem. É vê-los!
Angola sempre foi uma árvore das patacas, explorada por esses
capitalistas de sempre que só levavam e nada traziam. Hoje lixam-se,
começam por entrar com as massas, depois passam a ficar com fifty-fifty
ou com a maioria do capital, depois numa segunda fase, passam a
minoritários e um dia destes se não se põem a pau ficam a olhar para o
ar e tornam a levar com um pontapé no mataco. A verdade é que já existem
alguns exemplos desses.
Voltemos então novamente à História do passado. É isso que aqui interessa.
Os nacionalistas brancos sempre tiveram pouco peso dentro do
nacionalismo angolano. Por outro lado, a acção desses brancos recebia
mais hostilidade e indiferença do que simpatia, da maior parte dos
membros da população branca.
Apesar desse pouco peso dos brancos, temos que acabar com esse mito de
que o nacionalismo angolano foi apenas resultante da acção da maioria
negra. Claro, hoje contrariar essa tese não é conveniente nem é
politicamente correcto. Disso estou bem ciente. Mas não podemos esquecer
o nacionalismo dos brancos e também dos mestiços, filhos dos colonos.
Por isso deixem de continuar a manipular a História para tentarem
justificar a legitimidade de uns e a qualidade da acção nacionalista de
outros. Os brancos angolanos foram os primeiros a contribuir para a
criação de uma identidade nacional angolana. A construção de uma cultura
nacional e a consciencialização política de muitos nacionalistas negros
e mestiços foi a maior herança que nós, apenas uma minoria de brancos
angolanos, deixámos em Angola. Essa questão do nacionalismo dos
angolanos brancos é propositadamente de há muito ignorada pelos
historiadores e políticos, tanto angolanos como portugueses. Mas tal não
aconteceu por parte de historiadores estrangeiros consagrados, tais
como Jonh Marcum, Thomas Okuma, Douglas Wheelen ou do mais conhecido, o
francês René Pélissier, que teve a experiência de conhecer a realidade
angolana pois andou por lá, no terreno, nos anos 60 e 70.
Existe um velho provérbio que diz tudo: a História é feita pelos
vencedores, comprovado com a ideia mais comum de que o nacionalismo
angolano se resume à velha história das lutas de negros contra brancos. É
do mais falso que existe. Só mesmo de ignorantes, esquecendo-se
deliberadamente do fenómeno nacionalista dos africanos brancos.
É um facto histórico, na constituição do nacionalismo angolano, que
foram os brancos os primeiros a manifestarem-se contra Portugal, com o
objectivo de obterem, primeiro a autonomia e depois a independência. Por
exemplo, em Benguela em 1823 foi criada a chamada "Confederação
Brasílica", cujo objectivo mais que transparente era conseguir a
independência de Angola no quadro de uma relação federal com o Brasil,
que tinha ascendido à sua independência em 7 de Setembro de 1922, o que
poria termo dos dois lados do Atlântico à dominação da burguesia
portuguesa da Europa. O apoio que foi dado aos independentistas
brasileiros conheceu em Benguela, com o contributo importante da
Maçonaria, a forma de revolta aberta contra o domínio português, a qual
só foi debelada com o envio e ocupação da cidade por três companhias
militares de infantaria, enviadas propositadamente de Portugal.
Mais tarde, em 1891 foi encenado um golpe de estado militar também em
Benguela que terá falhado, sobretudo, devido a uma burguesia demasiado
frágil. A constituição de lojas maçónicas, a militância nos ideais
republicanos, assim como a promoção de uma imprensa de brancos radicais,
foram instrumentos utilizados por uma burguesia angolana principalmente
de Benguela, Catumbela, Huila e Moçâmedes. Foi nestas regiões onde
despertou o autonomismo e nacionalismo branco e se desenvolveu um
conjunto de protestos e reivindicações económicas suportado pelas lojas
maçónicas ali existentes. A maçonaria angolana tradicionalmente
identificada como uma organização secreta denominada pelo termo
ovibundu, Kuribeka, o que só por si já representou um
elemento de diferenciação e de autonomia em relação a Portugal. (
Kuribeka significa “apresentar-se”; oferecer-se”; vir sem ser chamado ).
