quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

DO ZAIRE PODEROSO AO CUNENE MISTERIOSO - (Poema Épico - Volume II)

CANTO VIII - A RESTAURAÇÃO DOS REINOS - (71 estâncias) -


1) - Para esse mesmo Reino de Benguela
...... Foi então nomeado Gomes de Gouveia
...... Enquanto outros de sua douta tutela
...... Fugiram da terrível alcateia.
...... Muita gente, com boa e melhor farpela
...... Seguia a santa, de flores toda cheia,
...... Sendo o colégio antigo recompensado
...... Porque junto ao palácio era situado.

2) - Assim caminham para a fortaleza
...... Com uns santos e santas resguardados,
...... Sendo sua fé mostrada com firmeza
...... Entre tantos fiéis e alguns soldados.
...... Não causaranenhuma outra estranheza
...... O que logo surgiranoutros lados
...... Já festejando com muita alegria
...... O fim do sofrimento e vilania.

3) - Outros, enviados à Vila Vitória,
...... Informavam da nova situação,
...... Retirando da lusa e boa memória
...... Tanta desgraça e total desolação.
...... Mandara recolher, sem mais história,
...... Todos que se mantinham p'lo sertão
...... Sendo bem mais segura a capital
...... Antes que lhes surgisse novo mal.

.................................................

CANTO IX - A INFLUÊNCIA BRASILEIRA - (72 estâncias) -


1) (72)- Para Vieira chegara a ocasião
...... De assumir o comando desejado
...... Tendo tido outra boa governação
...... Em terras do Brasilcom muito agrado.
...... Aos jesuítas não alegra a nomeação
...... Pelo que logo fora excomungado;
...... Julgando-se em Angola superiores
...... Manobravam sem ter opositores.

2) (73)- Massandano recebeu benefícios
...... Passando a vila por merecimento,
...... Depois de tanto azar e sacrifícios
...... Da população em fácil crescimento.
...... Os igleses cometem artifícios
...... Numa grave traição sem fundamento,
...... Quando Chichorro,calmo,regressava
...... E em Paraíba porém preso ficava!

3) (74)- Doente e com fome finha falecido
...... Nem lhe valendo o farto e bom marisco
...... Pois,pelo mesmo,foi depois comido
...... Sendo assim muito pior que um outro risco!
...... Ao sobrado esqueleto,ali esquecido,
...... De nada servia já o poder ou o fisco
...... E,nem mesmo o salvando,o Salvador,
...... Só restando entregar a alma ao Criador!

....................................................

CANTO X - A INEVITÁVEL EVOLUÇÃO - (72 estâncias) -


1) (144)- Távora chega a Luanda com atraso,
...... Em plena juventude da sua vida,
...... Entre grande alegria,sem qualquer prazo,
...... Com espanto da gente embevecida.
...... Não perdendo mais tempo e, sem dar azo
...... A avanços de adversários nessa lida,
...... Mandara reforçar fortes, fortins,
...... E outras bases de mais seguros fins.

2) (145)- Chegam à capital embaixadores
...... Do novo rei conguês com cumprimentos
...... Ao governador jovem e uns senhores
...... Que davam apoio aos doutos elementos.
...... Solicitam vencer usurpadores
...... Estranhos, sem humanos sentimentos,
...... Que mantinham negócios dos escravos
...... Recordando outros tempos dos eslavos.

3) (146)- Dom Rafael concedera outro condado
...... Que junto ao Pinda estava protegido,
...... Muitos seguiam o destino desgraçado,
...... Não cumprindo o tratado antes havido.
...... Os jesuítas também haviam falhado
...... Com o escuro negócio, repelido,
...... Sendo expulsos p'ra tais bandas,distantes,
...... Em companhia de certos traficantes!

.....................................................

CANTO XI - NOS REINOS DO SERTÃO - (59 estâncias) -


1) (216)- Silva e Sousa chegapo finalmente
...... P'ra comandar o Reino principal
...... Não tempo de aguçar o dente
...... Contra Dala e o Cassanje, seu rival,
...... Que nem aproveitou a ajuda presente
...... E o livrou de sofrer um grande mal;
...... Perdera assim aquele seu comando
...... Ficando tudo a saque d'outro mando.

2) (217)- Não consegue,porém,ali aguentar
...... Preferindo regressar à origem,
...... Sendo logo preenchido seu lugar
...... Com apoio renovado e vassalagem.
...... Em Catole, Sequeira iria acampar
...... Com um certo descuido,mas coragem;
...... Acabava com trágica surpresa
...... Perdendo terrenoe alguma firmeza.

3) (218)- Explodiam as barracas num instante
...... Repletas de armas, muitas munições,
...... Mais parecendo festa delirante
...... Apavorando suas populações.
...... E Sequeira, o "invencível" e triufante,
...... Foi abatido com setas nos pulmões
...... Sem desânimo dos seus companheiros,
...... Conseguindo vencer, foram primeiros.

....................................................

CANTO XII - A COBIÇA INTERNACIONAL - (94 estâncias) -


1) (275)- Ribafria sucedera ao nobre Almada
...... Que foi governar para outro reinado
...... E para onde não houvera mais jornada,
...... Que o governo acabara co'"el-dourado";
...... Mesmo p'ra degredado era vedada
...... Sendo Angola o destino sobejado,
...... Como acontecera antes a diversos
...... Embora fossem santos não perversos.

2) (276)- A revoltada gente da Quiçama
...... Fora vencida por sobas reunidos.
...... Ribafria nunca teve santa cama
...... Actuandocom processos mal sabidos:
...... Pouco valera alguma justa fama
...... Nem resolveu problemas conhecidos.
...... No seu regresso teve de aquecer
...... Quando seu barco estsva a fenecer.

