quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Missões religiosas em acção junto das populações africanas em Angola nos finais do século XIX, princípios do século XX

Fotos dizem mais que palavras...



A SEGUNDA EVANGELIZAÇÃO DE ANGOLA
Em meados do século XIX era trágica a situação religiosa de Angola. A sé estava vaga desde 1826. Só em 1852 chegaria um novo bispo, Dom Joaquim Moreira Reis, que se demorou apenas três anos, desanimado com o estado da diocese e com falta de meios para dar remédio a tantas necessidades que o acabrunhavam. Foi durante o seu curto episcopado que o Governo Português criou oficialmente o Seminário de Luanda, que só dez anos mais tarde podia abrir.
Dom Manuel de Santa Rita Barros, novo bispo, trouxe consigo de Portugal alguns sacerdotes para o seminário e 12 seminaristas já adiantados do seminário de Santarém. Mas tanto o bispo como alguns sacerdotes e 4 seminaristas viriam. a falecer de febre amarela, quatro meses depois da chegada a Luanda. No intervalo dos dois bispos, chegaram uns oito sacerdotes para paroquiar em Angola e mais alguns foram vindo nos anos seguintes.
No tempo do Bispo Dom José Lino de Oliveira chegaram ao Ambriz os primeiros missionários espiritanos franceses.
Tinham estes já algumas missões no Gabão e, sabendo que os capuchinhos italianos haviam nos séculos passados missionado no Congo, onde para eles tinha sido criada uma prefeitura apostólica, pediram à Sagrada Congregação da Propaganda que lhes concedesse esta Missão nas mesmas condições em que os capuchinhos ali haviam trabalhado. A Propaganda, depois de ter consultado os superiores dos capuchinhos, que responderam não dispor de pessoal.
O seu pedido foi aceite e o padre Schwindenhamer foi nomeado Prefeito Apostólico do Congo. Feitas as "demarches" políticas e diplomáticas achadas convenientes, organizou-se a primeira expedição formada pelos veteranos das missões, os padres: José Maria Poussot, Vice- Prefeito Apostólico, António Ansclmo Espitallié Estêvão Billon, irmão leigo. Partiram de Paris no dia 28 de Janeiro 1866; passaram discretamente por Lisboa, e chegaram ao Ambriz a 14 de Março de 1866. Em consequência de várias circunstancias, os primeiros missionários do Espírito Santo retiram-se para a Europa.
As dificuldades encontradas pelos Padres do Espírito Santo da primeira expedição levaram os Superiores Maiores a encerrar a Missão do Congo. Mas as notícias sobre Lândana entusiasmaram o Conselho Geral da Congregação, pelo que retomou a ideia da reabertura da" Missão do Congo a partir de Lândana. Desta forma, retomaram-se os contactos com a Propaganda Fide e, pelo Decreto de 25 de Julho de 1873, foi criada a Missão de S.Tiago de Lândana.
Fundada a Missão de Lândana, a Sagrada Congregação da Propaganda Fide, sempre a pedido do Superior Geral, criou a Prefeitura Apostólica de Cimbebásia (Cubango) a 3 de de Julho de 1873, cujos limites são os seguintes: Ao norte pelo curso do rio Cassai e Liba, a leste pela margem ocidental de Zambeze, pelo rio Haart e pela república da Transvaal, a oeste pelo Ocêano Atlântico e a sul pelo rio Cunene.
Dez anos depois, em 1883, chegaram as Irmãs de São José de Cluny a Lândana. Foram as primeiras Religiosas a enfrentar as hostilidades do clima africano. Acompanharam quase sempre os Padres do Espírito Santo, destacando-se sobretudo na formação cristã da mulher angolana
Os sacerdotes seculares vindos de Portugal (a maior parte formados em Cernache do Bonjardim) e da arquidiocese de Goa, trabalharam geralmente nas antigas paróquias dos séculos passados e noutras que se foram erigindo de novo. Estes párocos até 1910 acumulavam as funções do ministério paroquial com o exercício do magistério primário.
VIDA RELIGIOSA DE 1910 A 1940
Em 1908 chegaram as Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria que ali se têm mantido até aos nossos dias.
Desde 1885 até 1910 a vida religiosa foi-se desenvolvendo com certa intensidade: o pessoal missionário - padres, irmãos e irmãs - iam aumentando progressivamente e as populações iam-se abrindo à evangelização. Mas algumas guerras de ocupação do território tornaram certos povos impermeáveis por algum tempo, como os cuanhamas.
