Ao longo da história tenta-se explicar as causas e os fatores que influíram para que ocorresse a partilha da África ao final do século XIX e inicio do XX, neste contexto iniciaremos por apresentar as diferentes teorias a respeito das causas da partilha da África.
A Teoria econômica
A princípio ninguém se opunha a idéia do caráter econômico para a explicação da expansão imperialista, mesmo entre os especialistas não-marxistas. As origens teóricas desta noção surgem em 1900 quando Rosa Luxemburgo apresenta o imperialismo como último estágio do capitalismo. A clássica forma desta teoria esta contida na afirmação de John Hobson:”a superprodução, os excedentes de capital e o sub-consumo dos países industrializados levaram-nos a colocar uma parte crescente de seus econômicos fora de sua esfera política atual e a aplicar ativamente uma estratégia de expansão política com vistas a se apossar de novos territórios”. Para Hobson esta seria a raiz econômica do imperialismo, e mesmo com a atuação de outras forças, e apesar delas, a decisão final ficaria com o poder financeiro.
Lênin salientava que o novo imperialismo caracterizava-se pela transição de um capitalismo de orientação “pré-monopolista”, no qual predominava a livre concorrência e que prosperava exportando mercadorias, para o estágio do capitalismo “monopolista”, em que o avanço depende da exportação de capitais, e intimamente ligado a intensificação das lutas pela partilha do mundo.
Nacionalistas, revolucionários do terceiro mundo, uniram-se a numerosos especialistas marxistas, na aceitação do imperialismo como resultado de uma exploração econômica descarada. Muito embora nem Lênin nem Hobson tenham se ocupado do caso específico da África, não resta duvidas de que suas observações contribuíram na analise da história da África. Não podemos descartar o fator econômico da partilha, mas, não podemos reduzi-la a este único fator.
As Teorias psicológicas
As chamadas teorias psicológicas estão divididas aqui em: Darwinismo social, Cristianismo evangélico e Atavismo social. Basicamente estas teorias apontam na direção de uma superioridade da “raça branca” em relação ao africano, o que de certa forma justificaria a colonização.
Darwinismo social
Tendo como fonte de inspiração o livro “A origem das espécies por meio da seleção natural, ou a conservação das raças favorecidas na luta pela vida”, escrito por Darwin e publicado em 1859, onde se basearam os analistas para justificar a partilha como algo natural, pois era destino da “raça superior” conquistar e dominar as chamadas “raças não evoluídas”.
Cristianismo evangélico
Para o cristianismo evangélico a teoria de Darwin representava uma grande heresia, muito embora discretamente aceitasse as implicações racistas da obra. As conotações racistas do cristianismo evangélico ficavam encobertas por “zelo humanitário” e “filantropia”, idéias muito disseminadas entre os governantes europeus no período da partilha e colonização da África. Sustentava-se desta forma a necessidade de “regenerar” os povos africanos. Apesar da provável participação de missionários nos preparativos para a colonização da África, apenas este fator não se sustenta como uma teoria geral da ação imperialista na África, haja visto que esta teoria é limitada e não contemplaria uma análise por toda África.
Atavismo social
Joseph Shumpeter foi o primeiro a explicar o imperialismo em termos sociológicos, para ele os fatores psicológicos superam os fatores econômicos na explicação da colonização da África. Segundo Shumpeter o desejo natural do homem em conquistar e subjugar outro homem, estava intimamente ligado ao processo imperialista da África. A expressão atavismo social é relacionada por uma manifestação de uma regressão aos instintos políticos e sociais do homem primitivo. Shumpeter defende que o capitalismo é antiimperialista, e que por isto mesmo a teoria econômica deveria ser descartada como possibilidade de análise da colonização.
As teorias psicológicas, podem sim conter verdades, que ajudam a compreender a partilha da África, no entanto, não conseguem explicar porque esta ocorreu neste exato momento, e não em outro momento qualquer. Apesar de não dar conta de uma explicação do porque da partilha, fornece elementos na direção de explicar porque a partilha foi possível e até considerada desejável.
As Teorias diplomáticas
Oferecem uma explicação puramente política para a partilha da África. É talvez a mais comumente aceita. Para analisá-las dividiremos em: “prestígio nacional”, ‘o equilíbrio de forças” e a “estratégia global”.
Prestígio nacional
Carlton Hayes, defende que o novo imperialismo era um fenômeno nacionalista. E que os defensores do imperialismo possuíam sede ardente de reconhecimento e prestigio nacional, assim resumido por Hayes: “ A França procurava uma compensação para as perdas na Europa com ganhos no ultramar. O Reino Unido aspirava compensar seu isolamento na europa engrandecendo e exaltando o império britânico. A Rússia, bloqueada nos Bálcãs, voltava-se de novo para a Ásia. quanto a Alemanha e a Itália, queriam mostrar ao mundo que tinham direito de realçar seu prestígio, obtido à força na Europa por façanhas imperiais em outros continentes. As potências de menor importância, que não tinham prestígio a defender, lá conseguiram viver sem se lançarem na aventura imperialista, a não ser Portugal e Holanda, que demonstraram renovado interesse pelos impérios que já possuíam, esta última principalmente, administrando o seu com redobrado vigor."
Equilíbrio de forças
F. H. Hinsley destaca que o desejo de paz e de estabillidade europeu foi a principal causa da partilha da África. Segundo Hinsley a partir do Congresso de Berlim, as nações européias estiveram a Beira de um conflito generalizado, que somente não ocorreu por habilidade dos estadistas. No entento, havia um crescente conflito de interesses na África, que ameaçava a paz na Europa, portanto, segundo Hinsley, não havia outra forma de manter a paz e a estabilidade européia senão com a partilha da África.
Estratégia Global
Se pensarmos em uma frase que resumisse a idéia da estratégia global poderíamos dizer que: “A grande responsabilidade pela partilha da África é dos próprios africanos.” A chamada Estratégia Global acendeu entre os especialistas em historia da África reações negativas, no entanto, foi irresistível entre historiadores não africanistas e mesmo junto ao grande público, mas, uma analise mais profunda desta tese torna difícil sua aceitação.
Os grandes defensores desta teoria, Ronald Robinson e John Gallagher, atribuem a responsabillidade da partilha aos movimentos “protonacionallistas” na África, que passaram a ameaçar os interesses estratégicos globais das nações européias. Estas “lutas românticas”, segundo os autores, teriam culminado por “forçar” os estadistas europeus a partilhar a África, mesmo contra sua própria vontade, em defesa dos interesses de suas nações no âmbito global.
Teoria da Dimensão africana
Esta teoria admitia superficialmente os motivos econômicos da partilha, mas não como elemento principal. Nos anos de 1930, George Hardy, especialista em História colonial francesa, demosntrou a importância dos fatores africanos locais da partilha, tratando a África como uma unidade histórica.
Tratar a África apenas no quadro ampliado da Europa é um erro grave, estaríamos de certa forma, negando a existência de “vida inteligente” no continente africano. É necessário examinar os motivos da partilha do ponto de vista das sociedades africanas. Uzoigwe acredita que as teorias eurocêntricas que explicam a partilha completam-se com a teoria da dimensão africana, rejeita, no entanto, a idéia de que a conquista do continente africano era inevitável, para ele existiu um processo que iniciou-se bem antes do século XIX, e que os faotres econômicos foram vitais na tomada de decisão da conquista e partilha. Precipitados é bem verdade, pelas resistências africanas a invasão crescentes executadas pela Europa, o que teria militarizado o processo de ocupação.
Por Celso de Almeida
Resumo do texto: Partilha eurpéia e conquista da África de Godfrey N. Uzoigwe.
A Teoria econômica
A princípio ninguém se opunha a idéia do caráter econômico para a explicação da expansão imperialista, mesmo entre os especialistas não-marxistas. As origens teóricas desta noção surgem em 1900 quando Rosa Luxemburgo apresenta o imperialismo como último estágio do capitalismo. A clássica forma desta teoria esta contida na afirmação de John Hobson:”a superprodução, os excedentes de capital e o sub-consumo dos países industrializados levaram-nos a colocar uma parte crescente de seus econômicos fora de sua esfera política atual e a aplicar ativamente uma estratégia de expansão política com vistas a se apossar de novos territórios”. Para Hobson esta seria a raiz econômica do imperialismo, e mesmo com a atuação de outras forças, e apesar delas, a decisão final ficaria com o poder financeiro.
Lênin salientava que o novo imperialismo caracterizava-se pela transição de um capitalismo de orientação “pré-monopolista”, no qual predominava a livre concorrência e que prosperava exportando mercadorias, para o estágio do capitalismo “monopolista”, em que o avanço depende da exportação de capitais, e intimamente ligado a intensificação das lutas pela partilha do mundo.
Nacionalistas, revolucionários do terceiro mundo, uniram-se a numerosos especialistas marxistas, na aceitação do imperialismo como resultado de uma exploração econômica descarada. Muito embora nem Lênin nem Hobson tenham se ocupado do caso específico da África, não resta duvidas de que suas observações contribuíram na analise da história da África. Não podemos descartar o fator econômico da partilha, mas, não podemos reduzi-la a este único fator.
As Teorias psicológicas
As chamadas teorias psicológicas estão divididas aqui em: Darwinismo social, Cristianismo evangélico e Atavismo social. Basicamente estas teorias apontam na direção de uma superioridade da “raça branca” em relação ao africano, o que de certa forma justificaria a colonização.
Darwinismo social
Tendo como fonte de inspiração o livro “A origem das espécies por meio da seleção natural, ou a conservação das raças favorecidas na luta pela vida”, escrito por Darwin e publicado em 1859, onde se basearam os analistas para justificar a partilha como algo natural, pois era destino da “raça superior” conquistar e dominar as chamadas “raças não evoluídas”.
