segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Burguesia europeizada angolense de finais do século XIX princípios do século XX

Fotos dizem mais que palavras...

Benguela: família burguesa.
   Benguela: D. Jacobina, sua filha e sua velha mãe
                                                                  Tipos de Luanda

                                                                  Tipos de Luanda em Catumbela
 
                                                                            Familia africana

                                                             Rapaz e rapariga de Cabinda

                                                       Benguela: grupo de damas de casa


                                                          Benguela: grupo de benguelenses
                                                                    

Tipos de Cabinda


                                                                Costumes citadinos


Mulher de Pungo-Andongo


Benguela: grupo familiar


Benguela: grupo familiar

Costume de Benguela
Familia africana de Luanda




Casais de Ambaca

Tipos Diversos. Colecção Cunha Moraes Albumna 3

 Mulheres de Malange
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É necessário sublinhar que, contrariamente a um preconceito tenaz, a "burguesia colonial" não inclui unicamente indivíduos de origem europeia. Em Angola a "burguesia colonial" era um grupo heterogéneo constituído por brancos, negros e mestiços (ainda que com poderes e capacidades de intervenção política diversos, é certo). Todavia a influência dos últimos, como já foi demonstrado por R. Pélissier, entre outros autores, foi muito importante no século XIX e no início do século XX.

"...Esta particularidade da colonização portuguesa tem duas razões principais: a fraqueza numérica dos colonos portugueses em África até à 2ª guerra mundial, uma vez que as tradicionais correntes de emigração dirigiram-se essencialmente para o Brasil); a extrema pobreza e baixo nível de instrução da maioria dos colonos portugueses que se instalavam nas colónias africanas. Essas duas características favoreceram misturas sociais (e raciais) talvez mais acentuadas do que na generalidade das outras colónias, francesas ou inglesas"... a "burguesia metropolitana" (cujos bens de raiz ou ligações profundas, estão em Portugal, seja qual for o seu comprometimento em África) e uma "burguesia colonial" propriamente dita, cujo poder, interesses e ambições têm como ponto de partida os territórios africanos. Por outras palavras, a clivagem não se faz do ponto de vista racial ou étnico, mas sim em relação ao enquadramento económico e social dos intervenientes.

 Há africanos, sobretudo no século XIX, que obtêm altas patentes no exército português (dentro dos chamados "oficiais de 2ª linha") e desse lado combatem. Há igualmente outros africanos que assumem desde muito cedo uma atitude que Pélissier chamaria mais tarde de "proto-nacionalismo".  Sobretudo no século XIX ("o século dos mestiços em Angola" segundo Pélissier), muitos deles usufruem de estatutos económicos (comércio) e sociais (jornalismo, Administração Pública) relativamente elevados11.

"...Também se tem conhecimento de indivíduos de origem portuguesa que, longe de se conformarem a estereótipos habituais, são absorvidos pelas culturas africanas (a chamada "cafrealização" que tantas preocupações suscitou às autoridades portuguesas), aparecendo mesmo nos séculos XVI-XVII a combater nos exércitos africanos. Outros ainda manifestam precoces aspirações autonomistas, por vezes em ligação com o Brasil, que se vão perpetuar de maneira mais ou menos pronunciada até uma época mais recente do período colonial.

Posteriormente a situação alterou-se profundamente. O estatuto social dos africanos e também a sua capacidade de intervenção política nos meios urbanos, sofreu um rude golpe a partir do primeiro quartel do século XX, devido à chegada de milhares de novos colonos e à repressão política das autoridades coloniais. "


Retirado daqui:
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:SblhHYEwQOIJ:www.adelinotorres.com/trabalhos/angola-conflitospoliticosesistemasocial_1928-1930.pdf+&cd=20&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=pt&client=firefox-a

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Em Luanda e Benguela existiu, pelo menos no século XIX e no início do século XX, um importante grupo de mestiços e negros europeizados, cujos estratos superiores formavam uma burguesia local engajada no tráfico de escravos e noutras actividades comerciais, porém desligadas do cultivo e exploração da terra. O comércio era na sua maior parte feito com o Brasil, sendo numerosos os navios que nessa altura aportavam nas baías de Luanda e de Benguela.

