quarta-feira, 27 de maio de 2009

Tentativas para o alojamento dos judeus em Angola.

AS TENTATIVAS DE UMA POSSÍVEL
COLONIZAÇÃO EM ANGOLA

TENTATIVAS
O FRACASSO DA COLONIZAÇÃO EM ANGOLA

TENTATIVAS DE COLONIZAÇÃO

Houve muitas tentativas para o alojamento dos judeus em Angola. A primeira tentativa foi de W. Terlo, um enólogo israelita que no dia 15 de Junho de 1912 conseguiu que fosse aprovado por unanimidade no Parlamento português um projecto-lei chamado "Projecto Bravo". Este projecto previa uma colonização de uma área de 45000 Km2 no planalto de Benguela. Depois de ter sido aprovado no Parlamento o "Projecto Bravo" tinha que ser integrado na Constituição.

Mas a Jewish Territorial Organisation (ITO), uma organização israelita que se dedicava principalmente à procura de um refúgio para o povo judeu em qualquer parte do mundo, recusou o "Projecto Bravo" que foi apresentado em Viena (27 a 30 de Junho de 1912).

A ITO considerava as concessões feitas pelo governo português insuficientes. Criticava as condições económicas que limitavam as concessões de terrenos a colonos individuais, que retiravam desta forma investimentos de empresas ou sociedades de colonização. Exigia também que houvesse uma área para formar uma "nova pátria judaica".

O projecto Bravo designado mais tarde por "200 B" apresentava no primeiro artigo que os colonos deviam-se tornar portugueses para usufruir dos terrenos. Para além disso exigia também o uso exclusivo nas escolas publicas de ensino elementar e como toda a correspondência respeitante aos serviços públicos.

A ITO organizou uma expedição sobre a orientação de um cientista inglês J. W. Gregory aos terrenos em Angola. Depois de percorrer 3000 milhas quadradas, concluiu que era muito difícil colonizar.

Em 20 de Janeiro de 1934 existiu uma nova tentativa para colonizar Angola. Passado um ano depois de Hitler chegar ao poder um embaixador português em Londres, Ruy Ennes Ulrich, refere no seu relatório habitual que houve uma visita de dois judeus alemães, Dr. Fritz Seidler (antigo secretário do ex-presidente alemão, Streseman) e Dr. Ernest Meyer (membro da Federação Internacional dos jornalistas), diziam que andavam à procura de território para se estabelecerem.

Dr. Fritz Seidler tentou persuadir o governo português a aceitar os judeus dando o exemplo do rei da Prússia. Seidler quando falava ou se referia aos seus protegidos nunca os chamava "judeu" mas sim "emigrantes" ou "alemães instruídos".

No dia 24 de Fevereiro de 1934, Ulrich aconselhou o Palácio das Necessidades a desiludirem os israelitas a se estabelecerem em Angola "pois o silêncio pode ser interpretado como um acolhimento favorável".

Numa nova carta, Seidler informou que uma comissão cientifica internacional, Sociedade De Acordo De Refugiados, sediada em Paris, começava a formação do banco para a colonização que já se encontravam à disposição da sociedade.

Um mês mais tarde, o jornal inglês "Daily Herald " publicou em 30 de Abril de 1934 um artigo com o seguinte título: "Nova casa para 5 000 000 judeus. Projecto de acordo para o oeste de África. Portugal oferece-se para dar terra". Nesta notícia dizia que havia negociações secretas entre a delegação israelita e o Governo português acerca da fundação de um Estado autónomo em angola.

Este seria colonizado por 5 milhões de judeus provenientes da Alemanha, Áustria e dos Estados da Europa oriental que ficaria sob presidência da Sociedade das Nações. O governo português e o Private Inquiries (inquéritos privados) do governo britânico teriam aprovado o plano e apenas teriam imposto algumas condições.

Muitas delegações diplomáticas e consulares portuguesas ficaram alarmadas e foram ao palácio das Necessidades pedindo esclarecimentos. Com esta notícia o ministro das colónias viu-se obrigado a desmenti-la ao representante da agência Reuter e também o jornal judeu "Jewish Chronicle". Assim, o jornal "Daily Herald" fez várias investigações de várias personalidades e concluiu que a única verdade era a seguinte: "... alguns meses atrás, alguns judeus alemães tentaram com insucesso negociar com o governo português o pedido de terra em Angola, considerando, entre outros continentes para uma possível imigração para o oeste de África para Angola":

Em Dezembro de 1938, Jacques Politis veio a Portugal para negociar um certo número de colonos judeus. Este projecto era unicamente para encontrar um refúgio seguro para centenas de milhares de pessoas em risco de vida. Portugal tinha benefícios, ou seja as empresas portuguesas adquiriam o monopólio tanto no comércio como dos transportes necessários para o empreendimento. Finalmente se Angola fosse atacada cada colono era obrigado a defender o território lutando lado a lado com as forças militares portuguesas.

Uma das condições colocadas por parte do governo português tanto no projecto "Bravo" como no projecto de Jacques Politis era o uso exclusivo da língua portuguesa tanto nas escolas como na correspondência oficial, mas o projecto de Jacques Politis ia muito mais longe, ou seja o uso de português fosse obrigatório dentro das próprias famílias judias.

No ano de 1938 houve uma conferência chamada a Conferência de Évian que se dedicou à questão dos judeus residentes em territórios. Dos 32 países que participaram nenhum estava interessado em aceitar refugiados judeus. Mas esta conferência nem de todo foi inútil pois nela se criou uma nova organização internacional, a Comissão Intergovernamental (IGC). Esta organização tinha como missão negociar com as autoridades do Reich para a saída organizada de centenas de milhares de judeus residentes em território alemão.

Nos fins de Outubro de 1938 Hitler mostrou-se disposto a negociar com a IGC e, em Dezembro o presidente do banco central alemão e ex-ministro das finanças, Hjalmar Schacht, deslocou-se pessoalmente a Londres e apresentou um projecto para a saída de judeus em etapas e apenas exigia uma compensação financeira.
a fraca colonização de portugueses em Angola

Em Janeiro de 1939 Roosevelt, Presidente dos Estados Unidos, queria albergar centenas de milhares de judeus alemães em Angola. Roosevelt achava que o chefe do governo português seria incapaz de recusar esta proposta porque além de ter uma oportunidade única de ficar na História, também recebia montantes anuais provenientes directamente dos cofres do novo Estado israelita.

Os ingleses, em 1939, não ficaram muito contentes com estas propostas feitas ao governo português.

Em fins de Janeiro do mesmo ano, Myron Taylor, escreveu um ofício onde nele mostrava um certo desagrado em relação à proposta de Roosevelt provocou em Londres.

Os ingleses tinham medo porque eles tinham colónias tanto ao lado de Angola como ao lado de Moçambique e temiam que os refugiados judeus da Alemanha fossem para as suas colónias.

Uma oportunidade para a realização deste projecto surge em Junho de 1939, Dr. Augusto d' Esaguy (membro da comunidade israelita de Lisboa e presidente da comissão portuguesa para a assistência aos refugiados israelitas ) visitou Sir H. Emerson, alto comissário para os refugiados, em Londres. Dr. d'Esaguy informou que o novo governador de Angola, o seu amigo Dr. Mano estava interessado no acolhimento de refugiados.

