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NACIONAL-SINDICALISMO.PANFLETO. “FOZ DO CUNENE”:
Nesta época a fronteira do sudoeste de Angola era praticamente o rio Cunene, o último posto português. Na nação portuguesa, governava Salazar e o Estado Novo, em regime de partido único, a União Nacional. Neste panfleto, ROLÃO PRETO, interroga o regime sobre a intenção, veiculada através dos jornais, de se criar na foz do Cunene um campo de concentração. Para quem?
Quem aparece na rua expondo a vida, jogando tudo por tudo, arrostando todas as consequências da sua loucura temerosa? Os humildes, os pequenos, a eterna escada por onde têm subido sempre a vaidade e a ambição dos aventureiros? São esses que vão parar ao Cunene?
Falar de Rolão Preto necessariamente leva à recordação de toda uma época agitada da vida política em Portugal, onde ele foi uma figura de referência obrigatória, chefe do Nacional-Sindicalismo, o homem que empolgou uma boa parte das gerações desse tempo e que depressa se revelou para Salazar a grande sombra negra capaz de lhe barrar a continuidade no Governo.
Contra o Capitalismo, contra o Comunismo, pelo Nacional Sindicalismo, Rolão apelava às liberdades e à justiça social, na esperança desalentada de um melhor destino para o povo português, que tardava em visionar-se. Esta era a fase após o saneamento financeiro, fase inicial, indispensável e promissora dos avanços necessários em que o país parecia estagnar face à reclamada política social. As classes trabalhadoras, sem assistência, achavam-se votadas à pobreza, podendo apenas contar com a obra das Misericórdias, e esta de possibilidades limitadíssimas. Para a invalidez, não havia reformas, e o único e dramático recurso do trabalhador, velho e cansado, era o de estender a mão à caridade pública.
Das reivindicações de política social de Rolão Preto, «O que nós queremos!», destacavam-se as seguintes (Revolução de 28 de Junho de 1933): seguros para a invalidez e doença, reformas para a velhice; salário mínimo e familiar, bairros sociais e casas para operários, férias anuais pagas. Sem dúvida, medidas revolucionárias a limitar os grandes ordenados, ofensivos da pobreza. Estava-se em 1933. Medidas que os adversários conservadores (de direita e de esquerda) acoimavam de demagógicas, e que eram de elementar justiça social.
O Nacional-Sindicalismo tivera um crescimento rápido e representava um perigo para o regime de Salazar. Não tardaria, pois que, a partir daí, o Movimento Nacional-Sindicalista, e o seu jornal , o «Revolução», tivessem os dias contados. A infiltração de agentes de confiança provocariam a sua desorganização, levando à suspensão após a última publicação a 23-9-933. Posteriormente, uma Nota Oficiosa de Salazar (Diário de Notícias de 29 de Julho de 1934), anuciava ter sido proibida a actividade do Nacional-Sindicalismo, por contrário aos Estatutos da União Nacional. E a Nota Oficiosa termina com o convite de ingresso na União Nacional, ameaçando os resistentes activos, os adversários, que passariam a ser considerados inimigos. E foi como inimigo que Rolão Preto, de novo, se viu obrigado a exilar-se.
Alguma bibliografia: Mário Saraiva, Frontalidade: Ideias, Figuras e Factos, Lisboa, Universitária Editora, 1995, pp. 49-54
MariaNJardim
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