O tráfico de escravos para o Brasil e Américas não era, pois, exclusivo de comerciantes brancos europeus, portugueses e brasileiros, mas era uma actividade em que os pumbeiros, que eram mestiços, negros livres e também ex-escravos, não só se dedicavam ao tráfico de escravos como participavam do comércio costeiro, no caso de Angola, também em parte do comércio interior, para além de fazerem o papel de mediadores culturais no comércio de escravos da África Atlântica.
Os comerciantes europeus, portugueses e brasileiros com o crescer da procura por mão-de-obra escrava, associaram-se militarmente e financeiramente com sobas e régulos africanos, que viviam nas costas marítimas e no interior, dando-lhes armas, pólvora e cavalos para que afirmassem sua autoridade numa extensão a maior possível. Os prisioneiros das guerras tribais eram encarcerados em “barracões”, em armazéns costeiros, onde ficavam a espera da chegada dos navios tumbeiros ou negreiros que os levariam como carga humana pelas rotas transatlânticas.

A abolição do tráfico de escravos foi decretada em 1836, por Sá da Bandeira, do Partido Progressista, após a queda do absolutismo em Portugal (1820), a independência do Brasil (1822), e o triunfo do liberalismo (1834), porém foi nas décadas de 1880 e 1890 que teve lugar a abolição definitiva do mesmo tráfico, uma vez que os embarques de escravos para o Brasil e Anéricas passou a ser feito, clandestinamente, a partir de enseadas deserticas mais a norte de Luanda, região do Ambriz, e mais a sul de Benguela. Desde a Conferência de Berlim (1884-5) que determinou a "partilha de África" pelas potências europeias, Angola entra numa nova era, no quadro de um novo paradigma colonial de desenvolvimento e progresso, e nesse contexto uma "burguesia" angolana centrada nas cidades de Luanda e Benguela, que emergira na base do tráfico de escravos para o Brasil e das Américas, entra em decadência e acaba por perder o estatuto que os tempos áureos do tráfico lhes proporcionava. Mas houve uma importante recuperação por parte da mesma burguesia, com base no comércio de produtos recolhidos ou cultivados pela população do interior: cêra, marfim, café, tabaco, borracha, etc. , porém com os novos impostos e a concorrência dos europeus que, com a nova política de ocupação territorial no quadro daquela Conferência,ainda que paulatinamente começaram a emigrar para Angola. Ainda em 1881 várias populações do interior reclamavam contra o poder dessa «oligarquia», sobretudo mestiça, na máquina produção das duas cidades, Luanda e Benguela.

Segundo WIKIPÉDIA «o comércio de escravos estava solidamente implantado no continente Africano e existiu durante milhares de anos. Nações Africanas como os Ashanti do Gana e os Yoruba da Nigéria tinham as suas economias assentes no comércio de escravos. O tráfico e comércio de escravos era intercontinental, registando-se um grande comércio de escravos europeus nos mercados Africanos já durante o Império Romano. Mais tarde com o tráfico de eslavos, os saqaliba, que eram levados para o Al-Andaluz o comércio passou da Europa para África, e continuou com os raids dos Piratas da Barbária que duraram até ao fim do século XIX.»


Angola nas Vésperas da Abolição (1820-1845)

O tráfico em geral: os africanos obtinham pelo tráfico têxteis e armas de fogo, estas e a pólvora em 3º lugar de preferência, (9) ou seja 10% do valor exportado, seg. Miller (1980). O número de pessoas exportadas legalmente para a América, de que há registos, entre meados do século XVI e 1850, totalizou aproximadamente 2 milhões. A partir de 1780 o tráfico de Luanda e Benguela escalou-se seg. Miller (1980) de 168.000 na década de 1791-1800, 188.400 (1801-1810), 246.000 (1811-1820) a 248.900 (1821-1830), (10) com um impacto demográfico incerto (11) mas que geralmente se considera coberto pela fertilidade natural das mulheres, já que, maioritariamente, eram homens o que se exportava
Tirado DAQUI.

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Do sentimento nativista ao protonacionalismo

05 de Julho, 2009
Luanda e Benguela tornaram-se centros de tertúlia e através da actividade jornalística e literária eram defendidos, em finais do século XIX, os ideais da Revolução Francesa e manifestava-se o desejo de obtenção de uma autonomia política. 