Em Portugal ninguém ficou indiferente a estas tentativas de criar uma colónia de judeus em Angola e dominava cada vez mais a oposição a uma situação que poderia levar ao aparecimento de um estado independente em território português.

O projecto foi muito criticado porque uma colonização em massa por alemães devia ser recusada pela simples razão dos envolvidos serem alemães. Também afirmavam que "nenhuma emigração estrangeira em grupos seria vantajosa para a nossa obra de colonização" para as colónias de Angola e Moçambique.
a fraca emigração de portugueses para Angola

Lembrava-se que a atitude dos anteriores colonos alemães "não é para inspirar confiança às autoridades portuguesas" (alusão a tentativas no final do séc. XIX para a Alemanha anexar Angola) e que "a aceitação de novos colonos alemães, judeus ou não, não parece aconselhável, porque em última análise eles são sempre alemães e constituem um elemento perigoso a considerar".

Também se temia que houvesse mais desemprego, pois nesta altura reinava em todas as economias do mundo o desemprego e a deslocação de centenas de milhares ou até mesmo milhões de emigrantes representasse uma grave ameaça para a estabilidade económica e social dos países de acolhimento.

Também a imprensa portuguesa teve reacções, nomeadamente acerca do discurso de Hearst e do projecto de Cazalet. A edição do "Diário de Notícias" de 21 de Novembro de 1938 acusava o Hearst de não querer ajudar o povo israelita, mas sim de pretender resolver um assunto de política interna inglesa (que também não estava interessada em receber no seu território milhares de refugiados judeus). E justificava: "(...) não só para que a nossa soberania sobre esses territórios que descobrimos e colonizámos seja sempre fácil de exercer mas ainda o que o nosso feliz aumento da população nos aconselha a guardar para nós as riquezas que temos para explorar". Ainda neste artigo acusava Cazalet de não ser amigo dos portugueses, afirmando que o plano de alojar em Angola significaria "preparar-nos no futuro, pelo menos, uma dificuldade diplomática com o Fuhrer!" (Hitler).

Salazar ia adiando a questão referindo que queria ter mais informações acerca do estado actual da questão dos refugiados judeus e das conversas de carácter oficial, antes de tomar qualquer decisão.



O FRACASSO DA COLONIZAÇÃO EM ANGOLA

As principais razões que justificaram o fracasso do projecto de alojamento dos Judeus em Angola começaram no ano de 1938.

Na concretização deste projecto houve três dificuldades: em primeiro lugar era a questão do financiamento. Eram quantias muito altas que os alemães exigiam. Segundo, nenhum dos líderes concedia uma recompensa económica á Alemanha por deixar sair os Judeus e finalmente, poucos meses antes da Conferência de Evian nenhum governo manifestava interesse em dar territórios a milhares de Judeus.

Oliveira Salazar nunca tinha sido abordado oficialmente, ao longo do ano de 1939, acerca da implantação de um estado Israelita em Angola

A Foreign Office temia que as suas próprias colónias em África pudessem ser ameaçadas com a entrada de judeus alemães em Angola: " (...) nós devemos decidir desde já em opormo-nos a qualquer aproximação dos portugueses com o assunto e não podemos tolerar a presença de um grande número de judeus alemães em Angola durante o tempo de guerra, que pode ser uma fonte de perigo para as nossas colónias africanas."

O receio na criação de um novo foco de instabilidade política, através de um programa que usava a implantação de judeus alemães em Angola, resultou das recentes dificuldades inglesas no Próximo Oriente. Por terem autorizado a imigração de judeus para a Palestina, houve uma grande hostilidade por parte das nações árabes, colocando em perigo a sua ligação marítima com a Índia através do canal de Suez.

Num encontro de representantes dos governos americanos e ingleses sobre uma colonização judaica na Guiana Britânica, ficou bem expresso o receio de repetir o mesmo erro. Perante a proposta americana que previa uma imigração maciça, Winterton ficou furioso e afirmou que: " não é a intenção do governo britânico permitir o estabelecimento em massa em Guiana ou algo semelhante à situação na Palestina".

Quando se iniciou a Segunda Guerra Mundial, os obstáculos vieram dificultar a saída dos judeus do território alemão.

Embora esta fosse possível legalmente até ao dia 23 de Outubro de 1941, apenas 70 000 judeus conseguiram deixar o Reich no início da guerra devido à pouca solidariedade por parte de todos os governos mundiais.

Quando os representantes dos governos americanos e britânicos se encontraram em Abril de 1943, nas Bermudas, para debater o destino dos refugiados da guerra, já existiam informações detalhadas do genocídio praticado pelos nacionais- socialistas por parte da opinião pública.

Embora a vitória dos aliados fosse uma questão de tempo, eles receavam entrar em negociações directas com as autoridades nazis sobre uma saída organizada dos judeus que permaneciam nos territórios ocupados, pois se Hitler consentisse essa saída, os seus territórios iriam ser inundados de refugiados judeus.

Então estes governos desviaram a sua atenção para aqueles refugiados que iriam necessitar de um abrigo permanente após a guerra e foi aqui que os delegados americanos apresentaram o projecto de Roosevelt para a colonização de Angola por parte de israelitas, citando parte do relatório feito por Gregory, um cientista, onde eram relatados as boas condições de Angola para este propósito. Destacando as grandes vantagens que este projecto traria para o Governo Português, foi recomendado que se iniciassem de imediato os preparativos necessários para a sua realização.

Tanto o embaixador inglês em Lisboa, Campbell, como os cônsules britânicos em Lourenço Marques e Luanda confirmaram, em telegrama ultra-secreto, os factores que se opunham à imigração maciça dos judeus, dizendo que só poderiam ser apenas umas poucas centenas de refugiados.

Por outro lado, Campbell desaconselhava uma intervenção ao nível governamental porque: "Eu estou convicto que Salazar detecta uma insidiosa tentativa da nossa parte para conseguirmos influência nas colónias portuguesas de África. A única esperança de sucesso, muito ténue, viria de um apelo de uma organização pública internacional."

Tal como Campbell recomendara, o Foreign Office pediu ao presidente da Comissão Intergovernamental, Sir Herbert Emmerson, para dar os primeiros passos e em 18 de Agosto de 1943, a embaixada portuguesa em Londres recebeu a visita desta conhecida personalidade.

Com a sua visita, Emmerson quis demonstrar o grande interesse da comissão pela a ajuda portuguesa neste assunto, mas nem este importante gesto fez o governo de Salazar mudar de ideias pois Salazar fora alertado por relatórios que recebera do embaixador português em Washington, Bianchi, por altura da conferência das Bermudas e por um parecer de Fernando Nogueira em que dada altura se referiam notícias publicadas na imprensa inglesa sobre a colonização judaica em Angola, de modo que sabia que resultaria algo mais do que pequenos encargos financeiros na colaboração com a Comissão Intergovernamental. Repetiu então a estratégia que aplicara depois da Conferência de Évian e atrasou a resposta até à Primavera do ano seguinte.