Cristianismo evangélico
Para o cristianismo evangélico a teoria de Darwin representava uma grande heresia, muito embora discretamente aceitasse as implicações racistas da obra. As conotações racistas do cristianismo evangélico ficavam encobertas por “zelo humanitário” e “filantropia”, idéias muito disseminadas entre os governantes europeus no período da partilha e colonização da África. Sustentava-se desta forma a necessidade de “regenerar” os povos africanos. Apesar da provável participação de missionários nos preparativos para a colonização da África, apenas este fator não se sustenta como uma teoria geral da ação imperialista na África, haja visto que esta teoria é limitada e não contemplaria uma análise por toda África.
Atavismo social
Joseph Shumpeter foi o primeiro a explicar o imperialismo em termos sociológicos, para ele os fatores psicológicos superam os fatores econômicos na explicação da colonização da África. Segundo Shumpeter o desejo natural do homem em conquistar e subjugar outro homem, estava intimamente ligado ao processo imperialista da África. A expressão atavismo social é relacionada por uma manifestação de uma regressão aos instintos políticos e sociais do homem primitivo. Shumpeter defende que o capitalismo é antiimperialista, e que por isto mesmo a teoria econômica deveria ser descartada como possibilidade de análise da colonização.
As teorias psicológicas, podem sim conter verdades, que ajudam a compreender a partilha da África, no entanto, não conseguem explicar porque esta ocorreu neste exato momento, e não em outro momento qualquer. Apesar de não dar conta de uma explicação do porque da partilha, fornece elementos na direção de explicar porque a partilha foi possível e até considerada desejável.
As Teorias diplomáticas
Oferecem uma explicação puramente política para a partilha da África. É talvez a mais comumente aceita. Para analisá-las dividiremos em: “prestígio nacional”, ‘o equilíbrio de forças” e a “estratégia global”.
Prestígio nacional
Carlton Hayes, defende que o novo imperialismo era um fenômeno nacionalista. E que os defensores do imperialismo possuíam sede ardente de reconhecimento e prestigio nacional, assim resumido por Hayes: “ A França procurava uma compensação para as perdas na Europa com ganhos no ultramar. O Reino Unido aspirava compensar seu isolamento na europa engrandecendo e exaltando o império britânico. A Rússia, bloqueada nos Bálcãs, voltava-se de novo para a Ásia. quanto a Alemanha e a Itália, queriam mostrar ao mundo que tinham direito de realçar seu prestígio, obtido à força na Europa por façanhas imperiais em outros continentes. As potências de menor importância, que não tinham prestígio a defender, lá conseguiram viver sem se lançarem na aventura imperialista, a não ser Portugal e Holanda, que demonstraram renovado interesse pelos impérios que já possuíam, esta última principalmente, administrando o seu com redobrado vigor."
Equilíbrio de forças
F. H. Hinsley destaca que o desejo de paz e de estabillidade europeu foi a principal causa da partilha da África. Segundo Hinsley a partir do Congresso de Berlim, as nações européias estiveram a Beira de um conflito generalizado, que somente não ocorreu por habilidade dos estadistas. No entento, havia um crescente conflito de interesses na África, que ameaçava a paz na Europa, portanto, segundo Hinsley, não havia outra forma de manter a paz e a estabilidade européia senão com a partilha da África.
Estratégia Global
Se pensarmos em uma frase que resumisse a idéia da estratégia global poderíamos dizer que: “A grande responsabilidade pela partilha da África é dos próprios africanos.” A chamada Estratégia Global acendeu entre os especialistas em historia da África reações negativas, no entanto, foi irresistível entre historiadores não africanistas e mesmo junto ao grande público, mas, uma analise mais profunda desta tese torna difícil sua aceitação.
Os grandes defensores desta teoria, Ronald Robinson e John Gallagher, atribuem a responsabillidade da partilha aos movimentos “protonacionallistas” na África, que passaram a ameaçar os interesses estratégicos globais das nações européias. Estas “lutas românticas”, segundo os autores, teriam culminado por “forçar” os estadistas europeus a partilhar a África, mesmo contra sua própria vontade, em defesa dos interesses de suas nações no âmbito global.
Teoria da Dimensão africana
Esta teoria admitia superficialmente os motivos econômicos da partilha, mas não como elemento principal. Nos anos de 1930, George Hardy, especialista em História colonial francesa, demosntrou a importância dos fatores africanos locais da partilha, tratando a África como uma unidade histórica.
Tratar a África apenas no quadro ampliado da Europa é um erro grave, estaríamos de certa forma, negando a existência de “vida inteligente” no continente africano. É necessário examinar os motivos da partilha do ponto de vista das sociedades africanas. Uzoigwe acredita que as teorias eurocêntricas que explicam a partilha completam-se com a teoria da dimensão africana, rejeita, no entanto, a idéia de que a conquista do continente africano era inevitável, para ele existiu um processo que iniciou-se bem antes do século XIX, e que os faotres econômicos foram vitais na tomada de decisão da conquista e partilha. Precipitados é bem verdade, pelas resistências africanas a invasão crescentes executadas pela Europa, o que teria militarizado o processo de ocupação.
Por Celso de Almeida
Resumo do texto: Partilha eurpéia e conquista da África de Godfrey N. Uzoigwe.
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