3) (277)- Entretanto, chegara Dom Noronha,
...... Havendo situações bem complicadas,
...... Com casos muito doentes,qual peçonha,
...... Para o que devia ter as mãos pesadas.
...... Mesmo o Senado, com bastante ronha,
...... Desviava nomeações menos cotadas
...... E, por não serem da alta sociedade,
...... Apenas dos musseques da cidade!

.....................................................

CANTO XIII - OS CAMINHOS DA LIBERTAÇÃO - (72 estâncias) -


1) (369)- Tomara posse Dom Sousa Coutinho
...... Reunindo os comerciantes da cidade,
...... Devendo cessar logo de caminho
...... Com os que nunca obtinham liberdade,
...... Nem havendo um imposto mais daninho
...... Prejudicando toda lusa herdade,
...... Mesmo tendo suas dívidas somadas
...... Com as diversas, tão mal disfarçadas.

2) (370)- Sendo o Terreiro Público ali criado
...... Para a recolha dos bons alimentos,
...... Assim ficando tudo armazenado
...... Para distribuir com mais fundamentos,
...... Sem que algum fosse mais beneficiado
...... Ficando outros com menos suprimentos;
...... Assim evitam feios, fracos negócios
...... Ou trocas de trabalhos pelos ócios.

3) (371)- A Geometria, porém, e a Construção,
...... Em "aulas",antes já sendo existentes,
...... Tiveram uma nova pretensão
...... Havendo muitas obras dependentes,
...... Porque nem encontravam solução
...... Para resolver casos das suas gentes
...... Em casas mais antigas,mal situadas,
...... Sem posses para serem reparadas.

....................................................

CANTO XIV - OS MISTÉRIOS DO CUNENE - (128 estâncias) -


1) (441)- Decide a JUnta fixar em Benguela
...... Os dirigentes das expedições,
...... Como se fosse uma imensa janela
...... Aberta p'ra desvendar os sertões;
...... Com Furtado e Valente em curta trela
...... Tinha em Silva e Lacerda uns bons peões,
...... Buscando o estranho final do Cunene :
...... Rio estreito,largo,rápido ou perene !?

2) (442)- Uns chegam a Angra do Negro p'lo mar
...... Encontrando emissários dum sobeta,
...... Curiosos de conhecer,"conversar",
...... Como sendo "homens" dum outro planeta!
...... Mais não pretendiam do que desvendar
...... A ligação do rio com a sua meta,
...... Julgada estar situada num maior
...... Que os levasse ao longíquo interior.

3) (443)- Caminhara Gregório para o sul,
...... Indo pelo Quilengues e mais terras
...... Para alcançar em Angra o mar azul,
...... Depois de atravessar deserto e serras;
...... Com uma caravana passa um paul,
...... Chegando a Banda(Angra) sem mais guerras
...... E conseguira algumas vassalagens
...... Desde Quinzamba ao Negro,fim das viagens.

......................................................

CANTO XV - ATÉ À DESCOBERTA DA SUA FOZ - (102 estâncias) -


1) (569)- Vidal fora o primeiro governante
...... Segundo a nova Carta Nacional,
...... Que orientaria os destinos doravante
...... Co'a justiça p'ra todos sendo igual.
...... Em Benguela ninguém seria ignorante
...... Da lei aplicada por ali em geral,
...... P'ra matarem mosquitos com metralha
...... Ou,queimando umas ervas sem ter falha!

2) (570)- Ngola Quiassama,soba numa serra,
...... Não concordando com a instalação
...... Dim Presídio dos lusos em sua terra,
...... Avança contra Ambaca,no sertão,
...... Mas,a tropa depressa mais o encerra,
...... Algemando-lhe com vontade a mão.
...... Garcia,regente na Oylla,nem sabia
...... Como dominar outra rebeldia.

3) (571)- O distrito "Bragança" surgiria
...... Na zona em que Quiassama dominava;
...... Andrade,coronel,melhor fazia
...... E a ordem ali de novo se instalava.
...... Benguela no local se manteria
...... E,Catumbela,na mesma ficava,
...... Enquanto Luanda obtinha provimentos
...... Com as diversas obras e uns eventos.

......................................................
......................................................

100) (668)- Os ingleses tentaram conquistar
....... O Reino de Cabinda,sem prudência,
....... Sabendo que não estava p'ra alugar,
....... Mas ao cargo da lusa previdência.
....... Subornavam o N'hongo sem cessar,
....... Fazendo quase perder a paciência
....... A quem tinha a total obrigação
....... De manter em paz sua população.

101) (669)- Costa Leal percorrendo pelo sul,
....... Passa a Baía dos Peixes,continuando
....... Em busca do mistério,sob céu azul :
....... Se o Cunene,absorvido e sem comando
....... Há tantos anos, longe do Giraul,
....... Entrava nessa areia que o iria ocultando !?
....... Findava esse segredo centenário
....... Um caso,talvez, bem extraordinário!

102) (670)- Leal, manda estudar sua navegação,
....... Pretendida por outros governantes,
....... Pensando na possível ligação
....... Ao Cubango. desejo dos meliantes,
....... Para terem mais rápida função
....... Com os barcos de tantos traficantes,
....... Na busca dos escravos e marfim
....... Sem cuidar que esse podia ser seu Fim.

----------------------------------------------------------

POEMA ÉPICO - Roberto Correia - Volume : II

NOTA - ESTE POEMA ÉPICO TEM DOIS VOLUMES COM UM TOTAL DE 1.368 ESTÂNCIAS : Vol.I = 698 e Vol.II = 670, A QUE CORRESPONDEM 10.944 VERSOS)

Sem comentários: