sábado, 28 de janeiro de 2012

A exploração de Angola colonial: conclusões da Comissão Especial das Nações da O.N.U.

Amigo Brasileiro 2006

Este é um pequeno extracto das conclusões da Comissão Especial das Nações da O.N.U.

O capital estrangeiro, principalmente investido na indústria, detém direitos exclusivos de prospecção e disposição sobre os diamantes, minério de ferro e bauxite.

Portugal reservou para si todos os direitos de propriedade sobre as imensas riquezas minerais de Angola – diamantes (5º produtor mundial), ferro, petróleo e manganês.

Os interesses económicos estrangeiros e o governo português são legatários de um sistema de recíprocas vantagens. De um lado, a sociedade mineira encontra uma mão-de-obra barata, procurada com assistência da administração, sendo aquela isenta de qualquer imposto, podendo exportar o produto mineral para a Grã-Bretanha, Alemanha Ocidental, EUA, França, Portugal.

Por outro lado, o lucro que a sociedade mineira deixa em Portugal, ajuda-o a manter o seu jugo e concorre para o financiamento das operações militares.

Os interesses estrangeiros apoiam directa e indirectamente o colonialismo português, que permite desfrutar os recursos humanos e materiais deste território extorquindo lucros.

Numa guerra, como a do Iraque por exemplo, aqueles que não beneficiavam desta exploração, acabam sempre por apoiar a parte contrária na mira de mais tarde as posições se inverterem. Passarão eles a beneficiar desses recursos, em "pagamento" da sua ajuda "desinteressada".

OS INTERESSES NÃO PORTUGUESES NA ECONOMIA de Angola e Moçambique:

Diamantes: Anglo-American Corporation of South Africa, Banco Morgan, Grupo Oppenheimer, De Burs, Gunggenheim, F.F. Ryan, Forninderl, Union Minère du Haut-Katanga, Garan y Trust Banc, Societé Genérale de Belgique.

Petróleo: Compagnie Finaciére Belge dês Petroles (Petrofina), Chase National Bank, National City Bank of New York, Cabinda Gulf Oil Company.

Alumínio: Pechiney (accionista de Alumínio Português – Angola).

Bauxite: Billinton Maatshappy.

Mica: Standar Oil (representada em Angola pela União Comercial de Automóveis).

Café: Banco Rallet (accionista da Companhia Agrícola de Cazenga, da Companhia Agrícola de Angola e da Companhia Angolana de Agricultura).

Açúcar: Ban Ton Mayhew & C. (accionista da Sociedade Agrícola da Cassequel).

Algodão: Societé General de Belgique (representada pela Companhia Geral de Algodões), Banque Belge d'Afrique, Compagnie Cotonière Congolaise, La Luinna – Societé Anonyme Agricole & Industrielle.

Palma: La Luinna – Societé Anonyme Agricole & Industrielle.

Pesca: Societé dÉxpansion Comerciale (accionista da Companhia da Baía Farta).
Comércio: Anglo-American Corporation (representada em Angola pela sociedade Luso-Americana), DEVON ESTATES, LUANDA TRADING C.º, ROBERT HUDSON and SONS, LA LUINNA.

Transportes: Anglo-American Corporation of South Africa, Westmins ter Bank, British South Africa Company, Cooper Brothers C.º, The Angola Coaling C.º, Tanganica Concessions.

Obras hidráulicas: Hidrotechning Corporation of New York.

Pesquisa Mineira: E.J. Longyer C.º, Remina, Aero Service Corporation, Bettlem Steel, Carbide, Mutual Securiut Agency.

Além disto, há uma complexidade de sociedades, cada vez mais intrincada e com ramificações por todo o mundo. Como é óbvio estas multinacionais tinham imenso poder persuasivo sobre os governantes portugueses, até ao ponto de algumas delas formarem, quase, um estado dentro do Estado, com completa autonomia em áreas reservadas em que as próprias autoridades portuguesas precisavam de um salvo-conduto para entrar.

A "verdadeira" história, as manobras de bastidores e técnicas de persuasão, vou-te contando por e-mail, se estiveres interessado.

Ruca
 Estratos do relatório da Comissão de Descolonização da O.N.U. (cont)

"… Em Angola os capitais estrangeiros são principalmente investidos na indústria. Empresas estrangeiras ou com participação estrangeira detêm direitos exclusivos de prospecção e de exploração de diamantes, petróleo e minerais de ferro e de bauxite. A DIAMANG detém até 1971 os direitos exclusivos de prospecção e exploração dos diamantes numa zona que ronda 1 milhão de quilómetros quadrados, podendo conservá-los mesmo depois dessa data: a PETRANGOL (dominada pela Petrofina) detém os direitos exclusivos de prospecção e de exploração do petróleo em amplas regiões de Angola, incluindo uma parte do subsolo continental, e a CABINDA GULF OIL COMPANY, americana, detém os mesmos direitos sobre uma parte de Cabinda. A Petrangol detém os mesmos direitos exclusivos de refinamento de petróleo. As SOCIEDADES DO LOBITO E LOMBIGE, que obtiveram a assistência financeira de um consórcio de que fazem parte a KRUPP, grupo alemão ocidental, e a sociedade JOJGAAD e SCHULTZ de Copenhague, detêm concessões exclusivas nas regiões dos mais importantes filões de ferro.

Estes interesses estariam conectados, tanto em Angola como em Moçambique, a outras sociedades internacionais que controlam várias actividades económicas nestes territórios e outras regiões. Entre elas, a ANGLO AMERICAN CORPORATION OF SOUTH AFRICA, e a DE BEERS, e a sua filial, a SOCIETÉ GENERALE DE BELGIQUE, a FOREMINÉRE DE BELGIQUE, o BANCO BURNAY, o BANCO NACIONAL ULTRAMARINO, a GULF OIL CORPORATION, americana, o trust francês PECHINEY e FRIED KRUPP, alemão ocidental.

O facto de a sociedade financeira sul africana FEDERAL MYMBON BEPERK, ligada à ANGLO AMERICAN CORPORATION, ter adquirido uma participação na industria petrolífera de Angola, e de a ANGLO AMERICAN CORPORATION, através da sua filial de BEERS CONSOLIDATED MINES, ter criado uma sociedade para a prospecção de diamantes em Moçambique é um índice da crescente influência da África do Sul no território administrado por Portugal.

Os principais beneficiários (concessionários) da terra são a Companhia de Açúcar de Angola, Companhia Angolana de Agricultura (CADA), Sociedade Agrícola da Cassequel, Companhia da África Ocidental Portuguesa, A Companhia de Cabinda e a Companhia Geral dos Algodões de Angola ".

Hoje, o panorama deve ser o mesmo, com algumas pequenas alterações, porque o novo Estado de Angola não tem meios materiais, saber ou quadros, para explorar directamente as suas riquesas, e ainda tem de "pagar" as ajudas que recebeu e recebe.

A única diferença é que no tempo da Administração de Portugal, a percentagem dos produtos saídos de Angola, eram pagos em Lisboa, que depois de se cobrar das taxas (elevadas) a que se achava no direito por ser a potência colonizadora, enviava o pouco que restava para a tesouraria da Província ao câmbio estipulado. Ou seja, esses escudos Portugueses que deveriam seguir para Angola ainda eram desvalorizados para o escudo Angolano.

Angola, hoje recebe directamente a percentagem devida por todas essas companhias que exploram a sua riqueza sem ter que a repartir com Lisboa.

By Ruca

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