Salazar recusa participar nos trabalhos da Comissão Intergovernamental, já que Portugal não fora convidado para assistir aquela Conferência e nem às nações organizadoras nem às que participaram "pareceu talvez precisa ou útil a intervenção portuguesa" e diz que não fazia sentido que o governo português fosse convidado "para executar medidas em cuja elaboração não tomámos parte e de que não tivemos conhecimento".

Com a perspicaz menção do embaraço causado por não ter sido convidado, o Chefe da diplomacia portuguesa conseguia habilidosamente desviar as tentativas das nações aliadas de tomar as colónias portuguesas, sem ofender a comunidade internacional.

Se o convite fosse aceite por Portugal, a diplomacia portuguesa encontraria dificuldades em vetar as iniciativas referentes ao aproveitamento das suas colónias, para alojar refugiados, sem perder o apoio das nações anglo-saxónias noutras questões prementes da política internacional.

Na tentativa de conseguir um território apto para alojar as centenas de milhares de foragidos provenientes de todo o mundo, Angola parecia quase o território ideal. Para os círculos judeus territorialistas, Angola tinha a enorme vantagem de ser governada por uma nação que não tinha ideologia anti-semita, garantindo aos judeus os mesmos direitos dos cristãos.

Para o governo americano contava sobretudo a localização dos territórios que estavam longe das suas fronteiras nacionais e era uma região do mundo onde os EUA não tinham nenhum interesse político. Mas também o factor demográfico parecia indicar Angola como o local ideal para a realização de um estado israelita. Numa área de 1 246 700 quilómetros quadrados viviam apenas 3 343 500 pessoas, das quais 3 300 000 negros e apenas 30 000 brancos e 13 500 mestiços.

Para muitos dos funcionários - chave do Ministério das Colónias, era a questão demográfica que impedia a instalação de uma colónia e o medo de perder esta.

Uma última razão que impedia o acolhimento de milhares de fugitivos estrangeiros foi o novo conceito colonial. O Acto Colonial de 1930 frisava, nas suas "garantias gerais", a missão imperial da nação portuguesa como difusora da civilização cristã.
António de Oliveira Salazar

Em 1912, nos planos da implantação da colónia judia, o Estado Novo recusava qualquer plano que visasse a redução ou até a perda da soberania portuguesa sobre a colónia de Angola. O presidente do Conselho, Oliveira Salazar, não deixou nenhuma dúvida: "Nós não admitimos discussão sobre a nossa soberania e a nossa soberania não pode ser discutida em Genebra, em Paris, Londres ou Roma.

As poucas experiências feitas com projectos de colonização revelaram todas um falhanço para todas as partes envolvidas.
DAQUI

Tentativas para o alojamento dos judeus em Angola.

AS TENTATIVAS DE UMA POSSÍVEL
COLONIZAÇÃO EM ANGOLA

TENTATIVAS
O FRACASSO DA COLONIZAÇÃO EM ANGOLA

TENTATIVAS DE COLONIZAÇÃO

Houve muitas tentativas para o alojamento dos judeus em Angola. A primeira tentativa foi de W. Terlo, um enólogo israelita que no dia 15 de Junho de 1912 conseguiu que fosse aprovado por unanimidade no Parlamento português um projecto-lei chamado "Projecto Bravo". Este projecto previa uma colonização de uma área de 45000 Km2 no planalto de Benguela. Depois de ter sido aprovado no Parlamento o "Projecto Bravo" tinha que ser integrado na Constituição.

Mas a Jewish Territorial Organisation (ITO), uma organização israelita que se dedicava principalmente à procura de um refúgio para o povo judeu em qualquer parte do mundo, recusou o "Projecto Bravo" que foi apresentado em Viena (27 a 30 de Junho de 1912).

A ITO considerava as concessões feitas pelo governo português insuficientes. Criticava as condições económicas que limitavam as concessões de terrenos a colonos individuais, que retiravam desta forma investimentos de empresas ou sociedades de colonização. Exigia também que houvesse uma área para formar uma "nova pátria judaica".

O projecto Bravo designado mais tarde por "200 B" apresentava no primeiro artigo que os colonos deviam-se tornar portugueses para usufruir dos terrenos. Para além disso exigia também o uso exclusivo nas escolas publicas de ensino elementar e como toda a correspondência respeitante aos serviços públicos.

A ITO organizou uma expedição sobre a orientação de um cientista inglês J. W. Gregory aos terrenos em Angola. Depois de percorrer 3000 milhas quadradas, concluiu que era muito difícil colonizar.

Em 20 de Janeiro de 1934 existiu uma nova tentativa para colonizar Angola. Passado um ano depois de Hitler chegar ao poder um embaixador português em Londres, Ruy Ennes Ulrich, refere no seu relatório habitual que houve uma visita de dois judeus alemães, Dr. Fritz Seidler (antigo secretário do ex-presidente alemão, Streseman) e Dr. Ernest Meyer (membro da Federação Internacional dos jornalistas), diziam que andavam à procura de território para se estabelecerem.

Dr. Fritz Seidler tentou persuadir o governo português a aceitar os judeus dando o exemplo do rei da Prússia. Seidler quando falava ou se referia aos seus protegidos nunca os chamava "judeu" mas sim "emigrantes" ou "alemães instruídos".

No dia 24 de Fevereiro de 1934, Ulrich aconselhou o Palácio das Necessidades a desiludirem os israelitas a se estabelecerem em Angola "pois o silêncio pode ser interpretado como um acolhimento favorável".

Numa nova carta, Seidler informou que uma comissão cientifica internacional, Sociedade De Acordo De Refugiados, sediada em Paris, começava a formação do banco para a colonização que já se encontravam à disposição da sociedade.

Um mês mais tarde, o jornal inglês "Daily Herald " publicou em 30 de Abril de 1934 um artigo com o seguinte título: "Nova casa para 5 000 000 judeus. Projecto de acordo para o oeste de África. Portugal oferece-se para dar terra". Nesta notícia dizia que havia negociações secretas entre a delegação israelita e o Governo português acerca da fundação de um Estado autónomo em angola.

Este seria colonizado por 5 milhões de judeus provenientes da Alemanha, Áustria e dos Estados da Europa oriental que ficaria sob presidência da Sociedade das Nações. O governo português e o Private Inquiries (inquéritos privados) do governo britânico teriam aprovado o plano e apenas teriam imposto algumas condições.

Muitas delegações diplomáticas e consulares portuguesas ficaram alarmadas e foram ao palácio das Necessidades pedindo esclarecimentos. Com esta notícia o ministro das colónias viu-se obrigado a desmenti-la ao representante da agência Reuter e também o jornal judeu "Jewish Chronicle". Assim, o jornal "Daily Herald" fez várias investigações de várias personalidades e concluiu que a única verdade era a seguinte: "... alguns meses atrás, alguns judeus alemães tentaram com insucesso negociar com o governo português o pedido de terra em Angola, considerando, entre outros continentes para uma possível imigração para o oeste de África para Angola":

Em Dezembro de 1938, Jacques Politis veio a Portugal para negociar um certo número de colonos judeus. Este projecto era unicamente para encontrar um refúgio seguro para centenas de milhares de pessoas em risco de vida. Portugal tinha benefícios, ou seja as empresas portuguesas adquiriam o monopólio tanto no comércio como dos transportes necessários para o empreendimento. Finalmente se Angola fosse atacada cada colono era obrigado a defender o território lutando lado a lado com as forças militares portuguesas.

