domingo, 29 de janeiro de 2012

Salazar e a definição de colonialismo



 Salazar  encarregou-se de definir e caracterizar o colonialismo, ressaltando sempre a natureza económica e a discriminação como variável necessária:
 «O colonialismo exige essencialmente o desnível das raças e das cultu­ras, um objectivo de exploração económica pela dominação política, a qual geralmente se exprime pela diferenciação entre cidadão e súbdito. Não há colonialismo onde nenhum benefício estrangeiro ou financeiro se tira (...) Não é possível conceber este estatuto ou condição de colónia quando é semelhante o nível de vida, idêntica a cultura, indiferenciado o direito pú­blico, igual a posição dos indivíduos perante as instituições e as leis. Não pode haver colonialismo onde o povo faz parte integrante da Nação, onde os cidadãos colaboram activamente na formação do Estado, em termos de igualdade com todos os de mais, onde os indivíduos exercem funções públi­cas e se movem e trabalham no conjunto dos territórios. E tudo isto não de agora, estabelecido ou legislado à pressa, mas cimentado pêlos séculos, quase podemos dizer desde sempre» (II AL: 315/316) 

Dois anos mais tarde, afirmaria na revista Foreign Affairs, de Abril de 1956: 

«O colonialismo é um regime económico e político susceptível de exame objectivo. Passa-se na ordem real; pode dizer-se que é redutível a números concretos, a estatutos legais. Tem-se admitido que subentende um poder soberano estranho ao território submetido, uma exploração económica em benefício maior ou menor do colonizador, uma vantagem política ou militar, uma distinção entre cidadãos e súbditos, com sua diferenciação de direitos, e sobretudo a inexistência de direitos políticos dos povos coloniais e a impos­sibilidade de interferência nos negócios metropolitanos» (idem, p. 332).

 Em discurso de 1 de Novembro de 1957, Salazar proferia a sua declaração de fé colonial:

 «Acreditamos que existem raças decadentes ou, se preferem, atrasadas, a quem sentimos ter o dever de conduzir para a civilização — tarefa esta de formação de seres humanos que deve ser levada a cabo de maneira huma­na...» (idem, p. 343).

http://www.macua.org/livros/AEDUCAAOOCOLONIALFRENTECULTURADOCOLONIZADO.htm

1 comentário:

Anónimo disse...

«Acreditamos que existem raças decadentes ou, se preferem, atrasadas, a quem sentimos ter o dever de conduzir para a civilização — tarefa esta de formação de seres humanos que deve ser levada a cabo de maneira huma­na...»

exactamente o que estivemos a fazer em angola , já viram fotos de angolanos(as) antes desse tempo ? e quanto lá deixamos em património ? ficou tudo a custo zero !