Luís Salgado de Matos
O começo das hostilidades em Angola, em Março de 1961, foi seguido de perseguições a igrejas protestantes consideradas aliadas dos «terroristas» - e da repressão do clero africano da arquidiocese de Luanda.
O vigário-geral, monsenhor Manuel Mendes das Neves, foi preso (e morreu, exilado em Portugal, em 11 de Dezembro de 1966), sendo os restantes padres desterrados para Portugal. Entre eles, o actual cardeal Alexandre do Nascimento e Joaquim Pinto de Andrade.
A sensatez do espiritano D. Moisés Alves de Pinho - o chefe da Igreja em Angola (1932-1966), que condenou os excessos da luta antiterrorista, sempre aplicou a doutrina social da Igreja e soube pilotar a africanização dos quadros, apesar da oposição oficial - contribuiu para amortecer os conflitos entre a Igreja e o Estado português e entre o clero angolano e as outras igrejas africanas, mas não os evitou totalmente.
A agitação na Igreja angolana começou no final da década de 60. Em Abril de 1968, um grupo de cristãos escreveu aos bispos a defender os movimentos de libertação, tendo o Governo proibido os Primeiros Colóquios Sociais. Nesse ano, o padre Adalberto Postioma, professor do seminário de Luanda, foi incomodado pelas autoridades (e apoiado pelo arcebispo) por ensinar o direito à independência.
Em Agosto de 1969, um grupo de cristãos convidou os bispos de Angola a condenarem as acções do Exército português contra populações indefesas.
Em 1970, vinte e dois missionários da congregação do Espírito Santo, a mais numerosa em Angola, onde fora pioneira da evangelização moderna, enviaram um documento à Conferência Episcopal a acusar a Igreja de cooperar nas injustiças sociais. O padre José Veiga, também espiritano, propôs à Conferência a criação de «comunidades novas», o que foi aceite, com algumas condições, por carta de 30 de Julho de 1970.
Em 9 de Abril de 1970, a missão de Chamavare, onde missionários estrangeiros se dedicavam aos bosquímanes, foi alvo de ataque de agentes da DGS, disfarçados de terroristas - pretexto para o seu encerramento, no que terá sido uma medida preventiva da denúncia de massacres e, em Julho desse ano, o Governo fechou a missão dos Irmãozinhos de Jesus.
Em Dezembro de 1972, o espiritano padre Jorge Sanches publicou na revista católica «Spiritus» um artigo a acusar os bispos de «incapazes de tomar a peito a liberdade da Igreja e a defesa dos oprimidos» o primeiro ataque católico internacional à Igreja católica em Angola.
Respondeu-lhe o arcebispo de Luanda, D. Manuel Nunes Gabriel, apoiado pelos superiores espiritanos locais: os bispos de Angola têm tido quase uma «obsessão» pela «questão social», e defender a independência política seria «cair em novo clericalismo».
Aquelas oposições não abalaram a unidade do episcopado angolano, que viu a sua posição conciliadora legitimada pela nomeação - estimulada pela Santa Sé, contrariada por Lisboa - do primeiro bispo negro da evangelização moderna portuguesa, D. André Muaca (auxiliar de Luanda, 1970; residencial de Malanje 1973).
O começo das hostilidades em Angola, em Março de 1961, foi seguido de perseguições a igrejas protestantes consideradas aliadas dos «terroristas» - e da repressão do clero africano da arquidiocese de Luanda.
O vigário-geral, monsenhor Manuel Mendes das Neves, foi preso (e morreu, exilado em Portugal, em 11 de Dezembro de 1966), sendo os restantes padres desterrados para Portugal. Entre eles, o actual cardeal Alexandre do Nascimento e Joaquim Pinto de Andrade.
A sensatez do espiritano D. Moisés Alves de Pinho - o chefe da Igreja em Angola (1932-1966), que condenou os excessos da luta antiterrorista, sempre aplicou a doutrina social da Igreja e soube pilotar a africanização dos quadros, apesar da oposição oficial - contribuiu para amortecer os conflitos entre a Igreja e o Estado português e entre o clero angolano e as outras igrejas africanas, mas não os evitou totalmente.
A agitação na Igreja angolana começou no final da década de 60. Em Abril de 1968, um grupo de cristãos escreveu aos bispos a defender os movimentos de libertação, tendo o Governo proibido os Primeiros Colóquios Sociais. Nesse ano, o padre Adalberto Postioma, professor do seminário de Luanda, foi incomodado pelas autoridades (e apoiado pelo arcebispo) por ensinar o direito à independência.
Em Agosto de 1969, um grupo de cristãos convidou os bispos de Angola a condenarem as acções do Exército português contra populações indefesas.
Em 1970, vinte e dois missionários da congregação do Espírito Santo, a mais numerosa em Angola, onde fora pioneira da evangelização moderna, enviaram um documento à Conferência Episcopal a acusar a Igreja de cooperar nas injustiças sociais. O padre José Veiga, também espiritano, propôs à Conferência a criação de «comunidades novas», o que foi aceite, com algumas condições, por carta de 30 de Julho de 1970.
Em 9 de Abril de 1970, a missão de Chamavare, onde missionários estrangeiros se dedicavam aos bosquímanes, foi alvo de ataque de agentes da DGS, disfarçados de terroristas - pretexto para o seu encerramento, no que terá sido uma medida preventiva da denúncia de massacres e, em Julho desse ano, o Governo fechou a missão dos Irmãozinhos de Jesus.
Em Dezembro de 1972, o espiritano padre Jorge Sanches publicou na revista católica «Spiritus» um artigo a acusar os bispos de «incapazes de tomar a peito a liberdade da Igreja e a defesa dos oprimidos» o primeiro ataque católico internacional à Igreja católica em Angola.
Respondeu-lhe o arcebispo de Luanda, D. Manuel Nunes Gabriel, apoiado pelos superiores espiritanos locais: os bispos de Angola têm tido quase uma «obsessão» pela «questão social», e defender a independência política seria «cair em novo clericalismo».
Aquelas oposições não abalaram a unidade do episcopado angolano, que viu a sua posição conciliadora legitimada pela nomeação - estimulada pela Santa Sé, contrariada por Lisboa - do primeiro bispo negro da evangelização moderna portuguesa, D. André Muaca (auxiliar de Luanda, 1970; residencial de Malanje 1973).
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