Uma das condições colocadas por parte do governo português tanto no projecto "Bravo" como no projecto de Jacques Politis era o uso exclusivo da língua portuguesa tanto nas escolas como na correspondência oficial, mas o projecto de Jacques Politis ia muito mais longe, ou seja o uso de português fosse obrigatório dentro das próprias famílias judias.

No ano de 1938 houve uma conferência chamada a Conferência de Évian que se dedicou à questão dos judeus residentes em territórios. Dos 32 países que participaram nenhum estava interessado em aceitar refugiados judeus. Mas esta conferência nem de todo foi inútil pois nela se criou uma nova organização internacional, a Comissão Intergovernamental (IGC). Esta organização tinha como missão negociar com as autoridades do Reich para a saída organizada de centenas de milhares de judeus residentes em território alemão.

Nos fins de Outubro de 1938 Hitler mostrou-se disposto a negociar com a IGC e, em Dezembro o presidente do banco central alemão e ex-ministro das finanças, Hjalmar Schacht, deslocou-se pessoalmente a Londres e apresentou um projecto para a saída de judeus em etapas e apenas exigia uma compensação financeira.
a fraca colonização de portugueses em Angola

Em Janeiro de 1939 Roosevelt, Presidente dos Estados Unidos, queria albergar centenas de milhares de judeus alemães em Angola. Roosevelt achava que o chefe do governo português seria incapaz de recusar esta proposta porque além de ter uma oportunidade única de ficar na História, também recebia montantes anuais provenientes directamente dos cofres do novo Estado israelita.

Os ingleses, em 1939, não ficaram muito contentes com estas propostas feitas ao governo português.

Em fins de Janeiro do mesmo ano, Myron Taylor, escreveu um ofício onde nele mostrava um certo desagrado em relação à proposta de Roosevelt provocou em Londres.

Os ingleses tinham medo porque eles tinham colónias tanto ao lado de Angola como ao lado de Moçambique e temiam que os refugiados judeus da Alemanha fossem para as suas colónias.

Uma oportunidade para a realização deste projecto surge em Junho de 1939, Dr. Augusto d' Esaguy (membro da comunidade israelita de Lisboa e presidente da comissão portuguesa para a assistência aos refugiados israelitas ) visitou Sir H. Emerson, alto comissário para os refugiados, em Londres. Dr. d'Esaguy informou que o novo governador de Angola, o seu amigo Dr. Mano estava interessado no acolhimento de refugiados.

Em Portugal ninguém ficou indiferente a estas tentativas de criar uma colónia de judeus em Angola e dominava cada vez mais a oposição a uma situação que poderia levar ao aparecimento de um estado independente em território português.

O projecto foi muito criticado porque uma colonização em massa por alemães devia ser recusada pela simples razão dos envolvidos serem alemães. Também afirmavam que "nenhuma emigração estrangeira em grupos seria vantajosa para a nossa obra de colonização" para as colónias de Angola e Moçambique.
a fraca emigração de portugueses para Angola

Lembrava-se que a atitude dos anteriores colonos alemães "não é para inspirar confiança às autoridades portuguesas" (alusão a tentativas no final do séc. XIX para a Alemanha anexar Angola) e que "a aceitação de novos colonos alemães, judeus ou não, não parece aconselhável, porque em última análise eles são sempre alemães e constituem um elemento perigoso a considerar".

Também se temia que houvesse mais desemprego, pois nesta altura reinava em todas as economias do mundo o desemprego e a deslocação de centenas de milhares ou até mesmo milhões de emigrantes representasse uma grave ameaça para a estabilidade económica e social dos países de acolhimento.

Também a imprensa portuguesa teve reacções, nomeadamente acerca do discurso de Hearst e do projecto de Cazalet. A edição do "Diário de Notícias" de 21 de Novembro de 1938 acusava o Hearst de não querer ajudar o povo israelita, mas sim de pretender resolver um assunto de política interna inglesa (que também não estava interessada em receber no seu território milhares de refugiados judeus). E justificava: "(...) não só para que a nossa soberania sobre esses territórios que descobrimos e colonizámos seja sempre fácil de exercer mas ainda o que o nosso feliz aumento da população nos aconselha a guardar para nós as riquezas que temos para explorar". Ainda neste artigo acusava Cazalet de não ser amigo dos portugueses, afirmando que o plano de alojar em Angola significaria "preparar-nos no futuro, pelo menos, uma dificuldade diplomática com o Fuhrer!" (Hitler).

Salazar ia adiando a questão referindo que queria ter mais informações acerca do estado actual da questão dos refugiados judeus e das conversas de carácter oficial, antes de tomar qualquer decisão.



O FRACASSO DA COLONIZAÇÃO EM ANGOLA

As principais razões que justificaram o fracasso do projecto de alojamento dos Judeus em Angola começaram no ano de 1938.

Na concretização deste projecto houve três dificuldades: em primeiro lugar era a questão do financiamento. Eram quantias muito altas que os alemães exigiam. Segundo, nenhum dos líderes concedia uma recompensa económica á Alemanha por deixar sair os Judeus e finalmente, poucos meses antes da Conferência de Evian nenhum governo manifestava interesse em dar territórios a milhares de Judeus.

Oliveira Salazar nunca tinha sido abordado oficialmente, ao longo do ano de 1939, acerca da implantação de um estado Israelita em Angola

A Foreign Office temia que as suas próprias colónias em África pudessem ser ameaçadas com a entrada de judeus alemães em Angola: " (...) nós devemos decidir desde já em opormo-nos a qualquer aproximação dos portugueses com o assunto e não podemos tolerar a presença de um grande número de judeus alemães em Angola durante o tempo de guerra, que pode ser uma fonte de perigo para as nossas colónias africanas."

O receio na criação de um novo foco de instabilidade política, através de um programa que usava a implantação de judeus alemães em Angola, resultou das recentes dificuldades inglesas no Próximo Oriente. Por terem autorizado a imigração de judeus para a Palestina, houve uma grande hostilidade por parte das nações árabes, colocando em perigo a sua ligação marítima com a Índia através do canal de Suez.

Num encontro de representantes dos governos americanos e ingleses sobre uma colonização judaica na Guiana Britânica, ficou bem expresso o receio de repetir o mesmo erro. Perante a proposta americana que previa uma imigração maciça, Winterton ficou furioso e afirmou que: " não é a intenção do governo britânico permitir o estabelecimento em massa em Guiana ou algo semelhante à situação na Palestina".

Quando se iniciou a Segunda Guerra Mundial, os obstáculos vieram dificultar a saída dos judeus do território alemão.

Embora esta fosse possível legalmente até ao dia 23 de Outubro de 1941, apenas 70 000 judeus conseguiram deixar o Reich no início da guerra devido à pouca solidariedade por parte de todos os governos mundiais.

Quando os representantes dos governos americanos e britânicos se encontraram em Abril de 1943, nas Bermudas, para debater o destino dos refugiados da guerra, já existiam informações detalhadas do genocídio praticado pelos nacionais- socialistas por parte da opinião pública.

