Ribombam os canhões na alvorada que desperta
Chora a Pátria a dor dessa ferida exangue aberta
E o toque do clarim que p´ra luta nos atira
Avisa o pelotão que nas armas façam mira
Na cadência da marcha que te arrasta para a guerra
Soldado…Tu estás só!
E a Pátria que te exulta para a luta de ti espera
Que tu, Soldado…De TI não tenhas dó.
No ventre que te gerou, marcam-te a vida,
E como ferro em fogo de insígnia desmedida
Sem dó te marca a sorte e atira ao cadafalso.
Impune e sem sentido fazem de ti um herói falso
Herói sem nome e sem rosto
De quem só sobra desgosto desse ser feito algarismo
Que de si nada deixou para além de um negro abismo
E um vazio de dor no ventre que o pariu
Já que a bravura empenhada naquela luta malvada
Foi por causas que não viu
Buscas agora repouso na sombra de uma bandeira
Que não se deu em mortalha
Mas te guiou na alvorada de alma plena e lavada
Para o ninho da metralha
Sangue da carne a jorrar
Soldado, deves calar a dor que trespassa o ventre
E por bendito ser Deus para te por lá nos céus
Encara a morte de frente
Roubaram-te os sonhos na madrugada
Roubaram-te a vida, deram-te nada,
Deram-te esperanças cretinas e ganas assassinas
Que te trocaram a sorte
E no toque do clarim deram o princípio do fim
Nem te exultaram na morte
Herói sem nome e sem rosto que morreste no teu posto
Deixaste a arma a teu lado
Não te adianta o desgosto de quem te recorda o rosto
Tu foste APENAS SOLDADO
Charles Sotam – Setúbal
(Cumpriu S.M.O. em Moçambique)
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