Era de esperança a acção religiosa em 1910, com a chegada anual de vários sacerdotes, irmãos e irmãs. Em 5 de Outubro daquele ano, a revolução que suprimiu a monarquia e instaurou o regime republicano em Portugal mostrou-se logo de início contra a Igreja Católica e suas instituições: supressão dos Institutos religiosos, dos seminários e do ensino religioso nas escolas, nacionalização dos bens eclesiásticos - seminários, residências episcopais e paroquiais e das comunidades religiosas - imposição do casamento civil, admissão do divórcio, etc. Ao mesmo tempo, na imprensa intensificou-se a propaganda, que já vinha detrás, contra a Igreja e a vida católica.
Em Angola, os reflexos destas leis e da campanha anti-religiosa encontravam numerosos adeptos, mesmo em algumas autoridades. Vários missionários, sobretudo estrangeiros, foram perseguidos, foram expulsas as religiosas que trabalhavam em Luanda e Moçâmedes, e suprimidos os subsídios que o Estado vinha concedendo a várias missões e outras instituições católicas. Mas a supressão dos Institutos Religiosos e dos seminários em Portugal tinha consequências mais desastrosas em Angola e nas outras colónias portuguesas. Quanto às Religiosas sucedia o mesmo: as Franciscanas Hospitaleiras retiraram-se para Portugal e não voltaram mais.
 Em 1940 a Santa Sé e o Governo Português estabeleceram dois acordos: A Concordata e o Acordo Missionário, aos quais o Governo Português acrescentou o Estatuto Missionário. Estes documentos condicionaram o funcionamento das missões. Tais documentos comsagraram o nacionalismo missionário, como afirmaram alguns responsáveis do tempo. O Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira, referindo-se ao Acordo Missionário, declara a 10 de Dezembro de 1940: "Pelo Acordo Missionário continua no Ultramar a nossa vocação de dilatar a Fé e o Império". " A constituição da hierarquia nas nossas mais importantes Colónias é um acto simbólico da sua ocupação, para Cristo e para Portugal", A 25 de Maio do mesmo ano, Salazar acrescenta: "Não pode pôr-se, entre nós, o problema de qualquer incompatibilidade entre a política da Nação e a liberdade da evangelização; pelo contrário, uma faz parte da outra. O governo condiciona a evangelização à formação patriótica do clero". Monsenhor Alves da Cunha concluiu: "Com o Acordo Missionário a Santa Sé favorece os altos interesses nacionais de Portugal. A Organização Missionária Católica será essencialmente portuguesa".
Entre 1926 e 1940, a expansão da Igreja Católica foi visivelmente impulsionada com a fundação de 29 novas missões. De 1930 a 1960, mais de 20 Congregações missionárias enviaram pessoal para Angola: Beneditinos, Beneditinas, Doroteias, Irmãs do SS. Salvador, Irmãs de la Salette, Capuchinhos, Franciscanas Missionárias de Maria, Reparadoras, Teresianas, Redentoristas, Ordem Trapista, Irmãozinhos de Jesus, Irmãos Maristas, Irmãs do Amor de Deus, Dominicanas de Se. Catarina, Espiritanas, Missionárias Médicas de Maria, Dominicanas do Rosário, Irmãs da Misericórdia.
Em 28 anos (1940-1968), o número de Padres angolanos passou de 8 a 71. Durante a 2." Guerra Mundial (1939-1945), não foi possível a entrada de pessoal missionário estrangeiro; mas, finda a Guerra, muitas Congregações acorreram ao apelo e dedicaram-se ao apostolado missionário em Angola. 
Em 1954, ANO SANTO MARIANO, a revista O Apostolado deu início à campanha para a fundação de uma Emissora Católica de Angola (E.C.A.). No dia 8 de Dezembro de 1954 (encerramento das comemorações marianas) realizou-se a I." emissão da Rádio Ecclesia, Emissora Católica de Angola.
Na cidade de Luanda, em 15 anos (1960-1975), as paróquias passaram de 5 a 14. A expansão missionária prosseguia com novas dioceses e novos seminários diocesanos, com frequência muito animadora. A evangelização foi feita com mais profundidade e, em muitos lugares, era uma autêntica pré-evangelização. 
(...)


In TRAÇOS GERAIS DA HISTÓRIA DA EVANGELIZAÇÃO EM ANGOLA Texto completo AQUI

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