Embora a vitória dos aliados fosse uma questão de tempo, eles receavam entrar em negociações directas com as autoridades nazis sobre uma saída organizada dos judeus que permaneciam nos territórios ocupados, pois se Hitler consentisse essa saída, os seus territórios iriam ser inundados de refugiados judeus.

Então estes governos desviaram a sua atenção para aqueles refugiados que iriam necessitar de um abrigo permanente após a guerra e foi aqui que os delegados americanos apresentaram o projecto de Roosevelt para a colonização de Angola por parte de israelitas, citando parte do relatório feito por Gregory, um cientista, onde eram relatados as boas condições de Angola para este propósito. Destacando as grandes vantagens que este projecto traria para o Governo Português, foi recomendado que se iniciassem de imediato os preparativos necessários para a sua realização.

Tanto o embaixador inglês em Lisboa, Campbell, como os cônsules britânicos em Lourenço Marques e Luanda confirmaram, em telegrama ultra-secreto, os factores que se opunham à imigração maciça dos judeus, dizendo que só poderiam ser apenas umas poucas centenas de refugiados.

Por outro lado, Campbell desaconselhava uma intervenção ao nível governamental porque: "Eu estou convicto que Salazar detecta uma insidiosa tentativa da nossa parte para conseguirmos influência nas colónias portuguesas de África. A única esperança de sucesso, muito ténue, viria de um apelo de uma organização pública internacional."

Tal como Campbell recomendara, o Foreign Office pediu ao presidente da Comissão Intergovernamental, Sir Herbert Emmerson, para dar os primeiros passos e em 18 de Agosto de 1943, a embaixada portuguesa em Londres recebeu a visita desta conhecida personalidade.

Com a sua visita, Emmerson quis demonstrar o grande interesse da comissão pela a ajuda portuguesa neste assunto, mas nem este importante gesto fez o governo de Salazar mudar de ideias pois Salazar fora alertado por relatórios que recebera do embaixador português em Washington, Bianchi, por altura da conferência das Bermudas e por um parecer de Fernando Nogueira em que dada altura se referiam notícias publicadas na imprensa inglesa sobre a colonização judaica em Angola, de modo que sabia que resultaria algo mais do que pequenos encargos financeiros na colaboração com a Comissão Intergovernamental. Repetiu então a estratégia que aplicara depois da Conferência de Évian e atrasou a resposta até à Primavera do ano seguinte.

Salazar recusa participar nos trabalhos da Comissão Intergovernamental, já que Portugal não fora convidado para assistir aquela Conferência e nem às nações organizadoras nem às que participaram "pareceu talvez precisa ou útil a intervenção portuguesa" e diz que não fazia sentido que o governo português fosse convidado "para executar medidas em cuja elaboração não tomámos parte e de que não tivemos conhecimento".

Com a perspicaz menção do embaraço causado por não ter sido convidado, o Chefe da diplomacia portuguesa conseguia habilidosamente desviar as tentativas das nações aliadas de tomar as colónias portuguesas, sem ofender a comunidade internacional.

Se o convite fosse aceite por Portugal, a diplomacia portuguesa encontraria dificuldades em vetar as iniciativas referentes ao aproveitamento das suas colónias, para alojar refugiados, sem perder o apoio das nações anglo-saxónias noutras questões prementes da política internacional.

Na tentativa de conseguir um território apto para alojar as centenas de milhares de foragidos provenientes de todo o mundo, Angola parecia quase o território ideal. Para os círculos judeus territorialistas, Angola tinha a enorme vantagem de ser governada por uma nação que não tinha ideologia anti-semita, garantindo aos judeus os mesmos direitos dos cristãos.

Para o governo americano contava sobretudo a localização dos territórios que estavam longe das suas fronteiras nacionais e era uma região do mundo onde os EUA não tinham nenhum interesse político. Mas também o factor demográfico parecia indicar Angola como o local ideal para a realização de um estado israelita. Numa área de 1 246 700 quilómetros quadrados viviam apenas 3 343 500 pessoas, das quais 3 300 000 negros e apenas 30 000 brancos e 13 500 mestiços.

Para muitos dos funcionários - chave do Ministério das Colónias, era a questão demográfica que impedia a instalação de uma colónia e o medo de perder esta.

Uma última razão que impedia o acolhimento de milhares de fugitivos estrangeiros foi o novo conceito colonial. O Acto Colonial de 1930 frisava, nas suas "garantias gerais", a missão imperial da nação portuguesa como difusora da civilização cristã.
António de Oliveira Salazar

Em 1912, nos planos da implantação da colónia judia, o Estado Novo recusava qualquer plano que visasse a redução ou até a perda da soberania portuguesa sobre a colónia de Angola. O presidente do Conselho, Oliveira Salazar, não deixou nenhuma dúvida: "Nós não admitimos discussão sobre a nossa soberania e a nossa soberania não pode ser discutida em Genebra, em Paris, Londres ou Roma.

As poucas experiências feitas com projectos de colonização revelaram todas um falhanço para todas as partes envolvidas.

domingo, 24 de maio de 2009

Os !Kung San ( Bosquímanos) habitam a África Austral há mais de 20 000 anos.





Os !Kung San habitam a África Austral há mais de 20 000 anos.

A sua ancestralidade pode ser atestada pelas inúmeras pinturas rupestres que foram deixando pelos caminhos do tempo. São caçadores-recolectores, autênticas relíquias vivas do nosso passado humano. Usam uma linguagem de estalidos (representada graficamente por !) e o nome que se dão a si próprios pode ser traduzido por “Pessoas”. São geralmente conhecidos pela designação inglesa, “Bushmen” que adaptamos para “Bosquímanos”.


Os !Kung vivem no deserto do Kalahari que não é um deserto de dunas, antes, uma espécie de savana que ocupa uma extensa área partilhada pelos actuais territórios da África do Sul, Namíbia e, sobretudo, Botswana. A Norte, algumas franjas entram por terras angolanas. O Kalahari é atravessado por alguns rios que determinam os caminhos dos !Kung e tem época de chuvas que permite que a vida vegetal e animal sejam abundantes. O modo de vida deste povo do deserto que, inesperadamente, passou a contar com uma garrafa de coca-cola, ficou ternamente registado no filme de Jamie Uys, Os Deuses Devem Estar Loucos.


Há cerca de 25 anos, o Professor Viegas Guerreiro, decano da antropologia em Portugal, apresentou-me aos !Kung, exibindo um filme que ele próprio realizara durante os dois anos em que vivera com este povo. Aprendi, assim, que os San não têm chefes e que as decisões que interessam ao grupo são tomadas em grupo. Esses grupos podem ser extensos – até 100 pessoas – se os alimentos disponíveis forem bastantes, mas normalmente são menores, podendo não ultrapassar os 10 indivíduos.

