domingo, 11 de dezembro de 2011

FUA - FRENTE DE UNIDADE ANGOLANA: OPORTUNIDADE PERDIDA POR PORTUGAL





Carlos Mário Alexandrino da Silva Carlos Mário Alexandrino da Silva     


6. NO LUBANGO: O PRIMEIRO MANIFESTO


Mas, qual era o conteúdo desses panfletos? O que diziam eles?

Nesses impressos anunciava-se a Frente de Unidade Angolana - F.U.A - que fazia as seguintes reivindicações:
a) o direito da população de Angola dispor do seu próprio destino;
b) a abertura imediata de negociações com os representantes da Oposição ao governo, para solução pacífica do problema angolano;
c) necessidade de todos os habitantes de Angola se unirem para a construção de um grande país multirracial;
d) libertação de todos os presos políticos;
e) eleições gerais, com inteira liberdade de propaganda eleitoral e ampla representação de todas as tendências politicas;
f) formação de um governo autônomo de Angola;
g) liberdade de consciência , de religião, de imprensa, de reunião e associação;
h) elevação e representação das massas africanas "hoje sem liberdade, sem garantias e sem direitos";
i) livre acesso aos cargos públicos: a trabalho igual, salário igual;
j) liberdade de comércio com todos os povos e estabelecimento de relações diplomáticas com todos os países;
k) política de franca amizade e sólida cooperação com os povos de expressão portuguesa.

Portanto, prégava-se já a lusofonia que, pese a aparente contradição no plano ideológico, Salazar... também defendia.

Na alínea b) - as alíneas são de nossa inspiração - evidencia-se a preocupação de se estabelecer "diálogo" para encontrar uma "solução pacífica", numa altura - 17 de Abril de 1961 - em que se completavam dois meses sobre uma situação tensa: o "4 de Fevereiro" , em Luanda, caraterizara-se por uma ação relâmpago, ineficaz e mal organizada, mas com impacto na mídia internacional, do incipiente MPLA, e o"15 de Março" (e os três dias subseqüentes) pela macabra e sanguinolenta chacina, no Norte de Angola, de milhares de Negros bailundos (Ovimbundus, da etnia do Dr. Jonas Savimbi...), de brancos e mestiços (litorâneos pois eram raríssimos, devido ao xenofobismo imperante nos bacongos, os"mulatos" nortistas...) praticada pelas endemoninhadas e drogadas hordas a mando do "francofonizado" Holden Roberto.

Por conseguinte, à partida a FUA era pacifista. Foi essa, a nosso ver, a oportunidade, talvez a maior para aquela época histórica, perdida pelo governo central...

Nesse manifesto afirmava-se ainda que "a FUA é um movimento ordeiro e proclama a necessidade de soluções legais e ordeiras"; logo, sua índole nessa fase era legalista e não terrorista. Sublinhava no entanto:"nada poderá impedir que Angola aceda à autonomia a que todos os povos têm direito."


7.- AVERIGUAÇÕES DA PIDE ....
 
 
CONTINUA....

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