Segundo Mário de Andrade, foi “a génese do escrito protestatário” com correntes de formação de uma consciência nativista – a dos “filhos do País”. Os escritores “angolenses” consideravam que a portugalização significava uma ameaça à sua identidade e ao seu desenvolvimento económico e sócio-cultural. O nativismo exprimia o sentimento colectivo de ser portador de valores próprios, como um referente de identificação e confluência das suas aspirações em prol de uma autonomia e futura independência.
Haviam passado 60 anos após a data da independência do Brasil, a 7 de Setembro de 1822, quando José de Fontes Pereira, um dos mais esclarecidos jornalistas angolenses, noticiou, num artigo intitulado “A república a crear raízes em Angola”, publicado no nº 36 do jornal Pharol do Povo, de 27 de Outubro de 1883, o primeiro grito de independência dado em Benguela por um oficial do exército, que era um nativo “Filho do País”. José de Fontes Pereira relatou do seguinte modo esta acção política: “Benguela abraçou com grande entusiasmo aquella ideia, e quando se proclamou a independência do Brazil, o grande povo d’aquella cidade secundou aquele estado de coisas, tendo hasteado a bandeira do café e tabaco na fortaleza de S. Filipe. Dirigiu esse movimento o tenente-coronel Francisco Pereira Diniz, homem preto, natural de Benguela que comandava as companhias de linha d’aquela capitania”.