A Kuribeka era um importante grupo de poder como instituição organizada,
a maçonaria , e existia em Angola pelo menos desde 1860. Tinha apenas
“lojas” em Benguela, Catumbela e Moçâmedes. Por via disso, em Janeiro
de 1906 foi criada na Catumbela a Associação Beneficente dos Empregados
do Comércio, cujos membros pertenciam todos à loja maçónica local, assim
como todos os membros que nesse mesmo ano fundaram a Associação
Comercial de Benguela. Foram instituições económicas das mais
importantes em Angola em todo o período colonial, tendo tomado posições
muito polémicas, em momentos cruciais da vida política angolana.
Em Dezembro de 1906 foi fundada na Catumbela o Grémio Pró-Pátria, loja
maçónica de inspiração republicana e autonomista que perdurou até finais
dos anos sessenta. Não esqueçamos que Benguela e, na altura, o concelho
da Catumbela, foram dos três municípios angolanos (o outro foi o de
Novo Redondo), em que o Partido Republicano ganhou as eleições
autárquicas em 1906.
Em 1918/1920 houve um enorme e violento protesto organizado em Benguela,
no qual se incluiu o bloqueio de estradas, destruição de pontes e uma
greve de trabalhadores que teve forte impacto na economia. A partir de
1923, as manifestações e protestos conheceram uma violência invulgar,
inclusive, uma greve de trabalhadores do Caminho-de-Ferro no Lobito teve
de ser dominada pelos militares e em 1926 outra greve de trabalhadores
brancos paralisou a economia de todo o território. Em resultado disso,
nasceu em Benguela e com filial na Catumbela, a UDA – União dos Defensores de Angola.
Fica assim demonstrado a importância da corrente autonomista que
segundo o historiador René Pélissier, terá assumido laivos de
separatismo nos finais da 1ª República, quando a actividade económica
está semi-paralisada e quando a crise financeira atinge o ponto mais
alto. Foi um grupo de elementos da UDA, que olhos nos olhos, deixaram
bem claro ao presidente Carmona aquando da sua vista em 1938, que “Angola não pode continuar a ser uma quinta de luxo, gerida à distância, a bel-prazer de quem desconhece as suas ansiedades”.
Já em 1940 apareceu um movimento em Angola com o fim de promover a emancipação da colónia. Chamou-se OSA, ou seja, Organização Socialista de Angola. De que foi secretário-geral Sócrates Dáskalos, figura que se vem a destacar na oposição angolana.
Foi esse o maior despertar que levou a juventude angolana a um profundo
anseio pela liberdade. A OSA teve uma vida muito breve, pois foi
violentamente suprimida através de uma vaga de prisões e de deportações,
feita pela Polícia de Segurança Pública, o que levou toda uma geração
de nacionalistas angolanos à primeira fase do protesto dos brancos
angolanos. Nessa altura ainda não existia a PIDE em Angola. (nem bufos
informadores, nem legionários e seus quejandos. A PIDE só se instala em
Angola em 1957). Assim, foi graças a esse sentimento de revolta que
resultou a ideia da criação da FUA - Frente para Unidade dos Angolanos.
Apesar disso, a OSA foi uma vitória política dos angolanos brancos face
ao despotismo do governo português, tendo sido um movimento percursor
do nacionalismo branco angolano no Centro e Sul de Angola
A OSA tinha objectivos bem precisos e o principal era de por qualquer
meio, alcançar a independência de Angola. A expansão da OSA foi
facilitada pelo descontentamento que começou a alastrar-se entre a
juventude, filhos de europeus, nados e criados ali, que sofriam
restrições impostas por Lisboa. Por exemplo, antes de 61 nenhum de nós
podia ser oficial do exército ou ter a veleidade de ascender a cargos
importantes na administração pública. Embora não existissem leis
escritas, existia uma enorme barreira invisível a marcar a nossa
exclusão. Éramos tratados como portugueses e brancos de 2ª,
euro-africanos, colonizados, ainda que não fossemos tão descriminados
como a população negra.
