quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Tráfico de escravos africanos por muculmanos-árabes


La traite négrière arabo-musulmane por Alalamein


 Ver também AQUI importante video sobre tráfico de escravos africanos por muculmanos-árabes


...Muito antes das aventuras náuticas lusas começarem, negros se escravizavam uns aos outros, seja para se venderem entre si, seja para se venderem aos árabes. É certo que, dos séc. XVI ao XIX, pelo menos tantos negros escravizados atravessaram o Atlântico quantos atravessaram o Saara. Como o tráfico trans-saariano data do tempo dos faraós, é claro que muitíssimos mais negros foram levados para os sultanatos árabes do que para as Américas. Esse tráfico só foi extinto após a primeira guerra mundial, pelas potências coloniais, e não por negros ou por árabes; se dependesse deles, o tráfico teria continuado até os dias de hoje, pois essa prática fazia parte de sua ‘identidade cultural’. Já o tráfico pelo “Rio Atlântico” (designação criada, se não me engano, por Alberto Costa e Silva) praticamente acabou em meados do sec. XIX, em função de interesses e crenças da potência colonial maior, à época, o que evidencia que a escravidão não era um legado importante na cultura européia, apesar das teorizações, sobretudo  religiosas, quanto à maldição de Caim. Ou seja: se o mercantilismo renascentista serviu-se da escravidão negra para sua expansão, foi o desenvolvimento desse mercantilismo, transformado em capitalismo, que selou o fim da escravidão na forma como foi praticada por europeus dos sec. XVI ao XIX. Enquanto isso, árabes e negros mantinham sua evolução... estacionária, quando comparada ao que ocorreu, no mesmo período, na Europa. Felizmente, a cultura européia inventou o estado laico, dificilmente aceitável pelos árabes, e que é muito ficcional nos pseudo-países negros − muito embora fundamentalismos, sempre religiosos, nos EUA e também no Brasil, preguem a volta ao Estado por princípio divino 
Havia uma mercadoria muito apreciada pelos árabes: o negro castrado, fornecidos por regiões especializadas da África Negra aos caravaneiros do Saara. Não sei de exportação dessa mercadoria para as Américas, mas dezenas e, talvez, centenas de milhares de pares de testículos foram arrancados para fornecer castrados aos compradores interessados − os árabes, claro. Ainda na África negra havia cerimônias no enterro de sobas que consistiam em desviar o leito de um rio para lá depositar o defunto, acompanhado de seus bens, que incluíam escravos vivos; depois, era só fazer o leito do rio voltar ao normal. Cultura, identidade cultural também é isso aí.

É clara a intenção anti-ocidente das denúncias oportunistas da escravidão nas Américas: tudo é feito no sentido de inocentar os próprios negros e os pobres árabes de sua ativa, essencial e histórico-cultural participação no tráfico. Apela-se, inclusive, para chavões do tipo “direito inalienável à liberdade”,  “dignidade essencial do ser humano”, “igualdade de direitos” etc., como se esses fossem princípios universais, encontráveis em toda e qualquer cultura. Na realidade, eles foram cimentados a partir do séc. XVII, na Europa, com as idéias de “liberté, égalité, fraternité”: “la liberté des nègres” foi um dos temas debatidos por ideólogos da Revolução Francesa, tendo sido, inclusive objeto de cantigas que celebravam esse ideal. É claro que esses ideais libertários e igualitários ficaram muito nos mundos das idéias, mas o movimento intelectual que lhes deu origem é essencialmente europeu e datado. Sua raiz é judaico-cristã, mas foi sua laicização que lhes deu a força necessária para combater certas desigualdades.
Quanto ao chamado preconceito de raça, ele deriva, basicamente, da desconfiança ancestral de tudo o que é diferente. Os negros não se escravizavam uns aos outros por serem racistas, mas por serem ‘etnistas’, ‘grupistas’, ‘tribalistas’: quem não pertencesse a determinado grupo era, naturalmente, suspeito, ou inimigo, e, portanto escravizável. Essa desconfiança ancestral do diferente tem um enunciado muito simples: as pessoas boas e confiáveis são como eu; o diferente é, por natureza, suspeito, pouco confiável e, muito possivelmente, culpado, seja lá do que for. Superar essa atitude primitiva exige um enorme esforço pessoal, uma quase ascese no sentido de não se achar o centro da verdade, da bondade. Mas o diferente não é, necessariamente, bom: o pedófilo, o matador serial, são diferentes e são culpados.
A idéia de preconceito é, essencialmente, preconceituosa... no mau sentido. Eu, que sou bom, não tenho preconceitos: os conceitos prévios que eu tiver não serão, jamais, preconceitos (no mau sentido), mas idéias amplas, generosas, verdadeiras etc. − ou seja, preconceitos bons. Quem tem preconceito − isto é “conceitos maus” − são os outros, os que não pensam como eu; preconceito é o conceito do outro. Esse tipo de argumento é muito utilizado para infirmar ou ridicularizar pensamentos contrários ao meu. Mas é impossível pensar, ou dar um passo, sem ter conceitos prévios, ou preconceitos. A cultura é uma estratificação de conceitos; ela é essencialmente preconceituosa. Há culturas cujos preconceitos têm uma capacidade de mobilidade, de transformação, que não ocorre em outras culturas. O lugar em que essas culturas móveis mass se desenvolveram foi a Europa, a partir de pressupostos cristãos, que se banquetearam com um pensamento grego transmitido pelos árabes e que chegaram à definição do estado laico, como já referido.
Foi observado que o problema essencial do negro escravo, no Brasil (pelo menos), não era a liberdade (conceito estranho às culturas negro-africanas e árabes), mas não poder ter escravos. Escravos havia em Palmares, e quando negros conseguiam, em nosso país, comprar alforria, logo que podiam também compravam escravos − sem esquecer os que voltaram à África e se tornaram traficantes de escravos, ou que, mesmo continuando escravos, ganhavam a confiança de seus senhores e serviam de intermediários para o comércio que eles tão bem conheciam em suas terras de origem. Gostaria de saber, aliás, se havia, no mundo árabe ou nos EUA, instituto equivalente ao da compra de alforria, praticado no Brasil colônia.

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