Também, “A Voz de Angola Clamando no Deserto”, uma colectânea de vários autores publicada em Lisboa, em 1901, passava a constituir a afirmação de uma consciência “nativista”, que criticava a chamada Acção Civilizadora de Portugal em África e que, no princípio do século XX, reclamava por uma participação na condução do poder político nas colónias. De acordo com o sociólogo e escritor Pepetela, é, no fundo, esta elite, surgida da camada social urbana de finais de século XIX, que passou a ser considerada como estando na génese do moderno nacionalismo angolano. Contudo, a mesma tinha uma posição algo equívoca, que, por vezes, deixava transparecer nos seus escritos: denunciava com veemência as discriminações e o racismo coloniais e defendia as mesmas oportunidades para todas as “raças”; acusava a administração colonial de pouco fazer pelo desenvolvimento da colónia e pela educação das populações; batia-se pela “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”; censurava violentamente a corrupção existente nas altas esferas do poder e colocava-se em posição de quase advogar a independência da colónia... Porém, essa mesma elite chegava a aplaudir as campanhas do exército colonial contra os chefes tradicionais, que se iam revoltando; encorajava a ocupação militar dos reinos do interior, que, Portugal, no quadro da Conferência de Berlim para a partilha de África, deveria submeter pela força para legitimar a sua posse…
Para a elite urbana dos finais do século XIX, as populações do interior eram consideradas bárbaras e ignorantes. Assim sendo, aquela elite não sentia qualquer repugnância pela submissão e integração das populações do interior através da força das armas, já que tal era entendido como uma forma das mesmas poderem “receber as luzes da civilização e da Fé católica”.
Como republicanos e democratas virados para si próprios, não tinham ainda conseguido estender os valores republicanos e democráticos para benefício de todos os angolanos. Na essência, estas grandes famílias guardavam na memória os sinais de esplendor da sua origem, provenientes, essencialmente, do tráfico de escravos, que era feito em detrimento das populações do interior e que envolvia brancos, negros e mestiços pertencentes àquela camada social urbana ou classe média africana.
Após a abolição do tráfico de escravos e com a vaga de novos colonos inseridos na chamada política de povoamento, surgiram novos impostos. Estes, para além de muito pesados e injustos, recaíam, sobretudo, sobre a população local. A classe média urbana africana passou então a enfrentar um violento processo de concorrência, chegando a haver, em 1881, uma Petição de 70 chefes de família de Luanda à Fazenda Pública, protestando contra o aumento dos impostos. Consequentemente, as populações do interior passaram a reclamar contra o poder despótico das oligarquias biológica e culturalmente mestiças mais poderosas de Luanda e Benguela. Talvez, este facto possa ser um indicador de estudo para a explicação das posteriores divisões no seio do moderno nacionalismo angolano.
Enquanto beneficiaram de uma política de liberdade cambial e de crédito, os comerciantes tinham sucesso nos seus negócios, conseguindo levar as caravanas ao interior através da utilização dos antigos circuitos de captura e transporte de escravos para o litoral. Mas, a rentabilidade desse comércio dependia da importação de bens industriais (tecidos, armas, etc.), que seriam posteriormente trocados por outros produtos, tais como a borracha, o café, ou a ginguba. Porém, os interesses da indústria metropolitana forçaram uma revisão pautal em sentido contrário. Nesta conformidade, o ministro Oliveira Martins promulgou, em Janeiro de 1892, uma pauta aduaneira, que, para proteger a indústria têxtil algodoeira, agravava fortemente os impostos sobre os têxteis ingleses. Os comerciantes estabelecidos em Luanda e Benguela sentiram-se fortemente lesados porque os têxteis, em muitas regiões, constituíam uma moeda de troca por produtos locais.
A partir de 1900, os conflitos com a administração colonial agudizaram-se devido à crise do comércio da borracha, que fez diminuir grande parte da procura de têxteis metropolitanos em Angola. Os conflitos comerciais e o bloqueio metropolitano aos capitais industriais em Angola começaram por opor facções da burguesia da metrópole às burguesias do litoral e do sertão angolano. Com o estabelecimento de grandes investimentos estrangeiros que criaram refinarias, conservas de peixe e outros estabelecimentos industriais em Angola – como foram os casos da CUF e da DIAMANG – os conflitos agudizaram-se.
Ligado a esses investimentos estava o Ministério das Colónias, criado em 1911. O princípio da descentralização na administração das províncias ultramarinas foi consagrado no artigo 67º da Constituição de 1911. Mas só em 1914 foi submetido ao Congresso um projecto-lei, que estabeleceu as regras básicas de um novo paradigma de política ultramarina, estabelecendo que a estrutura financeira das colónias deveria passar a assentar nas suas próprias receitas fiscais. Apesar da suspensão do Código de Trabalho Indígena de 1911 e malogradas as tentativas para limitar estas formas de trabalho por parte de Norton de Matos – quer enquanto governador-geral (entre 1912 e 1914), ou alto-comissário (entre 1921 e 1924) – o general acabou por promover a colonização branca à custa das terras e trabalho dos chamados “indígenas”. Luísa de Almeida informa-nos, através de um texto por si apresentado na III Reunião Internacional de História de África, o seguinte: “Se numa primeira fase Norton de Matos procurou estabelecer uma aliança com os assimilados ou ditos ‘civilizados’ através de manifestações de tolerância ou de apoio às suas associações, em breve passou do paternalismo ao controlo e à repressão”.
Em resposta, surgiram manifestações contra o trabalho forçado (o chamado “contrato”), com destaque para a Insurreição dos Bakongo (1913-1915), a Revolta de Catete (1922) e diversas outras no corredor Luanda-Malange (1922-1925). Ao final da I República em Portugal, são ainda de considerar as rebeliões em Amboim, Seles e Libolo provocadas pelo aumento do “Imposto de Palhota” e que levaram à proibição da venda de pólvora e armas aos chamados “indígenas”. Para que este imposto fosse pago regularmente, foram criadas circunscrições civis. Tais medidas conduziam a difíceis situações de sobrevivência das populações, a um recrudescimento da agitação nativista e ao encarceramento de algumas figuras da intelectualidade angolana.
No primeiro quartel do século XX, assiste-se à incapacidade colonial para administrar eficazmente o vasto território angolano, à subjugação das identidades culturais às leis do mercado colonial e à profunda alteração do paradigma tradicional de divisão social do trabalho. O investimento económico colonial, ao não se ajustar às estruturas socioeconómicas tradicionais, acabou por provocar rupturas com consequências nefastas para as populações rurais. A expropriação das melhores terras para o cultivo do café e a perda progressiva da sua posição na administração e no comércio a favor dos metropolitanos, fez com que as famílias cultural e biologicamente mestiças da cidade de Luanda tivessem que enfrentar um empobrecimento forçado e fossem marginalizadas para as zonas suburbanas, enquanto o novo grupo de colonos passava a ocupar o centro da cidade.
O investigador brasileiro Fernando Augusto Albuquerque Mourão fala-nos, na sua obra “Continuidades e descontinuidades de um processo colonial através da leitura de Luanda”, num crescimento de uma população branca desta cidade, que, em 1934, passou de 48,1 porcento (correspondente a um total de 18.229 pessoas), para 76,3 por cento, em 1970 (correspondente a 165.488 pessoas). Num mesmo período e num quadro de relação “entre grupos somáticos mestiços e brancos”, os mestiços decresceram de 51,9 por cento para 23,7 por cento. A apelidada “cidade mestiça” do século XIX voltava assim à categoria de “cidade colonial”. Começa, então, a ruptura ideológica daquela camada social urbana com o sistema colonial, apesar da mesma, ter constituído, numa primeira fase, um factor determinante para o próprio sistema administrativo da colónia. Estavam, assim, criadas as condições para a formação de diferentes modalidades de protonacionalismo.
* Ph.D em Ciências da Educação e Mestre em Relações Interculturais