Em 1943 quando estudavam em Lisboa foi fundada, por iniciativa do
Sócrates Dáskalos e do Fernando Falcão e outros mais, (acima referidos) a
CEA – Casa dos Estudantes de Angola, mas só após 1948 surgem os
primeiros africanos negros na CEA bem como um número relevante de
mestiços. É aí que se vê surgir pela primeira vez um negro, o Agostinho
Neto e dois mestiços, o Mário Pinto de Andrade e o Lúcio Lara. Estes
dois últimos como não conseguiram dominar a CEA, acabaram por criar
organizações paralelas como por exemplo o Centro de Estudos Africanos,
que durou pouco tempo após Mário Pinto de Andrade partir para Paris em
1954.
Até que chegamos à década de 60.
Em Maio desse ano, no Lobito e em Sá da Bandeira, o Américo de Carvalho,
o Aires de Almeida Santos e o João Mendes presidiram à formação da
Frente Unida de Libertação de Angola – FULA que deu em nada. Então em
Janeiro de 1961, Sócrates Dáskalos, o Luis Portocarrero, o Fernando
Falcão, o Carlos Costa e o Manuel Farinha, meteram-se num carro e
segundo eles, tomaram a picada que ligava a estrada de saída para a
Catumbela ao aeroporto. (contado por Sócrates Dáskalos no seu livro “Um Testemunho para a História de Angola do Huambo ao Huambo” / editora Vega / 2000”: «Foi
ali, numa tarde que apresentava um lindo pôr de sol que demos à luz a
FUA, Frente de Unidade Angolana, que veio a tornar-se num movimento
político bastante importante».
Chegaram a publicar um jornal com o título de Kovaso, que em língua umbundu significava Avante.
Em Angola sempre foi diferente a situação a Sul, particularmente em
Benguela, onde Sócrates e tipos como o Portocarrero, o Farinha, o Mira
Dores e o Falcão, encontraram uma mínima margem de manobra para
actuarem.
Só após os acontecimentos do Norte em 61, a FUA, entrou em contacto com
membros da Sociedade Cultural e com alguns elementos da burguesia
liberal de Luanda, chegando a realizarem-se reuniões com eles em Abril
de 61. A FUA procurava apoios em Luanda, a fim de acabar com a repressão
colonial e apresentar uma solução ao Governador-Geral para o problema
imediato da guerra.
No Sul, estavam organizados e acalentavam a ideia da independência de
Angola que fosse precedida de um período de transição, na qual
gozaríamos do estatuto de autonomia. Já em Luanda, não existia uma
organização da burguesia branca pronta a actuar. Nem em Luanda e muito
menos nos outros centros populacionais. Somente nos já citados: Benguela
Catumbela, Huíla, Moçamedes e acrescente-se, Nova Lisboa. Para agravar a
situação, os liberais luandenses consideravam que só uma pequena parte
da população angolana é que contava, isto é, os brancos, os mestiços e
uma minoria de negros já considerados assimilados. Era no fundo, a
continuação da política existente.
No entanto, houve membros da burguesia de Angola que pareciam ter
compreendido a mudança dos tempos. Um deles, o grande industrial Manuel
Vinhas, em 1961, fez uma viagem de Lisboa a Luanda passando por
Leopoldville. Ali, procurou contactar pessoal nacionalista, nomeadamente
o MPLA. Parece que sem êxito, pois nessa altura ainda esse partido era
um pouco incipiente. No regresso, quando chegou ao aeroporto de Luanda, o
senhor Manuel Vinhas foi preso e interrogado pela PIDE durante várias
horas antes de ser posto em liberdade.
