quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

SAMACACA, preso o Huambo em 1905. Campanha do Bimbe.

 QUEM FOI SAMACACA OU SAMAKAKA?

"...Houve, entanto, um homem, que não era rei, mas que estava ligado à corte do reino do Bailundo, que não esteve para meias medidas. Esse homem chamava-se Mutu-ya-Kevela, que quis pôr freio aos apetites desmesurados dos portugueses. Mutu-ya-Kevela viria a ser dominado e morto em 1902, muito antes do aprisionamento, na região do Bimbe, do seu conselheiro, Samakaka, famoso pelos seus conhecimentos de magia, utilizado, em vão, para ludibriar as forças portuguesas. Dali em diante, os portugueses tiveram um domínio total do “Reino” ao ponto de, por um lado, influenciarem nas sucessões ao trono e, por outro, mobilizarem os reis, agora convertidos em sobetas, para as suas missões mais bizarras como foi, por exemplo, a mobilização dos bailundos, sob o comando do rei Candimba para a chacina da população dos Seles."
Origem


"...Conta-se que a presença portuguesa na região viria a constituir mais tarde uma ameaça ao poder tradicional do Rei Ndala, tendo, em 1771, penetrado no Reino do Bailundo. Muitos deles, segundo o narrador, já se encontravam na localidade do Kandumbo, criando, de certo modo, um clima de instabilidade aos populares da área. Em consequência disso, uma grande batalha, comandada por Teixeira Moutinho, viria a ser travada entre soldados portugueses e as forças do Rei ao longo do percurso de Kilengues e Kalukembe, uma vez que a intenção era atingir Huambo.
A operação não foi tão fácil como parecia, uma vez que ao chegarem à localidade do Kuíma foram alertados sobre a presença do temível Soba Samakaka Samba Yo Londungo, facto que forçou os soldados a uma paragem. Ao receberem informações sobre a localidade e o Rei Livongue, decidiram reorganizar-se, tomando de assalto a Embala do Reino do Huambo a 21 de Setembro de 1902.
Posteriormente, avançaram para o reino do Kandumbo, travando uma violenta batalha que culminou com a morte do Rei Ndala e seu adjunto, pondo em causa os cinco reinos que constituem a região do Planalto Central.
Origem


O comércio com o interior foi rompido com a revolta dos bailundos. Começaram a queimar as lojas dos comerciantes no Bailundo, havia centenas de brancos mortos, os primeiros refugiados chegavam a Benguela. "Falavam no chefe, o terrível Quebera e seu amigo Samacaca. Como começara? Ninquém que sabia contar. Só que esse Quebera era um monstro, trazia uma pele de onça nas costas, dentes enormes que lhe saíam da boca a escorrer sangue. " (p.52) Mutu-ya-Kevela[17], pelos comerciantes chamado Quebera, em 1902 dominou toda a zona que era impensável uma caravana passar. Começou a guerra contra os portugueses. Os habitantes nas suas petiçoes inumeráveis pediam que o Governador tomasse medidas, mas a tropa parou numa distância segura. Os habitantes de Benguela escrevem uma petiçao ao Governador-Geral exigindo novo Governador em Benguela e mais tropa para pôr o interior em ordem. Mutu-ya-Kevela veio buscar o soba do Huambo para se unirem na luta contra os colonos, a escravatura, a posiçao inferior de serem só intermediários do comércio e contra o álcool que enfraquecia os homens. "Mesmo os sobas independentes sao escravos, escravos da borracha. (...) É preciso fazer muito milho, (...) nao ser intermediário do comércio da borracha." (p.54) Esta guerra foi pacificada só pelas tropas metropolitanas mandadas pelo governador-geral Pais Brandao, em Julho, matando Mutu-ya-Kevela bem como, em Outubro, o soba do Huambo. A guerra foi terminada mas as caravanas do interior nao chegavam e os negócios estavam no zero. Os responsáveis perceberam que era necessário que os indígenas participassem na administraçao. "A tropa começou nomear novos sobas, fiéis a Portugal. Lhes chamavam regedores indígenas." (p.69) A sua primeira tarefa foi reactivar o comércio com Benguela.

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 Por Linda Marinda Heywood

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