Os San abrigam-se em cabanas que constroem recorrendo à vegetação alta que fazem assentar sobre uma estrutura de ramos. Os homens dedicam-se à caça e não importa os dias que demore até capturarem uma presa, porque a maior vergonha é regressar ao acampamento sem o suprimento de carne necessário. Caçam usando lanças feitas com as próprias mãos, com pontas de sílex (?) habilmente trabalhadas e que embebem em veneno eficaz. Sobre as mulheres recai a obrigação de serem elas a garantir o sustento diário, recolhendo frutos e raízes. Com que mestria o fazem! Onde nós não vislumbramos nada a não ser areia, elas abrem um buraco fundo com as mãos e encontram raízes enormes que o saber ancestral lhes ensinou a descascar bem com as suas lâminas de pedra e a pisar cuidadosamente para lhes extrair o suco venenoso. Depois resta uma farinha que assam sobre as brasas da fogueira pequena. Quando escasseiam as bagas e os frutos vão-se embora, seguindo os trilhos do rio. Pelo caminho vão deixando registos nas pedras com as suas magníficas pinturas rupestres ao ar livre.

Quando morre alguém metem-no na sua cabana. Os vivos, mesmo que haja alimentos, levantam o acampamento e partem, levando consigo o nada que possuem e quase nada deixando que permita o estudo do seu modo de vida a quem se queira guiar pelos restos materiais. O abandono dos mortos, segundo o professor Viegas Guerreiro, é das poucas manifestações religiosas dos San. A outra é a dança ritual dos curandeiros, para curar os doentes ou para pedir ao tempo que mande a chuva da sobrevivência.

Nem historiadores nem antropólogos são capazes de explicar por que razão alguns povos evoluíram no seu modo de vida enquanto outros se deixaram permanecer imutáveis. Quando, há cerca de 8000 anos o Neolítico chegou a África, os povos que se sedentarizaram e começaram a praticar a agricultura viram a sua população crescer e passaram a exercer grande pressão sobre os territórios percorridos pelos povos nómadas. Assim aconteceu com os Bantos e os !Kung San. Estes foram empurrados para o deserto que nunca foi terra que apetecesse a ninguém. Mas o golpe maior chegaria com os Boers, os puritanos holandeses que, em guerras sucessivas, iriam reduzir este povo a números insignificantes.

Em data que não sei precisar, o governo do Botswana delimitou uma área, a que chamou reserva, e encafuou lá os bosquímanos. Área sem acesso a água e pouco extensa para permitir o modo de vida tradicional, condenando-os à morte lenta. Em 1997, o supremo tribunal desse país, alegando prejuízos para o meio ambiente, decidiu expulsá-los da reserva. O mesmo organismo, há poucos dias, permitiu o seu regresso, mas desobrigando o governo do abastecimento de água e de alimentos.




Falta dizer que, na reserva, tinham sido encontradas importantes jazidas de diamantes. Pobres !Kung San!
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Os povos Pigmeus (Mbuti) e Khoisan




Pigmeus, os "pequenos habitantes" da terra (África) em extinção


Koisan, Mukankalas ou Bosquímanos...os caçadores do Deserto
Cuissis no Namibe
(...)

4. Os povos Pigmeus (Mbuti) e Khoisan

Os habitantes originais da África Central foram os povos caçadores e colectores de quem os povos Mbuti (Pigmeus) e Khoisan (Bosquímanos) descendem, que viveram na região desde há cerca de pelo menos 12.000 anos. No que respeita mais propriamente ao actual território de Angola, os Pigmeus ocupavam as florestas galerias na metade norte do território (províncias de Zaire, Uíge, Cuanza-Norte e Lundas) e os Khoisan ocupavam o extenso planalto interior das províncias de Benguela, Huambo, Bié, Moxico, Cuando-Cubango, Cunene, Huíla e Namibe.

Acredita-se ainda que os Pigmeus tenham chegado primeiro que os Khoisan, mas que se foram retirando para Norte à medida que a floresta equatorial ficava mais circunscrita à bacia do Rio Zaire.

Evidência arqueológica confirma a ocupação do território angolano pelos Khoisan desde há 12 mil anos. Devido ao seu modo de produção paleolítico, o padrão de povoamento Khoisan foi escasso e concentrou-se nas terras do planalto. Sem bem que se não saiba a data aproximada da expansão Khoisan em Angola, acredita-se que ele tenha tido lugar entre doze mil a dez mil anos atrás.


5. As Grandes Migrações dos Povos Bantos

As migrações bantas para o actual território de Angola estenderam-so ao longo de 1.400 anos, desde cerca do Séc. VI até ao Séc. XIX. A classificação de "Banto" é uma classificação linguística e não política; assim, por "povos Bantos" entendemos os diferentes povos que se espalharam na África Central e Austral (em que se inclui Angola), cuja língua tinha a mesmo origem comum da cultura Nok do Nordeste dos Camarões e Sudoeste da Nigéria. O avanço dos povos de língua Banta foi um movimento secular e vagaroso, e não uma expansão brusca. Neste processo lento e secular de contacto entre os povos Bantos e os Pigmeus e mais tarde os Khoisan, os povos Bantos detentores da tecnologia de fabricação de ferro impuseram a sua economia e cultura, ao mesmo tempo que assimilaram os povos Pigmeus e Khoisan que há muito viviam nessas regiões, resultando em culturas cruzadas como as dos povos Cuissis e Cuepes, no quadrante sudoeste de Angola, ou empurrando-os para regiões mais marginais (floresta equatorial para os Pigmeus) e inóspitas (chanas (estepes) do leste de Angola para os Khoisan).

Com a excepção dos Bakongos e possivelmente dos Ambundos, que seguiram a rota meridional a oeste da floresta equatorial, a maioria dos povos Bantos que vieram habitar Angola eram originários da região dos Grandes Lagos a leste da floresta equatorial (bacia do Zaire) e entraram em Angola através da rota oriental entrando pela Baixa do Cassange (Rio Cuango), Lundas e anharas do leste (Moxico e Cuando-Cubango).

Ainda sujeito a confirmação através de estudos mais apurados, acredita-se que os primeiros povos de língua banta a chegarem ao actual território de Angola tenham sido os Bakongo nos Séculos XII ou XIII, vindos do Norte, tomando o curso entre a floresta equatorial e o Oceano Atlântico (a Rota Sul), e que se viriam a estabelecer nas margens do rio Zaire, primeiro a norte e mais tarde atravessaram o mesmo e se espalharam pelo território até á margem do Rio Dande. O povoamento Banto da região foi lento, e na forma inicial de povoações independentes sem poder político centralizado até aos finais do Século XIV, quando se formou o que mais tarde viria a ser o Antigo Reino do Congo.

Os Ambundos vindos através da margem leste do rio Cuango expandiram-se pelas bacias dos rios Lucala e Cuanza até à sua foz, estabelecendo um número de sobados independentes que se consolidaram no que viria a ser o Reino de Angola.