Na época, o MPLA era quase emblemático, ou mesmo inexistente. Essa a
razão , técnicamente sustentável, porque se pode afirmar que a ligação
do MPLA aos acontecimentos do 4 de Fevereiro em Luanda não é
verdadeira. Segundo o testemunho do companheiro de Neto no exílio,
Adolfo Maria, no livro “Angola No Percurso de Um Nacionalista – Edições Afrontamento / 2006 ou também como escreve Iko Carreira no seu livro “O Pensamento Estratégico de Agostinho Neto / publicações D. Quixote / 1996,
a sua formação como movimento nacionalista tinha acabado de se dar em
1960 durante a 2ª Conferência Pan-Africana de Tunis. O 4 de Fevereiro
não foi mais que um golpe de nacionalistas desesperados, comandados por
um antigo membro do Conselho Legislativo de Angola, o velho cónego
Manuel das Neves. Apenas isso! Tudo o resto foi oportunismo político.
Continuando: após o genocídio de Março e Abril provocado pelos
Bacongos da UPA o terror instalou-se nos muceques da capital quando
centenas de brancos num acto de vingança, invadiram os bairros
populares, matando indiscriminadamente todos os “suspeitos” que
encontravam pela frente. O caos e o medo instalaram-se em todo o Norte e
as autoridades portuguesas foram incapazes de parar os tipos da UPA e
reporem a ordem pública.
A FUA, em Benguela, na Catumbela e no Lobito, organizaram-se e
comandaram milícias compostas por negros, brancos e mestiços com a
finalidade de impedir a repetição dos massacres da capital. Foi graças a
essa organização paramilitar que conseguiram controlar a situação, pois
no distrito as forças policiais da PSP eram bastante exíguas. Foi logo
nessa altura, finais de Abril, que resolveram lançar o Manifesto Político
dirigido à população de Angola, onde apelavam ao seu apoio para a causa
da emancipação, para a imediata autonomia de Angola, o direito dessa
mesma população dispor do seu próprio destino. Esse Manifesto foi
recebido pela população com grande entusiasmo, resultando logo daí num
abaixo-assinado subscrito por mais de seis mil e quinhentas pessoas.
Este abaixo-assinado foi logo aproveitado para ser dirigido ao Ministro
do Ultramar a pedir a autodeterminação.
Mas acontece que as elites brancas de Luanda, recusaram reconhecer o
princípio de independência sob o governo da maioria, recusando mesmo
colaborar com a FUA. Concluindo: apenas no Centro e o Sul existia um
protesto nacionalista branco. Perante esta situação, a dimensão e a
força das actividades nacionalistas entre a população branca a Sul, o
governo de Lisboa enviou a Benguela o Adriano Moreira,
que tinha sido empossado recentemente como Ministro do Ultramar, sendo
ele nessa altura um acérrimo defensor do luso-tropicalismo.
Houve uma reunião com o dito ministro em Benguela, que antes foi
precedida de uma gigantesca manifestação de trabalhadores negros,
brancos e mestiços frente ao palácio do Governador, convocada pela FUA
através do Rádio Clube de Benguela. Nessa reunião o ministro Adriano Moreira ouviu atentamente os dirigentes da FUA, concordando várias vezes gestualmente com a cabeça e
no final pediu-lhes que elaborassem um documento em pormenor em que se
debatessem os objectivos a atingir e os meios que julgassem necessários
para esse fim, que o entregaria depois a Salazar. Esse documento foi de
imediato preparado e foi-lhe entregue no jantar que o obsequiavam nessa
mesma noite na Associação Comercial de Benguela
Só que a sua simpatia durante a reunião e o constante gesticular da sua
cabeça em sinal de concordância com o que ali foi exposto, foi um enorme
engodo. Passados poucos dias, chegou a Benguela um contingente militar
que ocupou logo os pontos estratégicos necessários ao controlo e domínio
da cidade, se necessário fosse. Depois em princípios de Junho de 61 foi
a vez da PIDE entrar em acção, lançando uma vasta operação que resultou
na prisão de quase todos os dirigentes da FUA.