Artigos
Filipe Zau in Jornal de Angola

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«... No século passado, e mesmo antes, foram permanentes os conflitos, de natureza militar, entre o litoral e o que se convencionou chamar "os povos do sertão". A Coroa portuguesa em vão tentou, até a Conferência de Berlim, em 1885, subjugar e avassalar todos esses povos e só alguns,próximos da raia litorânea, se submeteram. Nessas acções militares contra o interior, houve um produto da sociedade híbrida que se plasmou no litoral, resultante do contacto de europeus e indígenas e cujas peculiaridades, do ponto de vista etnocultural, se podem observar ainda hoje em muitos comportamentos, hábitos e atitudes mentais. Esse segmento, constituído por filhos do país, angolanos, em suma- brancos, negros e mulatos -, desde sempre se polarizou no papel de classe intermédia no contacto dos portugueses com o sertão. Foram eles que, em regime de monopólio exploraram os caminhos de entrada e saída do sertão; e concentraram nas suas mãos, pelo menos até meados do século XIX, uma parcela significativa do comércio atlântico com o interior, sendo famosas algumas empresas suas cujo tráfico se fazia privilegiadamente com o Brasil, Montevidéu, Argentina e América Setentrional. Mas esses crioulos não controlavam unicamente as redes de comércio. A sua influência e poder nos escalões superiores da administração pública era indiscutível; como o era também nas forças militares de 1ª e 1ª linhas, onde o seu ascendente numérico foi uma constante até ao 4 º decênio de oitocentos. Eram eles que, maioritariamente, governavam os presídios do interior. Porém, os abusos de autoridade e extorsões praticados contra as populações foram tantos, que um ou outro governador mais consciencioso não deixou de os denunciar para Lisboa.À falta, portanto, de tropa européia, foram esses crioulos -no comando sobretudo dos corpos de infantaria - que levaram a guerra ao interior contra os "gentios", com vista a pacificá-los. Há uma expressão muito curiosa de um governador geral de Angola - Pedro Alexandrino da Cunha (1845-1848) - que, numa informação para Portugal, disse mais ou menos isto: "se alguma vez os gentios nos cortarem as fontes de abastecimento, morremos à fome; se avançarem para o litoral, seremos jogados ao mar.". Deste modo, Luanda, Benguela, Novo Redondo e Moçâmedes até ao 2 º decênio deste século passaram por ser núcleos centrais de controlo e irradiação de toda a dinãmica colonial. Foi lá, nesse pedaço litorâneo, razoavelmente habitado por gente cosmopolita, que a influência da colonização se tornou decisiva e duradoura até 1974; de lá se guerrearam os povos do interior e contra esse universo costeiro em expansão se criaram nas profundezas do sertão, feridas e antagonismos que perduram até aos tempos actuais." Texto completo AQUI

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Ver também:

A evolução económica de Angola durante o segundo período colonial ..





1 comentário:

Helena disse...

Essa imagens são absolutamente raras e incríveis! parabéns pelo post!
Posso perguntar de onde elas foram retiradas?
Parabéns pelo excelente blog!