Este blog visa apenas dar visibilidade a textos de autores considerados de interesse para a compreensão da História Colonial de Angola. Por abarcar os mais diversas abordagens, é um blog dedicado aos de espirito aberto, que gostam de avaliar assuntos, levantar questões e tirar por si próprios suas conclusões. É natural que alguns assuntos venham a causar desagrado, e até reacções da parte daqueles cujas perspectivas estejam firmemente cristalizadas.
domingo, 23 de janeiro de 2011
MERCADOS E NEGOCIANTES IMPERIAIS: UM ENSAIO SOBRE A ECONOMIA DO IMPÉRIO PORTUGUÊS (SÉCULOS XVII E XIX)
João Fragoso*
RESUMO
Análise introdutória dos circuitos comerciais e negociantes, que, entre o século XVII e XIX, ligavam as diferentes partes do império português. Fenômeno que o transformava em um sistema econômico. Tal império, apesar de conter diferentes estruturas sociais e econômicas (da aristocrática-camponesa reinol à escravidão americana), possuía algumas formas de acumulação e práticas comuns. Estas derivadas do Antigo Regime português e presentes em suas várias regiões: Reino, Estado da Índia, América e África lusas.
O artigo que segue tem por objetivo analisar os mercados e os
negociantes que viveram o império português no século XVIII e princípios do seguinte. Parte-se do pressuposto que o império luso – incluindo Portugal– não consistia apenas numa entidade administrativa espalhada pelos vários cantos do planeta, possuindo somente como elo de ligação uma mesma coroa. A hipótese que procuro desenvolver é que, para além de todas as
diferenças econômicas e sociais entre o Reino, a América portuguesa, a África lusa e o Estado da Índia, o império apresentava certas identidades que eram dadas por seus circuitos comerciais transoceânicos, suas formas
de acumulação e mais, pelos negociantes que circularam e fizeram fortunas em meio a este mare lusitano. São fenômenos que permitiriam analisar o império – perdoem-me os traumatizados com esta palavra, mas na falta de uma melhor – enquanto sistema econômico. Entendo, aqui, por sistema não tanto geografias que viviam uma mesma relação de produção ou que estavam subordinadas a um mesmo centro, sendo as suas periferias submetidas à lógica e interesse econômicos políticos de tal matriz. Como veremos, tratava-se de um sistema onde existiam diferentes economias, mas cujos mecanismos de reprodução se ligavam via circuitos internos do império, cabendo as suas comunidades de mercadores
– entre outros agentes e instituições – o papel de fazer esta ligação. Em realidade, este ensaio faz parte de uma pesquisa em andamento, portanto, as idéias aqui expostas estão sujeitas a modificações.
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História: Questões & Debates, Curitiba, n. 36, p. 99-127, 2002. Editora UFPR
Etiquetas:
Antigo Regime,
comércio transatlântico,
império português
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