O povo Herero, de modo de produção pastoril, se bem que oriundo dos Grandes Lagos, chegou à região Sudoeste de Angola (a sul de Benguela) através da rota ao longo da costa atlântica, mas vindos do sul (Namíbia). As populações de raíz Banta acabaram eventualmente por dominar a maior parte do território, estimando-se actualmente em cerca de 12 milhões de pessoas em Angola.
In IntroduçãoaoEstudodaHistoria


Acrescento:
Fotos
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sábado, 23 de maio de 2009

O TRATADO DE SIMULAMBUCO

cabinda2: Cabinda - Simulambuco: celebrating the Portuguese protectorate - Neste lugar de Simulambuco, foi assinado em 1 de Fevereiro de 1885 o Tratado que integrou o território de Cabinda na nação Portuguesa (photo by FLEC) - (c) Travel-Images.com - Stock Photography agency - Image Bank
..."Nós,abaixo assinados, príncipes e governadores de Cabinda, sabendo que na Europa se trata de resolver, em conferência de embaixadores de diferentes potências, questões que directamente dizem respeito aos territórios da Costa Ocidental de África,e, por conseguinte, do destino dos seus povos, aproveitamos a estada nêste porto da corveta portuguesa "Rainha de Portugal", a-fim-de em nossos nomes e no dos povos que governamos pedirmos ao seu comandante, como delegado do Govêrno de Sua Majestade Fidelíssima, para fazermos e concordarmos num tratado pelo qual fiquemos sob o protectorado de Portugal, tornando-nos, de facto, súbditos da corôa portuguesa, como já o éramos por hábitos e relações de amizade. E, portanto, sendo de nossa inteira, livre e plena vontade que de futuro entremos nos domínios da corôa portuguesa, pedimos ao Exmo Sr.Comandante da corveta portuguesa para aceder aos nossos desejos e dos povos que governamos, determinando o dia,onde, em sessão solene, se há-de assinar o tratado que nos coloque sob a protecção da bandeira de Portugal." ----

---..."Escrito em reunião dos príncipes abaixo assinados, no lugar de Simulambuco, aos 22 de Janeiro de 1885."
..."Sinal em + de Ibiala Mamboma, Rei representante da regência; sinal em + da princesa Maria Simbo Mambuco; (a) Manuel José Puna (mais tarde Barão de Cabinda); sinal em + do príncipe Iambo Franque, governador de Chinga; sinal em + do príncipe Jack,governador de Buco-Sinto; sinal em + de Fernando Mengas, filho do príncipe Jack; sinal em + de King Jack, príncipe; sinal em + do príncipe King Faine; sinal em + de Fernando Sonça, governador do Povo-Grande; sinal em + do Mongovo Velho, dono do povo grande; sinal em + do Mongovo Mamgombe, governador de Siamona; sinal em + de Betti Jack, governador de Cai;(a)Manuel Bonzela Franque, governador de Pôrto-Rico e Mambu; (a) Francisco Rodrigues Franque,governador de Pernambuco e Vitória; sinal em + do Massabo; sinal em + de Machimbe Mafuca Franque ; sinal em + do príncipe Muan Sambi Linguister de Francisco Franque."
..."Reconhecem as assinaturas e sinais como sendo dos próprios, por os terem visto fazer,(aa) Vicente Puna, João Puna, João Barros Franque e Guilherme Franque."
..."Guilherme Augusto de Brito Capello, capitão tenente da Armada, comandante da corveta "Rainha de Portugal", comendador de Aviz e Cavaleiro de várias ordens, autorizado pelo govêrno de Sua Magestade Fidelíssima El-Rei de Portugal, satisfazendo os desejos manifestados pelos prínicpes de Cabinda em petição devidamente por êles assinada, em grande fundação concluiu com os referidos príncipes, governadores e chefes abaixo assinados, seus sucessores e herdeiros, o seguinte:" -
..."Artigo 1º -- Os príncipes e mais chefes do país e seus sucessores declaram, voluntariamente, reconhecer a soberania de Portugal, colocando-se sob o protectorado desta nação todos os territórios por êles governados."..."Artigo 2º -- Portugal reconhece e confirmará todos os chefes que forem reconhecidos pelos povos segundo as suas leis e usos, prometendo-lhes auxílio e protecção."..."Artigo 3º -- Portugal obriga-se a fazer manter a integridade dos territórios colocados sob o seu protectorado"...
...................................................
--- (Extraído da obra "NÓS,OS CABINDAS", de D.DOMINGOS JOSÉ FRANQUE (príncipe negro "Boma-Zanei-N´Vimba")-- (pgs. 9/27) - Editora ARGO - Lisboa - 1940 --
................. (Para uma mais completa informação consultar na Internet :
http://cabinda.hostingwithu.com/Cabindas.html
cabinda.org/historia.htm

ccp.home.sapo.pt/Tratado_Simulambuco.htm

http://www.scribd.com/doc/12397135/Candomble-Cambindas

Processo de Descolonização: Melo Antunes rompe o silêncio


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CCPD - Processo de Descolonização:
Melo Antunes rompe o silêncio

De:Augusto Carvalho
Ernesto Augusto Melo Antunes, tenente-coronel e conselheiro da Revolução, é, ao mesmo tempo, um dos homens mais conhecidos e um dos mais desconhecidos. Porque Melo Antunes foi elevado à categoria de símbolo. E de bode expiatório para os inimigos do processo da independência das ex-colónias e para os anticomunistas de vários matizes que não lhe perdoam ter vindo à Televisão em 25 de Novembro dizer, no fundo, que em nome da democracia o PC não podia ser eliminado.

Foi Melo Antunes o teórico do “Grupo dos Nove”, opondo-se ao projecto inegemónico do PCP e tentando, depois contrariar, no plano internacional, a sua estratégia política. A direita colou-se-lhe, então, por razões de ocasião, uma parte da mesma direita que agora o ataca enquanto símbolo. E o PCP deixou de o atacar por razões opostas.


António de Spínola critica-o duramente no “País Sem Rumo” e diversos órgãos de Comunicação Social não cessam também de o atacar. Sem conhecimento de causa. Emocionalmente. A história do processo da descolonização não foi, porém, feita até agora. Por isso mesmo o EXPRESSO resolveu ouvir os intervenientes mais responsáveis por ela ao nível das cúpulas políticas de então. E não podia de deixar de ouvir Melo Antunes que continua a assumir toda a sua actuação.

Como parece não assumir, por exemplo, Mário Soares que quisemos ouvir, mas não teve tempo para nos receber. Esperamos, entretanto, a oportunidade prometida. Pedimos, por isso, a Melo Antunes que nos desse a sua versão de como correram as coisas, que se pronunciasse sobre o livro do general António Spínola, que pensa do comportamento de Mário Soares, de então e de agora e quais as suas relações com o PCP.

Melo Antunes falou longamente da sua experiência e revelou alguns episódios até agora pouco conhecidos e alguns mesmo inéditos, entre eles, o encontro em Amesterdão entre ele próprio, Almeida Santos e Óscar Monteiro da FRLIMO. Situa, também, o célebre texto dactilografado que tanta admiração causaria no major Casanova Ferreira, se entendermos ao que sobre o assunto disse o general Spínola.

E muito mais. A entrevista aí fica. Entrevista de um político-militar que continua a gozar de vasta audiência em diversos sectores do mundo africano. Uma entrevista que o EXPRESSO pensa fará história. A que outrAs certamente se seguirão – A. de C.
O meu silêncio não significa arrependimento ou prudência

EXPRESSO – O tenente-coronel Melo Antunes é um dos homens mais em foco no processo que levou à descolonização de Moçambique. Um dos mais em foco e um dos mais atacados. Atacado pela chamada direita e silenciado pela chamada esquerda.