A fúria da repressão salazarista abateu-se como uma bomba sobre toda a
FUA, tanto em Benguela, como na Catumbela e no Lobito. Incapazes de se
organizarem em tão pouco tempo, politica e militarmente contra as forças
colonialistas, adicionado ao facto da existência de traição duma
minoria da população de Luanda que preferiu a ilusória segurança de um
regime colonial, reaccionário e antidemocrático, levou a FUA a
desmoronar-se rapidamente.
A PIDE continuou a fazer prisões em massa. No Sul foram presos e
deportados para Portugal vários membros da FUA: o João Mendes, o
Fernando Falcão, o Carlos Morais, o Adolfo Maria, o Luis Portocarrero, o
poeta Aires de Almeida Santos entre muitos e muitos outros. Outros
fugiram para o exterior e foram-se juntar ao pessoal que já se
encontrava em Argel, cidade onde se começaram a levantar problemas de
racismo por parte de uns quantos negros, segundo Sócrates.
Logo de seguida a Ditadura fascista, acirrou a legislação racista e a
separação entre brancos, negros e mestiços com o objectivo de sempre:
dividir para reinar, evitando assim qualquer aliança política entre as
três comunidades. E o genocídio cometido pela UPA em 61, contribuiu
ainda mais para afastamento de muitos brancos da causa nacionalista
porque chegaram à conclusão, logo naquela altura, que não tinham lugar
numa Angola governada por uma maioria negra. E isso ficou provado em
1975 com o êxodo dos brancos antes da data da independência. Foi
principalmente esse o motivo: o medo e a incerteza, que nos levou (a
maioria) a abandonar o país.
Em 1961, já existiam no seio do MPLA problemas do foro racial chegando
ao ponto de Viriato da Cruz, ter proposto que a direcção fosse composta
exclusivamente por negros, afim de dar credibilidade internacional ao
movimento na sua luta política e diplomática, contra a UPA de Holden
Roberto, enquanto os mestiços deveriam permanecer na retaguarda dessa
direcção. Isso gerou mesmo um enorme mal-estar entre eles.
O aparecimento em Paris de brancos de Angola, refugiados políticos,
exercendo actividades em prol do nacionalismo angolano, causou
perturbações em vários meios. Para os sectores políticos e humanitários
franceses ligados ao apoio a movimentos anti colonialistas, foi grande a
novidade da existência de brancos nacionalistas em Angola. Só conheciam
nacionalistas negros e era assim que concebiam África.
De facto, a presença de brancos no nacionalismo angolano era então
uma surpresa nos meios intelectuais e políticos europeus. Mas foi uma
surpresa positiva, à medida que se aprofundavam os contactos com os
brancos no exílio, pois verificaram que eles tinham uma total
identificação com o nacionalismo progressista negro. Naquela altura,
1961, o branco ou mesmo o mestiço, não podiam continuar a sua luta
política a não ser aderindo à FUA, pois era impossível um branco ou
mestiço serem militantes do MPLA.
A FUA nunca foi um entrave para o MPLA, antes pelo contrário, foi um
apoio seguro. E isso provou-se durante todo o exílio, pois após a
repressão, todos os elementos activos da FUA acabaram por se identificar
com o MPLA que, na época, era quase só emblemático. Assim a decisão de
ir para Argel foi motivado quer pelos contactos que a FUA mantinha com
as organizações nacionalistas e progressistas das colónias portuguesas,
quer pelo simbolismo da própria cidade, a qual era considerada a
“capital” da Revolução Africana.
Certamente que o governo argelino não os teria acolhido se o MPLA se
opusesse à sua ida. Quando chegaram a Argel, era delegado do MPLA o
doutor Eduardo dos Santos, não este actual presidente, mas sim um grande
intelectual, que logo se mostrou preocupado com a possibilidade da
imagem do MPLA ser afectada se existissem relações estreitas com membros
da FUA, tendo dado indicação para esses militantes serem discretos.
Mas a FUA durou pouco tempo. A FUA saiu moribunda da reunião de
Blida na Argélia em Agosto de 1963, embora a sua dissolução só ocorresse
oficialmente em 1964, pela mão de João Mendes, mantendo-se algumas
células adormecidas, como o caso do Lobito. Ali no Lobito, voltou a
renascer já em 1974, após a revolução em Portugal, mas pareceu-me terem
acordado tarde para denunciarem a traição que envolveu o processo de
descolonização, que eram confirmadas pelas falsas declarações dos
principais responsáveis quanto à participação de outras forças
políticas. Só em princípio de Dezembro de 1974, o Fernando Falcão tomou
consciência do logro em que tinha caído, com as falsas promessas de Rosa
Coutinho, do Pezarat Correia e do Melo Antunes.
Falcão agora reside em Portugal (ainda quarta-feira passei ao lado da
sua quinta perto de Setúbal). Falcão foi o verdadeiro líder da FUA. O
verdadeiro motor. Foi um homem flexível, um reformista, mas não um
revolucionário. Assegurou as ligações do movimento com as actividades
económicas quando pensámos no movimento como plataforma para a
independência multirracial de Angola.
De referir Mário Soares que, mesmo antes do enunciado dos princípios
que deviam presidir a descolonização de Angola pela Junta de Salvação
Nacional, já afirmava que os únicos e legítimos representantes das suas
populações eram os movimentos de libertação. Foi essa a razão. Como o
cozido à “portuguesa” já estava há muito mais que cozinhado, que em
finais de Janeiro de 1975 a FUA emitiu um comunicado a informar que iam
suspender toda a sua actividade política, decorrente da marginalização a
que tinham sido votados em todas as negociações para a independência de
Angola. Todos esses grandes homens que desde 1961 lutaram ao lado do
MPLA, no exílio tiveram esse castigo, embora alguns voltassem a Angola e
desmpenharam lugares de destraque. Agostinho Neto pelos menos não se
esqueceu desses companheiros de exílio.
Depois daquela infâmia, aqueles energúmenos irresponsáveis
viraram-nos as costas. De Lisboa, nem Presidente da República, nem
Governo, nem Comissão Nacional de Descolonização nem Conselho da
Revolução, nem Mário Soares, nem Rosa Coutinho, nem Pezarat Correia, nem
toda a sua escumalha de acólitos, tiveram a coragem de se fazerem
representar no arrear da Bandeira no dia da Independência de Angola.
Ninguém assumiu. Os magnatas, traidores, cobardes, gasoseiros, chulos,
parasitas políticos, fugiram todos. Nem um só esteve presente. Após
criarem o monstro, foi aquela a solução encontrada pela grande maioria
dos seus promotores. Muitas vezes pus-me a magicar com os meus botões o
que pensariam eles naquele momento, quais os sentimentos que mantiveram
afastados aquela escumalha daquele momento tão grande para Angola e para
o seu povo? Era simplesmente o remorso, a vergonha, o medo, a cobardia e
o sentimento de traição! Isto tudo e muito mais. São verdades que a
História e o Tempo vão dando a conhecer aos dois povos irmãos: angolanos
e portugueses. Da parte dos socialistas e dos comunistas, nunca houve
qualquer preocupação com os povos ultramarinos, fossem eles, brancos,
negros ou mestiços. As lamentações hipócritas desses políticos, não têm
outro objectivo do que dissimular o verdadeiro carácter de maquinação
mundial cuja cobertura ideológica serviam e asseguravam. E o povo
angolano? Ao povo angolano apenas haviam prometido a independência a 11
de Novembro de 1975. A felicidade ou tragédia não faziam parte dos seus
compromissos. Essa corja de traidores, ficaram com a “consciência
bastante tranquila” podendo assim continuarem a passearem-se pelo mundo,
amealhando fortunas de duvidosa origem, sempre com um sorriso imbecil
nos lábios, com que marcaram o seu gigantesco crime, que depois resultou
num crime ainda maior que foram os vinte cinco anos de guerra e o
genocídio do povo angolano. Uma luta feroz entre irmãos do mesmo país.
Foi um absurdo incompreensível.
Na minha óptica!... Evidentemente.
C.Ganhão