Foi atacado recentemente pelo general António de Spínola no livro “País Sem Rumo” e o próprio Mário Soares secretário geral do PS, parece ter-se solidarizado com as afirmações do ex-Governador da Guiné e primeiro Presidente da República a seguir ao 25 de Abril. Já passou muito tempo. Já vários livros foram publicados e o tenente-coronel Melo Antunes tem-se mantido silencioso. Como interpretar tal silêncio? Arrependimento ou prudência?


CONTINUA...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

LIvro Negro da Descolonização

Consulte aqui o LIVRO NEGRO DA DESCOLONIZAÇÂO

LIVRO NEGRO DA DESCOLONIZAÇÃO

LUIZ AGUIAR / 1977

I * II * III * IV * V * VI

terça-feira, 19 de maio de 2009

Angola multiracial, multicultural e multilínguas

Angola multiracial, multicultural e multilínguas

Há diferentes opiniões e atitudes na interpretação que fazemos da realidade histórica dos povos de Angola.
Falamos só nos povos Bantu, como se a história de Angola tivesse só começado na rainha Ginga, é um paradigma, porque, para sermos honestos temos que aceitar que os Angolanos são negros, mulatos e brancos, lamenta-se a falácia de alguns poucos que apregoavam em 1975 que os milhares de mulatos e brancos ali nascidos não podiam ser angolanos por causa da sua cor da pele sendo isso uma vergonhosa falsificação da história porque os antepassados de muitos negros que hoje se dizem «genuínos» e «donos da terra» ocuparam os territórios que actualmente compõem Angola, pouco antes, e, às vezes, pouco depois de os portugueses terem chegado e, muitas vezes, ao mesmo tempo que os colonizadores.
Os únicos angolanos genuínos são, curiosamente, os mais marginalizados dos nativos: os Khoisans (bosquímanes e hotentotes ) que se fixaram em Angola há mais de 11 mil anos e os Vátuas que habitaram a sua região situada nos desertos do Namibe há mais de 3 mil anos.
Todos os outros povos fixaram-se em Angola a partir dos grandes movimentos migratórios da população bantu, que se foram miscigenado e cruzando entre si.
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Afinal, o melhor mesmo é não confiarmos naqueles que querem reescrever a história e amarmos Angola multiracial, multicultural e multilínguas.
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Por:Anónimo

terça-feira, 12 de maio de 2009

O êxodo dos " BRANCOS DE ANGOLA"

O êxodo dos Brancos de Angola- um livro por escrever na primeira pessoa

Por Mandachuva


Mais uma vez o relato de familiares de ex-militares ...neste caso a esposa !

Os outros são como Savimbi escreveu no seu livro "ANGOLA a resistência em busca de uma nova nação”:
pàg 64 - "O êxodo dos brancos desequilibrou profundamente a vida politico-económica de Angola.
Houve quem escrevesse que a maior parte dos brancos residentes em Angola tinhaaderido à UNITA e desertou dela depois de certas afirmações de dirigentes do Partido, nomeadamente o meu discurso de Julho de 1975 no Cuma...//..."
" A UNITA foi o único movimento que tomou posições claras, límpidas, em relação à nacionalidade angolana. Foi ela que manteve(como mantém) a sua posição de que nas circunstãncias do nosso país, angolanos podem ser os pretos, os mestiços e os brancos.
Quinhentos anos de vivência em comum representam alguma coisa. Quinhentos anos de mistura de costumes e de sangue não são pouco.
A UNITA defendeu o ponto de vista da nacionalidade para brancos e mestiços, desde que estes estratos populacionais se identificassem com a construção harmoniosa de uma nova Angola, aceitando entrar na "escola da História" ,para que os pretos, que são a maioria, não vive3ssem constantemente dos seus ressentimentos e os brancos quisessem transpor para uma Angola independente a sua vida de privilégios passados durante a época colonial."...//...
"Foi essa base única que fez com que brancos pretos e mestiços aderissem em massa à filosofia do nosso partido."...//...
"Quanto ao meu discurso no Cuma, ele foi apenas um reflexo da situação que se vivia...//...tinha estado a dialogar comigo certos elementos brancos que se diziam amigos da Unita -o banqueiro espirito Santo e o Eng Fernando Falcão, Pinto Leite e o Eng. corte real, e outros mas com objectivos um pouco diferentes.
O Falcão ia para convencer-me de que a Unita devia capitular diante do MPLA porque ele tinha estado em Luanda e vira aí desembarcar armas electrónicas. outros sustentavam que os únicos brancos que tinham escolhido um Movimento de Libertação se identificavam com o Mpla.. segundo eles, os brancos filiados na UNITA tinham-no feito para procurarem da parte dela protecção para os seus privilégios. Foi por isso que eu quis lembrar aos brancos do Cuma que a Independência exigia de cada um uma dose de sacrifício..."
"E se eu quiser examinar erros cometidos nas áreas da Unita, no Huambo e Lobito, Lubango e Moçamedes fácil me será concluir que as populações pretas, brancas e mestiças não estavam absolutamente nada preparadas para esse encontro fraternal.
“A população branca queria manter os seus privilégios dentro do país independente."
"Os Erros cometidos em Angola resultaram da intransigência de certos elementos, uma vezes negros outras vezes brancos, que não estavam prevenidos de que todo o extremismo gera calamidades e que não aceitavam moderação nas suas reivindicações."
"Retomando a questão do Exodo dos Brancos, quero dizer que, no meu entender, ele não foi ocasionado pela sucessão dos acontecimentos ou pela falta de tempo par a educação das massas. Foi deliberadamente precipitado por Rosa Coutinho, que sabia bem que a única coisa que faltava ao MPLA, nessa altura, para poder aguentar a administração, eram os brancos, que não tinham contudo nenhuma simpatia por aquele movimento.
Por isso Rosa Coutinho fomentou atrocidades contra os brancos, para que eles se precipitassem para os portos e aeroportos e par os seus carros- deixando um vácuo que só o MPLA poderia preencher graças ao envio apressado de lisboa de quadros do partido comunista, para reforçarem a sua posição. Foi essa a razão fundamental do êxodo dos brancos."


Recolhas de Renato G. Pereira
http://www.prof2000.pt/users/secjeste/aidaviegas

EXCERTOS:
Foi o caso duma interessante conversa que Matilde ouviu uma tarde ao entrar num pequeno bar duma vila do centro do país onde, como é habitual, um grupo de homens, costumava juntar-se em amena cavaqueira. No momento a conversa estava animada. Os temas, como as cerejas, iam-se encadeando uns nos outros passando, inexoravelmente na altura, pelos retornados.
Uns queixavam-se disto, outros acusavam-nos daquilo, sendo, porém, todos unânimes na ideia de que os regressados de África estavam a constituir uma praga, tal era o número dos que afluíam dia após dia ao Velho Continente.
— Na realidade, disse um dos presentes à laia de conclusão, daqui a pouco, não se vê mais nada nesta terra senão retornados e cães!
— É verdade, é verdade...
— Você é que tem razão - aplaudiram quase em uníssono todos os presentes.
De repente, alguém reflectiu e, uma voz se levantou do meio do grupo:
— O senhor por acaso não é retornado? Ou é?
— Claro que sou, homem!
— Eu também, exclamou quem falara e, ambos desataram a rir com vontade perante o espanto dos demais que de repente não se haviam apercebido onde estava a piada.

In Muito Grosso